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     São Paulo -
Jornal Dance 29
Agosto, 1997. n.29

Editorial

Milton Saldanha

Festival de Joinville, festa imperdível e que pode ser ainda maior

Joinville, Brasília e Rio de Janeiro. Num período de apenas 16 dias, correndo contra o tempo por causa dos calendários coincidentes, o jornal Dance viajou algumas mil milhas, por terra e ar, com a oportunidade de documentar e observar in loco três eventos de grande significado para a dança brasileira e internacional: o 15º Festival de Dança de Joinville; o VII Seminário Internacional de Dança de Brasília; e o II Encontro Internacional de Dança de Salão, no Rio de Janeiro. Para se ter uma idéia do que foram estes périplos, apenas um dia separou Brasília do Rio, e ainda com parada obrigatória em São Paulo, para atividades inadiáveis.

São três eventos na verdade com estruturas, características e objetivos totalmente distintos, mas tendo em comum a exaltação da dança como arte, inclusive na dança de salão, queiram ou não os puristas.

Joinville é um caso muito especial. A promoção se auto-intitula como o maior festival de dança do mundo. Ainda achamos que este título pertence a Lyon, na França (onde Dance também esteve, recentemente), mas aí é uma questão de ponto de vista. Polêmicas à parte, seja primeiro ou segundo do mundo, pouco importa, o relevante e empolgante é que Joinville mantém a tradição e mobiliza-se totalmente, a cada ano, numa festa ímpar, sem paralelos em termos de ambiente, vibração e envolvimento de pessoas, com nada menos que seis mil bailarinos e cerca de 60 mil espectadores. Por 13 dias a cidade vira uma grande festa dançante, repleta de gente bonita circulando pelas ruas e shoppings, com suas indumentárias e apetrechos de ensaios; shows simultâneos ao ar livre, em praças públicas e dentro dos shopping centers; múltiplas atividades e comércio especializado na Casa da Cultura (sede do evento); e todas as noites, no ginásio de esportes Ivan Rodrigues, sempre lotado, um grande espetáculo, com show de bailarinos e grupos famosos, seguido das apresentações competitivas, separadas em blocos por modalidades de danças. No conjunto, jazz e street, por exemplo, dividem espaço democraticamente com ballet clássico, dança contemporânea, ballet de repertório etc. Nesse período Joinville vive e respira dança 24 horas por dia. Para que o Festival de Joinville seja completo, imbatível e aí sim indiscutivelmente arrebate o título de primeiro do mundo só falta mesmo a presença da dança de salão e da dança regional, folclórica. Isso em nada descaracterizaria o evento, principalmente porque essas modalidades não se enquadram no caráter competitivo das demais, do calendário oficial. O projeto detalhando a sugestão está sendo preparado e será encaminhado por escrito por este jornal à direção da FCJ - Fundação Cultural de Joinville, responsável pela organização do Festival. Por falar em organização, nota dez para a equipe de cerca de 600 colaboradores que trabalham no evento, de maneira especial para o pequeno grupo da assessoria de imprensa, de grande competência profissional.

Agregando novas danças e públicos novos e com interesses mais variados, de mais Estados, e na dança de salão principalmente do eixo São Paulo-Rio, Joinville e todos os participantes só terão a ganhar, pelo efeito multiplicador que isso representa, em todos os sentidos, principalmente para o comércio da região. Então, de repente, esse público de 60 mil pessoas poderá se transformar em 70, 80 mil, ou até mais, sem acarretar problemas para a estrutura hoteleira se houver uma desconcentração de datas na montagem da programação.

Nossa proposta avança mais: além de assistir, o público deve ser convidado a dançar em Joinville. Com a lona de um circo pode ser erguido um grande "salão" de baile, que seria o terceiro pólo de atração do evento. Ou seja, durante o dia o pessoal se concentra na Casa de Cultura e nos eventos de shoppings e de rua; à noite vai para o ginásio para as grandes apresentações competitivas e shows; quando o espetáculo está terminando começa o baile, sempre com uma grande orquestra. A abertura de cada baile seria marcada por um show compacto de dança de salão e por uma aula aberta e relâmpago, cada noite sobre um ritmo diferente. Dá até para imaginar a pista repleta de gente, seguindo o comando de um mestre famoso. Durante o dia o espaço ficaria disponível para cursos intensivos e workshops de dança de salão e de outras modalidades. Não seria o máximo?

Lyon teve a bem inspirada idéia de levar uma escola de samba brasileira para desfilar em sua principal avenida. Foi um sucesso estrondoso. Por que Joinville não cria também um desfile, com dançarinos e alegorias de todos os tipos? O desfile de rua tem um poder catalisador que o evento fechado (por ser pago e confinado) não tem, que é a mobilização popular ampla, aglutinando todas as faixas sociais. Ou seja, integra mais ainda a cidade na festa. O arrojo de misturar escola de samba com bailarinos clássicos, como ocorreu em Lyon, passa a imagem da infinita diversidade que envolve a arte da dança. Eu teria ido ainda mais longe, no sentido literal, buscando até índios do Xingu. Fica aí oferecida a idéia.

Joinville é uma cidade bonita e civilizada, tem um povo simpático e hospitaleiro. E já assimilou a dança com especial sensibilidade. O Brasil precisa conhecer este evento. A mídia nacional tem que acordar para ele. Os promotores e investidores precisam perceber as oportunidades que enseja. O pessoal do balé tem que ter a percepção do potencial que contém uma aliança cultural, artística e de entretenimento. No mínimo ajudaria a tirar o segmento do casulo em que se encontra, com seu eixo gravitando sempre em torno das mesmas pessoas, dos mesmos grupos e nem sempre de novas propostas.

Joinville pode e tem tudo para ser, finalmente, a concretização de um sonho: a derrubada do muro que separa a dança erudita da dança popular. Todos aprendendo, se respeitando, ampliando seus horizontes e suas platéias. A dança brasileira, do passo enérgico sobre o asfalto quente da rua ao spotlight de um delicado solo com sapatinhos de ponta... Um Brasil que dança, de tudo e com todos, ensinando isso ao mundo.


Milton Saldanha



Festa no Zais marcou três anos do jornal Dance

O terceiro aniversário do jornal Dance foi comemorado no Zais, na Vila Mariana, com festa dia 15 de agosto, sexta-feira, em que compareceram jornalistas da grande imprensa, promotores do meio dançante e uma expressiva representação das melhores academias de dança de salão da Grande São Paulo.
Agregados aos frequentadores habituais da casa nas sextas-feiras, porque a festa foi aberta, das 22 às 4 horas as pessoas dançaram com as bandas For Exportation, Loa e Clave de Fá, mais o som da casa, e brincaram sob o comando de um especiaista, Cadu, que integra a equipe de animação dos navios da Costa Cruzeiros.

O grande bolo, gentilmente oferecido pelo Zais, foi servido a todos os presentes.
Numa rápida manifestação de agradecimento o editor do Dance destacou o papel que o jornal hoje representa para o meio, com sua linha centrada na prestação de serviços, informando e trabalhando para superar obstáculos e preconceitos, valorizou o papel das academias, e agradeceu à casa pela parceria na realização da festa.



3 ANOS DE UM JORNAL PIONEIRO

Dance foi o primeiro jornal brasileiro dirigido à dança de salão.
Antes do seu lançamento as notícias sobre o meio dependiam só da eventual boa vontade de algum jornal ou revista. E, não raro, o meio era tratado de forma jocosa, como se o "moderno" fosse esse bate estaca horrível produzido em computador, para sacolejar sozinho e mecanicamente, sem emoções.

Gradualmente Dance passou a publicar também outras modalidades de dança, ampliando seu público leitor e buscando interessar as pessoas não apenas por dança de salão, mas também pelo espetáculo artístico.

O roteiro de Sugestões de Dance é o mais completo que existe, sempre com mais de 100 indicações de lugares para dançar, com todas as dicas e a isenção de uma publicação que não trabalha com matérias pagas. Por sua utilidade, como guia para consultas, evita que o jornal seja descartável logo após a leitura, como seria o normal. Pela mesma razão -- prestar serviços -- praticamente todas as matérias finalizam com um número de telefone que possa ser útil ao leitor. Quem tem hábito de leitura sabe que essa consideração é rara, se não for inédita.

Com 15 mil exemplares, o jornal está presente no máximo possível de lugares, da Serra da Cantareira aos restaurantes dançantes de São Bernardo do Campo, além de repartes em Santos e outras cidades do interior. Eventualmente chega até em outros Estados, como ocorreu agora em Santa Catarina e Rio.

Embora não se dedique a campanhas de assinaturas e o jornal seja gratuito, Dance tem também assinantes, muitos deles do interior e de outros Estados.

Trabalhando com a máxima transparência possível, como prova de que a tiragem é rigorosamente a divulgada, o jornal permite que qualquer pessoa interessada confira isso na própria gráfica, na hora da impressão. Além disso, sempre publica o mapa da distribuição, com o nome do local e seu bairro. Ética, profissionalismo e respeito ao leitor e ao anunciante são pontos de honra do jornal. Dance repudia o estelionato das tiragens mentirosas, a matéria paga e mistificadora, o amadorismo predador do mercado editorial.

Não obstante tudo isso, ou talvez por tudo isso, a luta tem sido dura, enquanto o jornal trabalha para sedimentar uma base publicitária estável, que assegure mais do que sua simples circulação, tarefa hoje sob absoluto controle. Não importa apenas colocar o jornal na rua, como se diz no jargão profissional, e sim fazer com que cada edição seja melhor do que a anterior, o que definitivamente exige recursos.

Apesar das dificuldades, típicas de um país desprovido de mecanismos justos de redistribuição de renda, é notório que o jornal cresceu, ainda que esteja longe de esgotar seu real potencial e de tudo que pode fazer pela dança, pelas academias, pelas casas dançantes e pela felicidade das pessoas. A jornada continua.


Compasso do Leitor

3º aniversário do Dance

Lamentamos não estar mais perto e compromisso já assumidos, no terceiro aniversário do jornal Dance. Desejamos continuado sucesso e muitos e muitos anos de comemorações entre amigos.

Baby Mesquita
Jornal Mimulus em Movimento/Mimulus Escola de Dança
Belo Horizonte, MG.

Já estava tudo certo para eu ir ao Zais. Quase que vocês comemoram o aniversário do jornal e eu o nascimento do meu filho. Por isso não pude comparecer. Muito sucesso!

Carla Salvagni
Cooper Ativa
São Paulo, SP.

Parabéns a todos os colaboradores e ao editor desta realidade que é o jornal Dance, pelo terceiro ano de sucesso absoluto. Este veículo de comunicação é de suma importância para todos os profissionais da dança e admiradores desta modalidade.

Marcelo Lohmann
Santo André, SP.
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Dance agradece e pede desculpas

O jornal Dance agradece a todos que compareceram em sua festa do terceiro aniversário; aos amigos que enviaram mensagens de congratulações e aos que telefonaram com o mesmo objetivo; ao animador Cadu; ao fotógrafo L.C. Casagrande; às pessoas que ajudaram na divulgação. De forma especial, Dance agradece aos diretores do Zais Luiz Carlos Cavalheiro, Michele Mário, Nicola Ferraro e Nilo Ferraro, além das assessoras Cristiane e Augusta e aos demais funcionários que mais uma vez demonstraram profissionalismo e bom atendimento, característica tradicional da casa. Ao mesmo tempo Dance lamenta e se desculpa publicamente com seus convidados por alguns imprevistos com os ingressos de cortesia, felizmente logo superados.


  • Continuação desta edição do Dance

  • Entrevista com Stephane Massaro e opinião de Jaime Arôxa. Jun/1997

  • Entrevista com Maria Antonieta . Maio/1997

  • Entrevista com Júnior, nosso embaixador de tango em Buenos Aires. Abr/1997

  • Café Piu-Piu, boa música e dança no Bixiga há quatorze anos. Abr/1997

  • AVENIDA CLUB, os segredos do sucesso, quando completa dez anos, em Pinheiros, de cara nova. Abr/1997

  • Edição 27 do Dance. Junho, 1997