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     São Paulo -
Jornal Dance # 27

Editorial


jun, 1997. n.27

Ballroom dance enseja saudável debate



Milton Saldanha

A edição anterior (maio/nº 26) do jornal Dance repercutiu no Rio de Janeiro tanto quanto em São Paulo. Rubem Mauro Machado, correspondente no Rio, esteve de passagem por São Paulo para entrevistas sobre seu livro "Lobos", em fase de lançamento, e voltou com mais de 500 exemplares do Dance, para distribuição aos dançarinos cariocas. Antes disso, outros exemplares já circulavam e repercutiam por lá, levados ou enviados pelos próprios leitores. O motivo desse frisson foi a matéria de capa, na página central -- uma tempestuosa entrevista concedida por uma celebridade, Maria Antonieta -- que em maio completou 70 anos de idade. A grande dama, que ajudou a formar profissionais do gabarito de Jaime Arôxa e Carlinhos de Jesus, entre outros de indiscutível brilho nas pistas, criticou sem qualquer preocupação de comedimento o "ballroom dance", que literalmente, em inglês, significa salão de baile, mas que passou a designar também uma modalidade internacional de competição. O detalhe é que há esforços da ala liderada por Jaime Arôxa para trazer o ballroom para o Brasil, inserindo nossos dançarinos no contexto da dança de competição internacional. No bojo da repercussão, com manifestações tanto favoráveis como contrárias ao pensamento de Maria Antonieta, chegou a justa reivindicação de oportunidade para a contestação, aceita imediatamente por este jornal. Ela está na página central, como resultado de animada conversa (gravada) com o já franco-brasileiro Sthefane Massaro, um dançarino de salão de notáveis qualidades, Karina, Marcelo, e o próprio Jaime Arôxa. O grupo trocou um ensaio que já estava programado, num domingo à noite, pela entrevista a este repórter. Dance, assim, cumpre mais uma vez o papel que os veículos sérios e produzidos profissionalmente têm que cumprir: é fonte para a reflexão crítica, formando opiniões, gerando debates, aprofundando questões pontuais e também conceituais de caráter geral no que se refere ao aprofundamento técnico.
Descontando-se evetual açodamento verbal da mestra em seu histórico depoimento, que Dance fez questão de não podar porque autocensura é a pior praga que pode existir em jornalismo, a matéria trouxe formidável contribuição à disseminação de uma consciência nos redutos da dança de salão das duas cidades, sobretudo quando ela se refere à indispensável formação profissional dos professores de dança e, também, como temos insistido desde nossa primeira edição, ao comportamento das pessoas nas pistas e eventos sociais.
A entrevista desta edição, com Sthefane Massaro e comentários adicionais de Jaime Arôxa, Karina e Marcelo, retoma os mesmos esforços, é elucidativa, saudavelmente provocadora e, sobretudo, inteligente. Merece sua leitura e reflexões.

  • Entrevista com Stephane Massaro e opinião de Jaime Arôxa. Jun/1997

  • Entrevista com Maria Antonieta . Maio/1997

  • Entrevista com Júnior, nosso embaixador de tango em Buenos Aires. Abr/1997

  • Café Piu-Piu, boa música e dança no Bixiga há quatorze anos. Abr/1997

  • AVENIDA CLUB, os segredos do sucesso, quando completa dez anos, em Pinheiros, de cara nova. Abr/1997

  • Rubem Mauro Machado lança o romance "Lobos".


  • Milton Saldanha

    Lixo editorial atrapalha

    O que para alguns é mero entretenimento e curtição, para outros tornou-se meio de vida, sonho e projeto, trabalho e sobrevivência, elaboração e arte. Tudo, enfim, que requer trabalho árduo, seriedade e principalmente muito senso de responsabilidade. Quem trabalha com dança, de qualquer modalidade, sabe o que estamos falando. O jornalismo que praticamos se insere em tudo isso. Somos tão dependentes da dança quanto um bailarino, com a única diferença que nossa linguagem não está na expressão corporal e sim verbal. A exemplo do bailarino, coreógrafo ou professor de dança, o realmente profissional, que faz um trabalho sério e se sente incomodado pela invasão do mercado de trabalho pelos aventureiros, consideramos nefasta a ação inescrupulosa do não jornalista, e inclusive do mau jornalista, na atividade editorial. Pior, ainda, quando essa aventura está vinculada a interesses comerciais do suposto empreendedor, ligado a negócios na própria área que pretende "divulgar". A ética vai pelo ralo. É preciso que se entenda, por exemplo, que um jornal como Dance não foi concebido para destruir reputações e sim para construí-las, quando merecedoras. Uma das faces do profissionalismo é saber fazer isso sem descambar em bajulações grotescas, geralmente em troca de anúncios, prática comum de quem não é do ramo e exerce ilegalmente o jornalismo, uma profissão regulamentada, com legislação própria, que envolve processo e registro no Ministério do Trabalho, após a colação de grau universitária.
    Esta apreciação requer dois esclarecimentos: o colaborador, eventual ou não, que escreve artigos (não reportagens e colunas) não está incorrendo em exercício ilegal da profissão; e há pessoas corretas, que entram nisso inocentemente, por mero desconhecimento da lei e de todas as implicações e riscos a que ficam expostas. Mas o que interessa aqui acentuar é que a invasão do mercado editorial por pessoas sem a devida habilitação legal, técnica e intelectual é prática condenável, porque desqualifica a imagem da profissão. Colocam no expediente um "jornalista responsável", para satisfazer o cumprimento da lei, mas quem de fato toca o negócio é o leigo. A picaretagem, para ganhar dinheiro e satisfazer vaidades, deixa um rastro devastador no caminho do verdadeiro profissional de imprensa, que a primeira vista acaba confundido. Matérias pagas, grotescamente disfarçadas como "informação jornalística"; estelionato de tiragens mentirosas, com declaração descarada de números absurdos, sem que exista visibilidade do produto; textos primários, sem noção de estrutura, estilo e técnicas básicas, para não falar em gramática; falta de planejamento visual; fotos e desenhos ruins, e muito mais, constituem os ingredientes mais notórios do lixo editorial. Mas há quem goste e até prestigie. Talvez porque seus parâmetros sejam os mesmos, nivelados por baixo, sem qualquer critério, o que equivale ao quanto pior melhor. Em casos assim eles são iguais, se merecem.

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    Música no Ática Shopping

    O recentemente inaugurado Ática Shopping Cultural, megastore inspirada em modelos americanos e europeus, é um ponto de visita obrigatória em São Paulo. Mas leve dinheiro, cheque ou cartão de crédito, porque a tentação é irresistível. Para quem curte música, o primeiro subsolo inteiro tem 97 mil álbuns de Cds, vídeos, cd-roms e laser discs, com 102 estações com mais de 500 cds pré-selecionados para escuta. Os destaques são cds de rock e pop nacional, internacional e área especializada em clássicos e jazz, vídeos e multimídia, acessórios para música, home-theater, livros e publicações sobre música. (Veja endereço/fone em Dicas de Leitura).

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    Dicas de Leitura

    O Ática Shopping Cultural tinha em sua abertura à imprensa, dia 2 de junho, 103 títulos de livros relacionados ao tema dança. A lista pode ser obtida nos terminais de consulta. Vão de poemas à obras técnicas. O livro não encontrado pode ser encomendado, inclusive do exterior. Os vendedores, gentís e bem treinados, conversam e ajudam os clientes. Na pracinha em frente, que foi restaurada e ficou linda, completando a atmosfera cultural acontecem espetáculos artísticos, geralmente musicais, de produção independente ou patrocinados pela Secretaria de Cultura do Município. O shopping tem estacionamento com manobrista e fica pertinho do Avenida Club, na Pedroso de Morais, 858, Pinheiros, F. 867-0022.

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    Meteoros Dancing & Beer

    É a mais nova casa agitando ainda mais a já movimentada noite de Moema. Planejada e dirigida por Marcos Fenning e Ronaldo Machado, abre de terça a sábado, a partir das 21hs. Aos domingos, das 17 às 22hs. É também um espaço cultural, com peças de teatro. Na rua Gaivota, 1117, esquina com Pavão. F. 542-8859.

    Leveza do Ser

    Adriana Cavalheiro trouxe a São Paulo a Banda Brasil Show, na Noite do Samba, no Avenida Club, festa que contou com apoio das principais academias da cidade e do jornal Dance, Gráfica Universo, Master Academia, Consulado Mineiro Restaurante e 1900 Pizzaria. Os elogios ao estilo da banda, excelente para dança de salão, foram unânimes. Cadu, da equipe de animação da Costa Cruzeiros, apresentou a campanha O Samba Cura, da Ação Solidária Contra o Câncer Infantil (F. 883-7034). Jimmy e Yolanda, do Rio, simplesmente arrasaram com show de samba de gafieira. Com o baile e concorrido workshop de Jimmy, Adriana Cavalheiro inaugurou as atividades da Central da Dança, destinada a dar suporte de qualquer tipo a dançarinos de todas as modalidades. F. 883-2132 ou pager 277-1215 código 264-064.

    Margaux é nova casa noturna abrindo portas em São Paulo, na Al. Lorena - Jardins. Do grupo proprietário do Zeibar's e Café Soçaite. No ramo há 20 anos, os veteranos José Dias, Henrique Schidlow, Celso Fragoso, Henrique Gurfinkel e Henrique Waitman somam forças e $$$ na abertura do espaço Margaux, que tem bar, restaurante e pista de dança.

    Saga é outra nova casa para dançar, na rua Hungia - Cidade Jardim. Pertence ao ator Tetê Vasconcelos, que trabalhou em Barriga de Aluguel, Blue Jenas e Aluga-se um Namorado. Tem bar e pista de dança.

    Espaço Cultural Eldorado promove cursos especiais de Ballet de Repertório, com a professora Fátima Victor. No currículo, entre outros, o Quebra Nozes, Giselli, Dom Quixote, O Corsário. Os cursos de ballet clássico de Fátima Victor têm como proposta fundamental proporcionar ao aluno formação acadêmica que lhe dê condições técnicas e artísticas de se profissionalizar. No Shopping Eldorado, junto à Praça da Alimentação, F. 813-2454 ou 814-8667.