Ano IV - Nº 15 - Novembro de 2000



10 ANOS DE MUITA EMOÇÃO


A Mimulus Dança de Salão agradece a todos que valorizam o seu trabalho e convida para o baile comemorativo do seu 10º aniversário, que acontecerá dia 25 de novembro, às 22:30 horas.


Reservas:

(31) 3295-5213 e 3344-2882

E-mail: mimulus@uol.com.br


Número limitado de convites.


O baile comemorativo contará com a participação da cantora Ângela Evans* e quarteto.


* Ângela Evans - mais do que cantora, é uma intérprete daquelas que não se diz mais ser uma grande promessa. Com voz de timbre raro, dona de muita técnica e sentimentos à flor da pele, já encontrou o seu lugar e vê reconhecido o seu talento. A sua inserção no baile de aniversário da Mimulus com o show “Samba Bom de Bola” não acontece por acaso, mas resulta de uma escolha criteriosa para fazer da noite algo prazerosamente inesquecível.



EDITORIAL


Prezado leitor,


Diversas razões nos levaram a interromper a publicação do nosso jornal por quase um ano. Muitas são conhecidas por qualquer brasileiro: o custo de vida, que por sua vez influi tanto no custo da vida, na perda da sua qualidade, no abandono imediato do que é prazeroso.


Somando-se ao momento difícil, a Mimulus Dança de Salão, patrocinadora do jornal Mimulus em Movimento, procurou investir mais intensamente nas questões estruturais da Mimulus Cia de Dança, buscando recursos para a sua existência de fato. Esse projeto, ainda em andamento, tem nos assegurado trabalho suficiente para impedir a dedicação a qualquer outra atividade e resultou na criação da Associação Cultural Mimulus.


Pedimos desculpas aos nossos assinantes pela quebra da nossa continuidade. Aos que nos incentivaram sempre e compreenderam as nossas dificuldades, agradecemos muito. Colocamos o jornal Mimulus em Movimento à disposição das boas iniciativas da dança de salão que hoje proliferam no Brasil e esperamos que cada leitor seja, como sempre o foi, um grande colaborador.




PONTO DE VISTA


A quem a dança pertence?


A dança é definida como uma atividade física, cultural e artística. Essa definição, tão ampla, tem causado algumas confusões. Vejamos: se você vai a um teatro e assiste a um espetáculo de dança, irá dizer que presenciou a uma atividade física e artística. Se esse mesmo trabalho estiver concorrendo a classificação em um festival, você diria estar presenciando a uma atividade física e artística, ou física e desportiva? E se ainda nesse mesmo festival, a principal questão discutida fosse a premiação dada a um homem que fez a dança do ventre - tão tradicionalmente feminina - você diria: “vamos ouvir alguns especialistas desse esporte”?


Se você participa de um grupo de dança (de roda e sagradas) e aprende como os nossos ancestrais comemoravam o plantio e agradeciam a colheita, provavelmente sairá dessa atividade em paz com Deus, porque a dança, lá nos seus primórdios, estava estritamente ligada à religião. Embora você tenha feito um bom exercício físico, a sua bagagem cultural aumenta muito mais intensamente do que a sua capacidade aeróbica. De acordo?


E quando você deixa os seus filhos na porta da academia de balé que você freqüentou quando jovem, ou desejou freqüentar e foi impedido por preconceitos, você espera músculos bem desenvolvidos ou uma vida pautada em movimentos harmônicos?


E o que você acha mais difícil em sua aula de dança de salão: contar até oito, transmitir idéias e sentimentos, perceber a dança em seu papel transformador, harmonizar-se com o outro? Ou você já passou daquela fase mais mecânica, acha tudo fácil e prazeroso, sendo capaz de transferir os conhecimentos adquiridos nas aulas para a sua vida pessoal?

Se você já está recebendo aplausos, considera-os merecidos, ou, confrontando-se com a sua capacidade criativa, se sente ínfimo diante do que ainda pode ser feito e... dançado?


Você assistiu, no cinema ou televisão, um campeonato de dança competitiva e viu como os participantes massacram a cultura ao executar movimentos repetitivos, padronizados pelos ingleses na década de 50 (ou menos) e conseguiu perceber a diferença entre um trabalho artístico e um desportivo? Aliás, você notou que a dança de competição não se fez presente nas olimpíadas de Sidney?


Então: temos ou não que sentir espanto quando o Conselho de Educação Física pleiteia a responsabilidade técnica pelas academias de dança e quer obrigar a todos os professores de dança se filiarem a ele?

Baby Mesquita



RITMOS


Um Pouco de Valsa


Ainda que tradicionalmente a valsa pertença à cultura musical vienense, ela nasceu na região rural da Áustria, nas tabernas por onde passavam grupos de músicos interpretando o “schnadahüpfl”, que originava um baile rural alegre e saltitante e, também, do melodioso “ländler”, dançado pelos camponeses.


Nas pequenas pousadas, situadas nas colinas e bosques, os membros da nobreza se misturavam ao povo para dançar. Esse aspecto da vida austríaca deixava surpreendido o visitante estrangeiro com a camaradagem que a dança criava entre tão diferenciadas classes sociais.


Durante o século XVII, o gosto pelo barroco invade a Áustria, atraindo arquitetos, urbanistas, jardineiros e sobretudo músicos, encantados pelo refinamento e encanto de suas formas. Viena se transformou em uma catedral da música. O esplendor da valsa vienense acontece no século XIX graças à intervenção de três músicos: Josef Lanner, Johann Strauss (pai) e Johann Strauss (filho), que integram os elementos contraditórios que compõem a valsa – a melancolia e a alegria de viver integrando Viena e a valsa num só conceito.


Na França, as autoridades religiosas condenaram a valsa, declarando-a imoral, acusando-a de perturbar o coração, provocar alterações no espírito e causar a perdição da alma. Aqui, vale lembrar que a valsa é considerada como a precursora da dança de salão, por ser executada com os corpos enlaçados. Com o passar dos anos, a valsa incorporou-se à cultura mundial e passou a simbolizar ritos de passagem, como casamentos, bodas, formaturas, festas de 15 anos – momentos em que se reafirma a nobreza no sentido moderno do termo.


No entanto, por mais que se queira imprimir o selo de nobreza à valsa, o ponto alto de tais comemoração costuma ser de tédio, visto que os dançarinos não têm a menor noção de como dançá-la. Deve-se ter bastante cuidado ao escolher para tais festividades as valsas vienenses, pois elas exigem grande destreza e que, por terem uma duração média de nove minutos, correspondem a uma caminhada normal de cerca de um quilômetro.


Aos cuidados na preparação de uma festa, é educado preparar-se para o momento evitando, muitas vezes, o constrangimento para quem dança ou para quem assiste. Fica-se sem entender porque tantos cuidados com a roupa, com a decoração e tanta deselegância na hora da valsa. Mesmo que os últimos dias sejam de maior aperto e compromissos, não custa muito - nem dinheiro e nem tempo - tomar algumas aulas.

A Mimulus Dança de Salão oferece aulas de valsa em grupos e individuais, aos sábados à tarde. Informações pelos telefones: (31) 3295.5213 e 3344.2882.



ESPETÁCULO


Mimulus Cia de Dança leva sua Bagagem ao Teatro


Nos dias 27, 28 e 29 de outubro, a Mimulus Cia de Dança estreou no Teatro Alterosa, em Belo Horizonte, o seu novo espetáculo "Bagagem". Nele, a Companhia mostrou a experiência acumulada em oito anos de existência, e toda a sua versatilidade, numa linguagem que fundiu vários ritmos da dança de salão com técnicas contemporâneas, caracterizações teatrais e elementos circenses.


Essa mistura resultou em um espetáculo dinâmico, marcado pela diversidade e dividido em três partes. Um primeiro bloco, dedicado aos ritmos brasileiros e caribenhos, valorizou sobretudo a força e a pulsação da alma latina. A segunda parte trouxe à cena o lado lúdico da dança, incorporando técnicas circenses e momentos cômicos. Nesta parte destacaram-se as coreografias executadas sobre pernas-de-pau, que surpreenderam o público por sua ousadia e originalidade. O terceiro bloco, inteiramente dedicado aos ritmos portenhos, num clima de grande densidade, encerrou o espetáculo com forte impacto sobre o público. Toda essa “bagagem” foi colocada simbolicamente dentro de malas, que pontuam todo o espetáculo.


Bagagem resultou em sucesso de público e crítica. José Maurício, do Jornal Estado de Minas, comentou em sua coluna “Gente”: “Quem pensava que espetáculos inspirados em dança de salão fizessem sucesso apenas em países como França e Argentina deu com os burros n’água. Ou melhor, com o nariz na porta. Foi o que aconteceu com os espectadores que acharam que ia ser fácil comprar ingressos na hora para as apresentações de “Bagagem”, da Mimulus Cia de Dança, no último fim de semana. Chegaram ao Teatro Alterosa e... lotação esgotada”.


O espetáculo Bagagem voltará a ser apresentado, em Belo Horizonte, nos dias 1, 2, 3 e 4 de fevereiro, dessa vez no Teatro Klauss Vianna, participando do Projeto de Popularização da Dança e Teatro - uma iniciativa da Amparc.



ENTREVISTA


Bagagem


Jomar Mesquita, coreógrafo, diretor e bailarino da Mimulus Cia de Dança fala um pouco sobre como surgiu esse novo trabalho


- Jomar, o que é Bagagem?


Bagagem é o que acumulamos nesses oito anos de trabalho e que, simbolicamente, colocamos dentro das malas que estamos levando ao teatro. É como se chama o nosso espetáculo.


O nome se refere também à música e à dança que, por intermédio dos negros, chegaram às Américas depois de uma longa viagem. Embora nas raízes as bagagens fossem as mesmas, os sons e a dança dos negros, em seus cativeiros, se ajustaram ao clima, ao trabalho, às oportunidades e sentimentos, inclusive os de religiosidade, ressurgindo nas diferentes roupagens, como as do tango, do samba, do swing, da salsa.


De forma similar nós também recebemos uma bagagem contendo a dança de salão. Abrimos as malas e fomos tirando as coisas de dentro, usando à nossa maneira, brincando com elas, acrescentando nossas coisas. Isto acabou gerando novas necessidades. Fomos buscar outras referências e, assim, a nossa bagagem também foi crescendo.


- E vocês iam enchendo novas malas...


Isso mesmo. Primeiro começamos com peças isoladas, coreografias que fazíamos para apresentar nos bailes da escola ou em eventos externos. Montamos também diversos espetáculos que apresentamos desde 1992, mas sempre para um público restrito. Algumas coisas fazíamos e deixávamos numa mala e perdíamos a chave. Com algumas malas viajamos muito. Estivemos em festivais e também no exterior. Outros trabalhos usávamos, deixávamos num canto, de vez em quando reformávamos alguma coisa e outros a gente tirava do armário e jogava fora.


- Deve ter ficado meio bagunçado.


Realmente! Chegou uma hora que estava tudo espalhado. A desorganização nos incomodava, mas íamos deixando pra lá como se aquelas coisas não fossem nossas. Éramos como hóspedes esperando encontrar tudo arrumadinho ao voltar. Como isso não acontecia, um dia criamos coragem e chamamos pessoas para nos ajudar. Uma delas foi o Rômulo Avelar, que é muito experiente em planejamento e organização. Abrimos os armários e falamos: “a gente tem isso, falta aquilo, sobra outra coisa... precisamos nos organizar”. Foi aí a hora do salto: ou reformulávamos tudo ou parávamos.


Começamos pela própria Cia. Formamos uma associação, dividimos as tarefas entre nós e o trabalho já não era mais meu, ou de alguém - passou a ser nosso. Somos bailarinos, mas também diretores financeiros, administrativos; temos um conselho consultivo, um departamento de comunicação. Hoje, somos donos do nosso negócio. E nesse processo achamos que o teatro seria um meio para mostrar a nossa arrumação.


- Mas vocês sempre mantiveram um espetáculo.


Sim, e o uso das malas nos espetáculos sempre marcou o nosso trabalho. Mas era um trabalho mais para um teatro de arena. Precisava de muitos ajustes para um palco italiano. Às vezes éramos vistos como uma atração inserida num baile e as pessoas nem sempre respeitavam o horário de chegada. O teatro exige uma configuração diferente, pois envolve um projeto, mais pessoas, uma análise crítica... no nosso caso uma revisão estrutural desde o alicerce. E sempre os espectadores nos diziam que mais pessoas deveriam conhecer o que fazíamos, que devíamos divulgar mais o nosso trabalho e, no teatro, isso é possível. Há anos pensávamos em fazer isso, mas tudo tem sua hora e creio que agora estamos prontos.


- E os carregadores, são vocês mesmos?


E mais pessoas. Patrocinadores, por exemplo. Um passo decisivo foi a busca séria de patrocinadores e, quando os conseguimos, ganhamos mais confiança e nos sentimos mais responsabilizados por oferecer uma contrapartida valiosa. A Cia hoje está mais amadurecida, carrega bem, agüenta o peso.


O momento é claramente de amadurecimento profissional. Há uma cobrança maior de resultados mas, por outro lado, metas. Não vamos mais ficar girando em círculos e, se isso assusta, lembramos que estamos no caminho certo. Temos bússolas também. A Cia tem 12 bailarinos, mas a equipe conta com 25 pessoas, entre iluminadores, produtores e técnicos.


- Então Bagagem é uma seleção?


Como o nosso trabalho sempre foi muito diversificado, chegávamos a ter três espetáculos distintos dentro de um só. Tínhamos dificuldade em costurar, embalar o nosso produto, dar a ele uma unidade. Então, tivemos a sorte de contar com o Luiz Gomide - hoje morando na Suécia - que veio passar um tempo em Belo Horizonte e aceitou, com muito carinho, nos dar uma direção. É ele que está vendo a Bagagem como um todo, cuidando dos detalhes, do roteiro, nos alertando para os riscos da viagem e, ao mesmo tempo, nos fazendo ver o trajeto, decidindo os atalhos, acrescentando coisas novas, valorizando o que já está pronto, selecionando o nosso repertório, ajudando a decidir o que levar. A formação do Luiz como ator, bailarino, cantor, diretor, enfim, como uma pessoa incrível que é, acabou sendo o nosso passaporte.


- De todo este projeto, o teatro então é o clímax?


Não. É um momento muito importante, mas não é o fim. Essa temporada no teatro Alterosa é apenas o início de um processo muito mais amplo, de novos patrocínios, novos espetáculos, da existência da Cia de fato e viagens – afinal, o artista tem que ir aonde o povo está. E lá vamos nós com nossas malas...


Temos uma expectativa boa e gostaríamos de partilhar este trabalho no teatro Alterosa com nossos alunos. Ele é, também, uma forma de agradecer a todos os que acreditam no nosso trabalho. Essa crença é o que nos movimenta e vai nos levar para a frente e para novos projetos.



ESPECIAL



A Mimulus Cia de Dança
completa oito anos de existência


Completando oito anos de existência, a Mimulus Cia de Dança é uma forte referência no cenário da dança brasileira. Swing, rock, fox, tango, bolero, salsa, samba e chorinho foram o ponto de partida. A dança de salão esteve na base de tudo, desde o início, em 1992.


No entanto, a Companhia, movida por sua inquietação natural, transpôs os limites formais de cada estilo, fundiu técnicas clássicas e contemporâneas e ganhou elementos teatrais, o que resultou em uma linguagem própria, inovadora.


O clima de cabaré, a luz vermelha e a atmosfera carregada ficaram propositadamente para trás. Em seu lugar, emergiu um estilo vibrante, onde se destacam a diversidade de ritmos, a técnica, a garra e a energia dos 12 jovens bailarinos que compõem o elenco.


Ao longo de sua trajetória, a Mimulus buscou referências em diversos países, num trabalho intenso de pesquisa sobre a dança de salão. Hoje, com sua experiência acumulada, segue o caminho inverso, levando sua arte, conquistando prêmios, ministrando cursos pelo Brasil e pelo mundo e registrando seus trabalhos em vídeo.



UM POUCO DA NOSSA HISTÓRIA


Cássia Navas publicou o seu livro "Dança e Mundialização - Políticas de Cultura no Eixo Brasil-França", pela Editora Hucitec. Nele, a autora discute a construção da política cultural para a dança na França e de como, em 1992, aquele país decidiu olhar para o resto do mundo e realizar as bienais da dança regionalizada, mostrando, em 1990, An american history / un siécle de danse aux États Unis, em 1992, Passion España, em 1994, Mama África, e, em 1996, o Aquarela do Brasil.


Em sua meticulosa pesquisa, a autora disseca como o curador da bienal (aquele que determina o tema inspirador e faz escolhas), o Sr. Guy Darmet, iria justificar um espetáculo “bom de público“ misturando um pouco de tudo, inclusive espetáculos argentinos de tango - um recurso denominado por ela de fil rouge, o fio de alinhavo vermelho, que guiaria os espectadores pela “labiríntica dança do Brasil sem unidade” e que levaria a todos a uma saída conhecida.


Sem dúvida, por lá estiveram bons representantes do Brasil: o Grupo Corpo, o Balé Folclórico da Bahia, o Grupo Dança Pernambuco, a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, Alcione, Caetano Veloso, Carlinhos de Jesus, o artista plástico Fernando Veloso, Antônio Nóbrega, entre tantos outros valores. Mas, segundo a autora, Aquarela do Brasil foi um exercício de recorte, cola e costura e, sobretudo, tendo o hífen como passaporte. E, se o livro como um todo já não fosse tão importante, já vale como uma reflexão sobre o hífen que ocupa posições impossíveis, como unir, dividir, distanciar, ir em direção à, ou seja, apenas a hifenização pôde, naquela bienal, unir a mistura de atrações tão opostas umas às outras. Sobretudo a obra de Cássia Navas, publicada em 1999, mostra que a dança, o hífen, o contemporâneo, o pós-moderno, os interesses políticos e econômicos são temas de uma constante reflexão.


Então vamos à nossa história...


Certa vez a Cia fez uma apresentação em praça pública, no interior de Minas. Tudo perfeito, só que ninguém contava com a garoa que começou a cair, cerca de sete horas da noite, e não parou mais. O piso virou uma mistura de água e breu e o grande desafio era parar em pé. No entanto, se você pensou que alguns bailarinos sentiram alívio quando a coreografia exigia mergulhos no chão, enganou-se: o piso estava gelado. Mas, como sempre, deu tudo certo. Houve choro de alegria e pizza no final e todos voltaram para casa, dormiram bastante, deixando emboladas as roupas molhadas e os sapatos enlameados.


Acontece, no entanto, que no dia seguinte, às nove horas da manhã, a Cia seria avaliada pelo Sr. Guy Darmet, o curador da bienal de Lyon. Ninguém sabia direito o que era uma bienal e esperavam encontrar o Sr. Guy Darmet com um manto vermelho e de cetro na mão. Quando o viram, tão parecido com outras pessoas não francesas, colocaram-se à vontade e nem sequer pensaram em passar um batonzinho ou colocar um gel no cabelo.


Bom, depois de ler o livro da Cássia, a gente fica imaginando que exercícios mentais de hifenização deve ter feito o Sr. Guy Darmet: Bahia de todas as cores - Mineiros sem cor nenhuma? Caetano Veloso Fina Estampa - Mimulus esfarrapada? Ou teria sido Isabelita dos Patins - Anêmicos dos velocípedes, ou ainda, Imperatriz Leopoldinense - Quarta-feira de cinzas?


Bom. O livro da Cássia é ótimo, mas a Mimulus não teve a menor condição de ser hifenizada...



INTERNAS


Acompanhe a nossa programação


Dia 25 de novembro: baile dos 10 anos da Mimulus.


Dias 2 e 3 de dezembro: grande bazar de moda e artesanato, organizado pela Associação Cultural Mimulus, que vai incluir performances da Cia e de outros artistas convidados.

Dia 2, a partir das 16 horas e festa a partir das 22 horas.

No dia 3, o bazar começa às 14 horas e termina às 22 horas. Informações na Mimulus ou com Juliana Macedo, fone: 9950.4877.


Dia 15 de dezembro: apresentação especial da Mimulus Cia de Dança em festa de confraternização e revelação do amigo oculto. Coordenação: Fábio e Heloísa Paixão.


Dia 17 de dezembro, domingo, Bailinho de Natal no asilo Recanto da Saudade, às 16 horas, encerrando o programa deste ano do Projeto Anjos da Dança. Coordenação de Luciana Fernandes.


Recesso a partir do dia 23 de dezembro. Volta às aulas dia 8 de janeiro de 2001.


Plantão especial em janeiro e fevereiro para atualização de alunos que venham a perder aulas por causa das férias.


Estão sendo formados grupos para cursos intensivos nesse mesmo período, de acordo com levantamento de interesses dos alunos e visitantes.
Maiores informações com o Fábio, na coordenação.



INTERCÂMBIO



“Quinta Cumbre Mundial del Tango”


Depois das bem sucedidas edições nas cidades de Buenos Aires, Granada, Lisboa e Montevidéu, a cidade de Rosário, na Argentina, sediou, entre os dias 14 a 23 de setembro, a Quinta Cumbre Mundial del Tango.


Contanto com o apoio da UNESCO (o tango é um patrimônio mundial), das Secretarias de Cultura da Argentina, da Municipalidade e da Academia Nacional do Tango, a Cumbre contou em sua programação com as mais diversas expressões do tango e sua influência em outras artes.


A cidade recebeu cerca de 25 mil pessoas, entre delegações provenientes da Espanha, Estados Unidos, Finlândia, Japão, Dinamarca e Holanda. Para representar o Brasil, a comissão organizadora do evento convidou a Mimulus Cia de Dança, pressupondo o apoio dos órgãos da cultura de Belo Horizonte - cidade irmã de Rosário. A Cia, contando apenas com hospedagem e alimentação, desistiu de esperar pelos laços de parentesco. Num gesto de amor à Pátria – sentimento cada vez menos comum - aliado ao espírito de aventura, lá esteve fazendo a sua parte na preservação dos patrimônios da humanidade.


O Magazine Electronico -

“Tango y Cultura Popular” <tangonews@flashmail.com> dedicou a sua primeira edição a uma extensa avaliação da Cumbre. Como ocorriam ao mesmo tempo diferentes eventos, a cronista que os analisa, escreveu o seguinte -

“Compañía Mimulus de Brasil: no los ví personalmente, pero los comentarios fueron extraordinarios... En la Milonga Percal fulminaron a toda la concurrencia con su gracia, su ritmo y su belleza”.



Imperdível


A Mimulus vai realizar, entre os dias 04 e 11 de fevereiro de 2001, a Semana da Dança de Salão. A intenção é fazer de Belo Horizonte um polo de integração entre os profissionais da dança de diversos Estados.


No dia 4, domingo, os participantes do encontro já terão os seus lugares reservados no Teatro Klauss Vianna para que possam assistir ao espetáculo "Bagagem", da Mimulus Cia de Dança.


No decorrer da semana, o programa prevê palestras sobre noções de iluminação, laboratórios de técnicas coreográficas, discussões sobre a questão da profissionalização da dança.

A tarde será dedicada às aulas de casino, tango, lindy hop e outras modalidades. À noite, as aulas normais da escola serão transformadas em laboratórios de formação técnica, elaboração e avaliação de programas, além de plantões para revisão e atendimentos particularizados.


Como para quem dança há sempre uma sobra de energia, constam ainda do programa bailinhos de zouk, tango e práticas diversas. Como despedida, um baile de confraternização.


As pessoas interessadas podem entrar em contato com a Mimulus pelos telefones (31) 3295.5213 e 3344.2882, ou pelo e-mail mimulus@uol.com.br
para receber a programação completa.



CINEMA


No Ritmo da Dança (Dance With Me)


O filme passou como uma borboleta pelas salas de cinema, despertando pouco interesse do público em geral, mas pode ser encontrado nas videolocadoras com a opção também em DVD.


Ele conta a história de um cubano que vai para os Estados Unidos trabalhar como ajudante geral de uma academia de dança e se espanta vendo os ritmos latinos dançados conforme as normas do estilo internacional de dança, próprias para competições.


Para conhecer as diferenças de estilos, vale a pena ver. O filme contou com o patrocínio das Associações Americanas e Nipônicas de Ballroom Dance e é benevolente, pois enfatiza a dança de competição e a dança conforme a cultura latina, mostrando bem as diferenças entre ambas. Depois apresenta um painel dos concursos de dança e o espaço que eles geram para crianças, idosos e campeões.


O final, porém, é determinante: o máximo que a dança internacional permite é a interferência da afetividade. Cada modalidade parece que vai continuar na sua. Num gesto conciliatório, o cubano (Chayanne) acaba participando da competição com uma dança moderna, já que na sua terra havia aprendido o ballet. E assim vivem felizes para sempre, cubanos e americanos.



Buena Vista Social Club


Filme para ser visto diversas vezes e por diferentes ângulos. Primeiro, como documento da vida e da obra de um grupo de músicos cubanos da velha guarda. O segundo passa pela generosidade do guitarrista americano, Ry Cooder, que os redescobriu, fazendo-os reconhecidos mundialmente. Um deles, Ibrahim Ferrer, aos 83 anos, pasmem: recebeu, no último Grammy, o prêmio “artista revelação”.


Quem assiste ao filme logo sai em busca dos CDs, que estão sendo vendidos aos montes. Desta forma, o pianista Ruben González, que aos 77 anos teve o seu piano devorado pelos cupins, já deve ter comprado um novo. No rastro, a dança cubana é renovada e os charutos viraram moda... mas incomodam um pouco.



CARTAS E E-MAILS


“Parabéns pelo belíssimo espetáculo proporcionado ao povo de Itajubá. Esperamos ter a oportunidade de assistir novamente à Mimulus nesta cidade. Estimo que o sucesso seja um companheiro permanente para esta Companhia. Boa sorte a todos”.

Octávio Scofano Filho – Dep. Cultura – Itajubá, MG


“Dança é arte expressa pelo corpo. NÃO É ESPORTE. Meus cumprimentos pela campanha de esclarecimento sobre o assunto junto à Câmara de Vereadores, mostrando rara visão de luta pelos direitos. Quanto à exclusão do Simples e a absurda carga de impostos que penaliza quem trabalha nesse país, Hélio Gasparini compara nossos governantes atuais a Dom João VI, que cobrava taxa dos mendigos de rua. Temos mais é que dançar”.

César Augusto Corrêa - Rio de Janeiro, RJ


“Vim para Carajás trabalhar como professor de inglês e espanhol. Visto sempre a camisa da Mimulus: os bonequinhos causam frisson aqui na mata. Mandem-me, via e-mail, o site do jornal na Internet ou, se possível, pelo correio para que eu possa ter sempre notícias de vocês”.

Flávio V. C. Britto – Carajás, PA


“Vocês atraíram os nossos olhos para Belo Horizonte. Nossos sinceros cumprimentos e desejo de muito sucesso para todos da Cia fantástica que tivemos a alegria de conhecer”.

Marcella e Luiz Otávio - São Luiz, MA


“Adoro esse jornal. Acho o trabalho de vocês um exemplo de profissionalismo e fé na vida. Se eu ganhasse a Mega acumulada comprava tudo que os bailarinos da Cia precisassem, pagava o colégio de cada um, o transporte e todos iam engordar de tanto sorvete e chocolate, além do meu carinho eterno, o dos meus pais e dos meus avós, que amam vocês, pois conseguem agradar a três gerações. Muito beijos”.

Luíza Helena Albuquerque - Belo Horizonte, MG


“’O passado serve para aprendermos com ele; o futuro é objeto de planejamento. É no presente que vivemos’. Parabéns pela luta e determinação. Vivam sempre o presente, que o futuro estará de portas abertas esperando por vocês. Um grande beijo e obrigada pelo espetáculo”.

Jacqueline de Castro – Primeiro Ato – Belo Horizonte, MG


“O espetáculo ‘Bagagem’ nos proporcionou a oportunidade de revê-los em momentos agradáveis e de puro deleite. Parabéns a todos pelo alto gabarito dos bailarinos, das apresentações, arranjos, coreografias... enfim... tudo! Foi realmente divino! Ao Jomar, nosso cumprimento especial pela qualidade e sucesso do trabalho. Com muito carinho,”

Lúcio e Eleonora – Belo Horizonte, MG


“’Bagagem’ é um espetáculo imperdível. A Mimulus tem a capacidade de superar a si mesma, Agora, além de dançarinos, atores!”

José do Carmo – Projeto Anjos da Dança – Belo Horizonte, MG


“Que os deuses da dança abençoem ‘Bagagem’. Merda! Nosso abraço carinhoso para todos vocês”.

Grupo Galpão – Belo Horizonte, MG


“Queiram receber os cumprimentos pela apresentação de ‘Bagagem’. Certamente é mais um espetáculo preparado com graça, sensibilidade e fadado ao êxito. Com admiração e apreço,”

Ângelo Osvaldo de Araújo Santos – Secr. Estadual da Cultura – Belo Horizonte, MG


“Foi difícil assistir ao ‘Bagagem’ assentada. Perpassa pelo nosso corpo uma energia e parece que somos levados a dançar. Se no salão o coração bate mais forte, no palco os recursos de iluminação, os textos dramatizados. Parabéns, a cada espetáculo vivemos uma nova emoção”.

Josélia Mitre Apolinário – Belo Horizonte, MG


“Estou assistindo ao filme ‘The Tango Lesson’. Um filme lindo e que me faz pensar o quanto podemos estar perto de Deus com essa liberdade que nós temos de poder dançar, seja como for... dançar simplesmente, abrir os braços e rodar, rodar... A Cia deve se sentir iluminada”.

Adelaide Rihan – Barbacena, MG


“Recebam nossos cumprimentos pela apresentação de ‘Bagagem’, no teatro Alterosa. Parabéns e votos de continuado sucesso à Mimulus Cia de Dança”.

Terezinha Aparecida Magalhães de Lima – Secretária Municipal de Cultura – Belo Horizonte, MG


Machos Sofredores


“Quando aqui cheguei,

Era mulher ativa, cheia de autonomia.

Mas logo fui avisada

De que na dança de salão,

Mesmo não sendo machão

É o homem que guia.


Minha porção feminista

Me fez reagir na pista.

Mas, depois de muitos tropeços, pisadas

E outros senões,

Não tive alternativa

A não ser acatar as lições.


Ficaram enternecidos,

Seu Jomar, Seu João?

Vocês serão obedecidos,

Mas nas minhas mãos (e pés) sofrerão.


Vão penar para transformar meu andar de soldado,

Em deslocamento de gazela.

E minha postura de cabo de vassoura,

Em beleza de bailarina voadora”.


Maria Carmen – Belo Horizonte, MG



Se é do seu interesse assinar este jornal, obter informações sobre cursos, programas ou a Semana da Dança de Salão, faça contato pelo e-mail (mimulus@uol.com.br), pelos telefones (3295.5213 e 3344.2882) ou nos escreva.



EXPEDIENTE


Mimulus em Movimento

Ano IV - Nº 15 - Novembro de 2000

Publicação da Mimulus Dança de Salão


Diretora responsável: Baby Mesquita

Jornalista responsável: Antônio C.de Oliveira - Mtb 3425

Impressão: Jornal Balcão

Tiragem: 3.000

Distribuição: gratuita

Endereço para correspondência: Rua Ituiutaba, 325 - Prado - CEP 30410.660

Fone: (31) 3295.5213 - Telefax: (31) 3344.2882 - Belo Horizonte, MG

e-mail: mimulus@uol.com.br

Este jornal pode ser acessado na Internet no endereço:

http://www.dancadesalao.com


Proibida a reprodução total ou parcial do material publicado, exceto quando autorizada pela diretora.



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