Editorial edição 92 

Milton Saldanha

Perdemos Luciene

 A professora Luciene Mugnaini Amaral estava com 52 anos. Adorava dançar e freqüentemente podia ser encontrada nos bailes do Juventus, Ypiranga, Carinhoso e do extinto Kremlin, seus preferidos. Era bonita, com olhos azuis, meiga e simpática. Sua feminina delicadeza não permitiria, jamais, prenunciar nada próximo da brutal violência que tirou sua vida. Dia 28 de abril foi assassinada com requintes de crueldade por Luzinete de Jesus Santos, 23 anos, ex-empregada doméstica, que está presa. As TVs e os jornais contaram todos os detalhes, chocantes, e aqui dispensáveis. Luzinete, que tem Jesus só no nome, é um ser primitivo, mau, de ódio implacável. Esperamos que apodreça na cadeia, para que não volte a assassinar e roubar.

Luciene, pessoa querida, tinha muitas amigas e amigos. Este editor era um deles. Certa noite, saímos de um baile e conversamos até o dia amanhecer, no Franz Café da Praça Benedito Calixto. Conheci então sua inteligência e cultura, profunda sensibilidade e convicções espíritas. Há vários anos separada do marido, teve também em mim um confidente e conselheiro sentimental na sua paixão, correspondida, por um dos meus melhores amigos.

Conheci, portanto, um pouco do seu coração e da sua bondade. Não é fácil comentar tão triste episódio. Sua morte para mim é algo irreparável. Para meu querido amigo, uma perda onde nenhuma palavra de consolo tem efeito, ainda que se tente, para abrandar sua dor. Não há muito o que dizer. Nem mesmo para lamentar a barbárie que se instalou neste país, em contraste com sua beleza e alegria.

Como disse a mãe de um soldado, depois que teus olhos se fecharam, os meus não cessam de chorar. Nós choramos por ti, Luciene, com imensa saudade. Repouse. E leve para o infinito nosso beijo, embalado na música dos bailes que ajudaram você a ser feliz.

Milton Saldanha

Jornalista

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