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Editorial edição 85

"Dance" chega aos 8 anos pregando ética e estimulando a formação de platéias de dança

Milton Saldanha

 Um jornal, mesmo que seja de cultura e entretenimento, tem que ter compromisso com a seriedade e com a honestidade. Dance, que não aceita matérias pagas e não mente sobre a tiragem, não abre mão desses princípios.

Em julho passado Dance completou 8 anos. Conforme o ângulo de análise, isso pode ser pouco, ou muito. Pouco, quando cotejado com instituições que dentro de alguns anos serão centenárias, como a Escola de Danças e Boas Maneiras Madame Poças Leitão, de Silvia e Eduardo Poças Leitão, da terceira geração a manter a mais antiga escola de dança de salão brasileira. Muito, quando comparado com algumas centenas de publicações de pequeno porte, ou alternativas, como se dizia no tempo da ditadura, que não conseguiram emplacar cinco edições ou completar pelo menos um aniversário. A maioria morreu já na segunda ou terceira edição, o que comprova a imensa dificuldade que é entrar e se manter num projeto editorial.

Dance chega aos 8 anos, soma até aqui 86 edições, contando uma regional que não foi numerada, e atualmente se encontra no início de uma nova fase muito interessante, consolidado por grande aceitação e credibilidade, e pela vasta distribuição que já nos permite garantir que é um jornal conhecido no meio dançante de muitas cidades brasileiras, onde tem assinantes, ou foi levado para festivais. E até no exterior, pois é enviado regularmente para Portugal, Espanha e Argentina, fora as várias edições levadas para os Estados Unidos por Fabio Bonini e Danielle Areco, ou que este editor levou para outros países em suas viagens. Mas a forte distribuição, que deu visibilidade ao jornal, está efetivamente concentrada na Região Metropolitana da Grande São Paulo, sobretudo na Capital e cidades do ABC.

Jornalista de carreira, desde 1963, quando comecei no semanário "A Cidade", de Santa Maria (RS), e depois de ter trabalhado em diversos veículos impressos e eletrônicos da grande mídia gaúcha e paulista, entre eles "Estadão", "Caldas Júnior", "Rede Globo", poderia ter pendurado as canetas quando me aposentei, há poucos anos. Em busca da alforria, finalmente livre de patrão, chefe ou sócio, criei o Dance, uma maneira de continuar na ativa mas sem o estresse de antes. Mais ainda, fazendo só o que gosto, que é viajar, descobrir reportagens, escrever, fotografar, editar. E dançar.

O jornal não me permitiu ficar varrendo a calçada, jogando dominó ou torrando a paciência da empregada. Ainda que para muitos o ócio seja o sonho do paraíso, para mim tem cheiro de morte em vida. Dois meses em que fiquei tomando sol e caminhando pela pracinha do bairro para me recuperar da cirurgia no coração, sem nenhum tipo de preocupação que não fosse a saúde, me provaram que ficar sem fazer nada é uma infindável chateza. O que nos preenche, definitivamente, é o trabalho. Desde, claro, que a gente goste do que faz. Todo jornalista passa a vida sonhando ter seu próprio jornal, não importa o tamanho, mesmo aqueles que não fazem o menor esforço para isso, achando que é mais seguro ter um salário. Bem ou mal, dessa frustração já estou livre. O que passa pela cabeça dos colegas não sei, mas na minha isso só tem sentido quando você dá ao seu produto uma configuração responsável e construtiva. Jornal é um instrumento de luta. Sem cair em histerias, sem perder o humor e a leveza inerentes a um jornal que trata do lado gostoso e bonito da vida -- diversão e arte -- Dance vem conseguindo, ao mesmo tempo, ser combativo, crítico, fiscalizador, cobrador de atitudes éticas, formador de opinião e fomentador de educação e elegância. Quem folhear nossa coleção encontrará campanhas de prevenção contra Aids; anúncios inseridos gratuitamente para projetos filantrópicos; apoio a pessoas e eventos que assumiram responsabilidade social. Na área de comportamento, dezenas de editoriais e matérias pregando atitudes e relações civilizadas entre as pessoas. Combatemos a concorrência predatória. Fomos implacáveis com pessoas oportunistas que pretendiam tirar proveito político e financeiro de bailarinos e dançarinos. Não poupamos esforços para induzir profissionais ao crescimento técnico e intelectual, do qual só eles próprios são beneficiários. Com insistência, batalhamos pela ampliação das platéias de dança, em teatros e festivais. Prestigiamos grupos e pessoas de inegável valor, muitas delas que jamais tinham merecido as atenções de algum jornalista.

É assim que se faz um jornal, seja ele sobre vários assuntos ou especializado, como é o nosso caso. Mas não basta só isso. Decência começa em casa. Não adianta escrever cobrando ética quando se mente para os anunciantes. Conheço publicações que rodam 3 ou 4 mil exemplares, se tanto, e anunciam descaradamente que são 20 mil. Criei uma definição para isso: estelionato editorial. Dance já teve tiragem de 15 mil, era muito jornal, sobravam, baixamos para 10 mil, uma quantidade excelente. Se eu fosse ladrão teria mantido a declaração de 15 mil. Só que não sei trabalhar assim, é uma questão de caráter. Aqui o jogo é limpo e aberto: qualquer pessoa, sem exceção, tem nossa autorização para ver o jornal rodando na gráfica. A nosso convite, Silvia e Eduardo Poças Leitão, Marcello Palladino, Sebastião Cabrera (o Tião do Centro Jaime Arôxa) e Andrei Udiloff já conferiram nossas tiragens. Quem se candidatar a ser também auditor será muito bem-vindo e estará nos fazendo um grande favor.

Outra característica do nosso estilo é a recusa a qualquer tipo de matéria paga. São grotescas, o leitor não é burro, percebe. Já publicamos anúncio com formato de matéria, mas no alto constou o aviso de "informação publicitária". A quebra desse princípio decreta a morte da qualidade e desrespeita o leitor.

Isto, amigos, é o Dance! 

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