Preocupei-me em estudar o comportamento humano e a condição da sociedade através da dança de salão e me deparei com uma série de questões que vão muito além de movimentos elaborados e pré-determinados. O cerne da questão está na essência do relacionamento humano e na sociedade, e estes se encontram extremamente desacreditados e abalados. Então, como podemos fazer as pessoas acreditarem que dois prá lá, dois prá cá, possa realmente ajudá-las a se identificarem como pessoa, como ser? Primeiro, temos que estabelecer um conhecimento e uma fundamentação sobre o assunto. Depois, como verdadeiros professores e pesquisadores, devemos reconhecer o homem como um todo, como um ser moral-espiritual, biológico, psicológico, etc. e o social como porta para desenvolvimento deste ser.

Ser cidadão, hoje, no Brasil, não é fácil. E ser artista , professor, e justo professor de arte, pior ainda. Fazer com que as pessoas se olhem, se respeitem, se aproximem, se identifiquem, principalmente através da dança, tem que ser um objetivomuito forte. A dança requer o homem inteiro, no seu eixo, e a vida mais ainda. Portanto, temos que abrir espaços, sem ceder aos caprichos da sociedade "racional", com consciência, desprendimento e arte.

Osvaldo Montenegro cita numa de suas músicas: Que a arte nos aponte uma resposta, porque é preciso simplicidade para fazê-la florecer. Mas é necessário que a arte venha com seriedade, compromisso e competência, além da beleza. Pois, se temos a intenção de acabar com as distorções sociais e culturais, antes de tudo precisamos estudar.