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 Projetos culturais ampliam leque de trabalho no Brasil

Roseli Rodrigues

Embora pareça um tanto conflitante, os campos de interesse do mercado de trabalho e da cultura parecem começar a caminhar juntos no Brasil. O vasto índice de desemprego, que tira o sono de muitos brasileiros, pode estar começando a construir novos patamares relacionados a cultura e, em especial a dança. Para um país jovem como o Brasil, que está construindo sua memória agora, o incentivo a projetos culturais pode ser considerado uma grande carta na manga no combate ao desemprego e na construção da história cultural do nosso país.

A implantação de projetos culturais por todo o território brasileiro começa a ser visível. Atividades que até bem pouco tempo atrás eram praticadas somente por uma pequena fatia da sociedade, agora também são vistas em favelas, comunidades carentes, escolas públicas e entidades espalhadas por todo o Brasil. Aulas de teatro, capoeira, música, pintura, dança e esportes, são algumas das atividades implantadas na formação de cidadãos e novos profissionais. E, por trás de tudo isso, existem centenas de pessoas trabalhando.

A cidade de Joinville, por exemplo, já começou a construir sua trajetória de sucesso na busca de melhores condições de vida. O Festival de Dança, implantado há 21 anos, é um evento que deu certo. Além de empregar centenas de pessoas durante os 11 dias de evento, hotéis, restaurantes e comércio também são beneficiados com o incremento de turistas que visitam a região.

No entanto, o fator mais importante de tudo isso, são os bailarinos que depois de muito esforço e dedicação começam a conseguir se sustentar através da dança. O festival fez com que muitos grupos amadores se tornassem profissionais. O Grupo Raça, de São Paulo, começou a engatinhar há 18 anos quando o festival ainda era realizado no Ginásio Ivan Rodrigues e tornou-se junto com o evento uma companhia profissional e renomada. Joinville conseguiu formar uma das maiores platéias de dança da América Latina, atraindo cerca de 50 mil pessoas para assistir aos espetáculos.

Isso é motivo de orgulho para o segmento da dança. Significa que o os bailarinos no nosso país podem sobreviver do que mais gostam de fazer e, a dança não é mais tida como esporte, mas como uma atividade profissional. Eu mesma deixei de competir e passei a ser convidada para participar de importantes festivais e mostras de dança. Isso é uma grande honra e a prova de que se pode sobreviver da cultura, não somente nos países europeus, mas também aqui no Brasil. O incentivo a cultura pode ser considerado uma importante conquista de nosso país e a grande oportunidade de reverter o quadro de desemprego, inserindo no mercado de trabalho novos profissionais, relacionados direta ou indiretamente à cultura.

O segredo da popularização da cultura no país é o respeito com os artistas e os bailarinos, a organização e a forma com que os temas são tratados, onde nada é imposto e tudo é repensado. Dessa forma é possível ver o crescimento e a conquista desses profissionais no mercado de trabalho. Outros itens importantes são as competições, os debates, mesas redondas, exposições de vídeo, cursos e oficinas que os eventos culturais realizam. Que os diversos festivais espalhados pelo Brasil sejam apenas o começo da construção de uma nova história cultural em nosso país e que sirvam como forma de incentivo para projetos culturais em outras regiões, ajudando no combate ao desemprego e na valorização profissional de bailarinos e artistas ligados a arte em geral.

Milton Saldanha Jornalista

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