Editorial edição 91

Milton Saldanha

Virgínia Holl leva 

Dance Club aos 8 anos. Que luta!

 Nunca esquecerei o dia em que recebi a visita de Virgínia Holl. O jornal Dance tinha pouco mais de um ano de vida quando ela me procurou para falar sobre uma idéia: queria fundar um clube de dança, desvinculado de qualquer academia ou casa dançante, portanto sem bandeira – ou com uma única e grande bandeira, a dança de salão como qualidade de vida. Isso, para o jornal, já era no mínimo uma boa pauta. Minha primeira atitude, como faria qualquer jornalista, foi pedir segredo e garantir a exclusividade da informação. Além da boa notícia, nascia ali uma grande amizade com a Virgínia, alicerçada na sua integridade de caráter e na minha admiração por todas as pessoas empreendedoras, que aceitam riscos e sacrifícios para ver um sonho tornar-se real.

Naquela mesma época, fruto dos meus devaneios, eu trabalhava num projeto bonito e bem intencionado, mas que logo se mostraria totalmente irrealizável. Era também uma espécie de clube, o "Dance Amizade", que pretendia tirar pessoas da solidão colocando-as nos bailes. Ora, eu mal dava conta de colocar o Dance na rua (era também editor-chefe do "Jornal do Economista"), e queria abraçar o mundo. O "Dance Amizade", que chegou a ter algumas adesões, dava um trabalho danado, exigia tempo e dedicação. Resolvi esquecê-lo e o jornal Dance passou a apoiar o Dance Club de Virgínia Holl. A proposta, claro, era diferente. Só que, na essência, tudo desemboca no mesmo ideal: a promoção, organização e fortalecimento da dança.

Por causa do nome, por um bom tempo muitas pessoas pensavam tratar-se de atividade vinculada ao jornal. Nunca foi.

Hoje, 8 anos depois, mais madura e experiente, como todos nós, Virgínia não perdeu o essencial: o sonho. Guerreira, tenta agregar os dançarinos da Grande São Paulo. O ABC saiu na frente, abriu um caminho – estimulado desde muito antes por este jornal, diga-se por justiça – quando passou a relatar com entusiasmo o pioneirismo do pessoal de Florianópolis na criação da ACADS – Associação Catarinense de Dança de Salão.

Virgínia amargou prejuízos, várias vezes pensou em desistir, chegou a colocar o clube em recesso, mas volta sempre, revigorada pela vontade de fazer. Essa é a maior das virtudes, e graças a ela este jornal também não parou, pelo contrário, busca agora, às vésperas de completar 9 anos, um alcance ainda maior, com suas edições na Internet.

Virgínia acabou de fazer uma festa memorável, comemorando os 8 anos. O Carioca Club estava lindo, e as pessoas se entrelaçavam na pista com energia positiva, solidárias e felizes. É a hora do sucesso, que merece ser sorvida como um doce mel. Mas certamente ela sabe que terá novos desencantos, presentes e futuros. Mas quem não tem? É a realidade. A roda da vida é assim. Ela nos instiga a voltar sempre, insistir. Morrer insistindo. Até que o sonho, no dia do destino, também morra com a gente.

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