A vila de Itaúnas, no município litorâneo de Conceição da Barra, Espírito Santo, pertinho da divisa com a Bahia, está preparando o 3º Festival Nacional de Forró, marcado para a terceira semana de julho. São esperadas cerca de vinte bandas típicas, na verdade trios formados por sanfona, zambumba e triângulo, que disputarão o título de campeã do festival. Estarão, portanto, dando o melhor de si, só com músicas inéditas, tocando cada uma por cerca de meia hora, enquanto os dançarinos se esbaldam na pista de dança do famoso Forró de Itaúnas, dirigido por Paulão. No final, depois de quatro etapas, as 12 melhores bandas participam da gravação de um CD, só com músicas inéditas. O Festival reúne média de 800 pessoas nos primeiros dias. Nas fases semifinal e final esse número pode beirar as 1500 pessoas. A maior festa é no último dia, sempre um domingo.

Ali, na vila de 1.500 moradores, vai rolar forró noite e dia. Aliás, como de hábito, pois Itaúnas é conhecida como a Capital do Forró. São raros os períodos em que o ritmo não se espalha quase 24 horas por dia por suas ruas de terra, muito arborizadas, podendo chegar até mesmo no alto das dunas de areia que emolduram a praia, o cartão postal do lugar. Para quem aprecia um aperitivo, o revigorante é a Xiboquinha, fabricada na vizinha cidade de São Mateus, e cuja fórmula, com não duvidáveis poderes afrodisíacos, acorda até defunto: cachaça, canela, catuaba, gengibre e guaraná.

Lá, a galera tem que esquecer tudo e cair de corpo e alma na dança, no mar, e no doce ócio que Itaúnas inspira. Para os mais dispostos, há ainda as opções do turismo ecológico pelo Parque Estadual de Itaúnas, caminhando, a cavalo ou de buggy, conforme o gosto de cada um. Basta procurar a Casinha de Aventuras, do Sidney Ataíde, a única agência de turismo. Ele cuida de tudo, seja ecoturismo, hospedagem, esportes de aventura, eventos e até mesmo forró.

Paulão, do Forró de Itaúnas, estava se formando em Geografia quando foi conhecer a região a trabalho, em 1986. Gostou tanto que se mudou para lá. Abandonou a profissão e virou dono de bar. Três anos depois, entrou de cabeça no forró, ao perceber que era o que todo mundo queria dançar. Tinha levado na bagagem 42 LPs, opções de ritmos não faltavam, mas não adiantava insistir. A vocação era para mais pura alegria, com as melhores raízes culturais da nossa terra, tudo combinando com o despojamento de uma praia sem qualquer luxo, onde é simplesmente impossível não se sentir a vontade.

Na semana que antecede o Festival Nacional de Forró, iniciativa privada, que tem também o bar Buraco do Tatu, rola o Circuito Nacional de Forró, criado pelo prefeito Chico Donato, de Conceição da Barra, a sede municipal. A festa da Prefeitura coloca celebridades no palco, nomes como Alceu Valença e Dominguinhos, e atrai grandes multidões. Um evento rivaliza com o outro, rolam algumas queixas, como a de falta de estrutura da vila para receber de repente tanta gente. Mas a verdade é que os donos das pousadas não se queixam, afinal todas ficam lotadas.