Ano III - Nš 12 - Fevereiro de 1999

 

Retorna

 

 

Hosted by
Agenda da Da

 

 

 

EDITORIAL

 

Sobre o que se lê nos jornais e revistas:

O conhecido consultor de empresas, Waldez Ludwing avisa: "as profissões que não usam o cérebro tendem a acabar". O mercado vai exigir, cada vez mais, o empreendedor com alma de artista, que sobe no palco até mesmo com pneumonia dupla. E tece comparações interessantes: "se o Teatro Municipal do Rio tem 150 empregados e a Volkswagen, em Resende, só 350, por que não abrir mais cinco teatros?"

 

Um prêmio para a melhor reposta dirigida ao nosso jornal.

 

Neste parágrafo, uma pista:

Bancos e instituições financeiras não recolhem praticamente nada aos cofres da Receita Federal. Se adotassem o "SIMPLES", que um repórter informa "ser um tipo miudinho, destinado a microempresários", eles pagariam quatro vezes mais do que pagam hoje. Outra informação é a de que 303 grandes empresas, 49%, nada recolhem ao leão, abatendo tudo no cardápio de incentivos fiscais. Lê-se mais: que os incentivos fiscais nem sempre vão para as Artes. Uma empresa de seguros, por exemplo, abate do seu Imposto de Renda dois milhões de reais por uma árvore de Natal, fazendo propaganda de si mesma.

 

Um esclarecimento:

Do tal "SIMPLES" estão excluídos: empresário, diretor ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, fisicultor, professor e "assemelhados".

 

Como se pode ver, não é tão SIMPLES assim e por isso sobem nos palcos os artistas com dupla pneumonia.

 

No entanto achamos algo interessante para a reflexão:

Conversavam o Gato e Alice no País das Maravilhas:

- Então não importa que caminho você tomar - disse o Gato.

- Desde que eu chegue a algum lugar - acrescentou Alice à guisa de explicação.

- Oh, claro que vai chegar - falou o Gato. Desde que você ande bastante...

 

E uma boa notícia para quem se dispõe a enfrentar a caminhada:

O Sindicato dos Profissionais da Dança de São Paulo se mobiliza para que a aposentadoria dos profissionais da dança ocorra aos 45 anos de idade, a exemplo de outros países...

 

INTERNAS

 

Prática

A cada sexta-feira, aumenta o número de participantes na Prática. Aberta aos alunos da Mimulus, recebe também visitantes e outras pessoas que querem dançar de forma mais descontraída, treinar e conhecer mais pessoas.

 

E por falar em prática...

Ao fazer aulas de dança, recomenda-se:

 

Falando em Mimulus...

Novos alunos sempre perguntam por que esse nome? Mimulus é um floral de Bach. Uma medicação para os tímidos, para os que sentem medo. É a planta da coragem...

 

Boas notícias

Ao que tudo indica, a Mimulus terá o apoio necessário para 24 realizações do Pôr-do-Sol, no período de julho de 99 a julho do ano 2.000. Ufa!

 

Viagens

Retornaram os professores, Jomar Mesquita e Bruno Ferreira, do sul da Bahia. Ambos estão achando difícil se adaptar ao fuso horário mineiro. Ocorre que, em Itaúnas, o forró começa às duas da manhã e termina às nove. Aqui, hora de acordar.

 

Em março, Jomar Mesquita e Juliana Macedo vão estar em Madrid dando aulas no Círculo de Baile e já se preparam para o Festival Internacional do Tango de Paris, em junho, para o qual foram convidados.

 

 

PANORAMA

 

Fica o dito pelo feito

Dona Ruth Cardoso proferiu recentemente palestra no Fórum de Integração Cultural Arte sem Fronteiras, no MAM. Segundo ela, "a arte, as formas de comunicação, as manifestações estéticas, atravessam fronteiras e períodos históricos". E exemplifica: "a bossa nova e o tango tiveram origem local e foram apropriados numa internacionalização que não é ruim..." Experiência própria: D. Ruth Cardoso surpreendeu o Brasil dançando tango em uma festa. Disse ter aprendido em Araraquara e afirma: "no interior do Brasil todo mundo dança tango..." Como se vê, a globalização não é tão moderna assim.

 

Globo de ouro

Quarenta e cinco países concorreram ao prêmio de melhor filme estrangeiro. Entre eles, a Suíça, Tailândia, México, Macedônia, Suécia, Índia. A Espanha concorreu com "Tango" de Carlos Saura. Ganhou Central do Brasil. O Brasil é, para o resto do mundo, um pouco mais do que carnaval e futebol.

 

A pequena notável

Carmen Miranda nasceu em Portugal, veio para o Brasil com 10 anos de idade, morreu em 1955, aos 46 anos, tempo suficiente para ser a atriz melhor remunerada de Hollywood - mais que Greta Garbo - e a personalidade mais conhecida da América Latina. Morreu triste com o Brasil, onde, um ano antes de sua morte, se apresentou para um público frio no Cassino da Urca. Reclamou em ritmo de samba. Em "Disseram que voltei americanizada" pergunta pra que tanto veneno, se nas rodas de malandro dizia eu te amo e nunca I love you e que, enquanto houvesse Brasil, ela seria do camarão ensopadinho com chuchu..." Se estivesse viva, estaria atenta às discussões sobre a sua influência na moda, no tropicalismo, museu, livros, músicas e homenagens pela passagem dos seus 90 anos.

 

Pequenos anúncios

Nos jornais mineiros encontramos convites para bailes de descasados - grupos criados para amenizar a solidão daqueles que perderam as referências de relacionamentos anteriores. A separação de um casal costuma destruir também o grupo de amigos e é encorajador estar ao lado das pessoas que passaram pela mesma experiência. Os grupos promovem tantas atividades de integração que correm o risco de se dissolverem, face às grandes possibilidades de se constituírem novos casamentos. Nos bailes, acontecem coisas extraordinárias, como ex-marido e ex-mulher dançando juntos, afinal, os dois lados têm o direito de participar. Como disse Henry Kissinger: "Ninguém vencerá a guerra dos sexos. Há muita confraternização com o inimigo".

 

E por falar em relacionamentos...

Coisa boa é aprender com a natureza: os pulgões, tão comuns nos jardins, mantêm uma relação estreita com as formigas. Quando se encontram, o pulgão a toma por inimiga e dispara uma gota de açúcar como defesa. A formiga entende diferente, toma o pulgão por aliado e, agradecida, até o protege de eventuais inimigos...

 

Delito por dançar o cha-cha-chá

É o título do novo livro do escritor cubano Guillermo Cabrera Infante, que nasceu em Cuba e se auto-exilou em Londres depois de ter se desentendido com Fidel Castro. Sem dúvida, a distância e a saudade alimentaram o seu talento. O conteúdo nada tem a ver com a dança, mas suas entrevistas são carregadas de opiniões sobre ela. Para ele, o tango é mais coreografia do que música - um pretexto para dançar. Sobre o fado, afirma preferir o desenfado do samba, que conhece bem. Já foi assaltado no Rio e conta que quando esteve aqui com Fidel Castro, o ex-amigo ficou decepcionado porque havia apenas uma pequena comitiva esperando por ele no aeroporto e, no caminho para o hotel, ficou furioso ao ver a fila de brasileiros que se formava para ver e ouvir o cantor negro e americano Nat King Cole.

 

Enquanto isso, no baile...

Muito bem sucedida a exposição do artista, e professor de dança de salão, Renato Carrato, instalada no Crav/Centro de Referência Audiovisual, na Serra. O cartunista explica que fez os desenhos como se montasse uma coreografia. Entre as diversas cenas do baile as ligações ficam por conta do humor, dos objetos e pequenos animais que inusitadamente delas participam. Um dos seus trabalhos foi adquirido pela Mimulus e vai fazer parte do projeto "Dança com Arte". Vale a pena procurar saber onde Renato Carrato fará a sua próxima exposição.

 

UM POUCO DA NOSSA HISTÓRIA

 

Festivais

Participar de festivais é uma aventura que rende muitos casos engraçados. Da primeira vez, a Cia fretou um ônibus leito. Pois houve quem viajou de pijama e desceu nos restaurantes com o travesseiro debaixo do braço.

 

Uma festa antecede as apresentações, outra comemora os resultados. Mas, há muito trabalho nos entretantos. Um dos mais maçantes é o de nomear e justificar o trabalho: escrever o release. Geralmente fica para a última hora e há quem diga - "escreve qualquer coisa... O que importa é o trabalho". Mas a gente pensa em ter que escrever bonito e com um certo toque de incompreensibilidade. Então tivemos um que era assim: Transparências: plural de masculino e feminino e cujo significado aqui é o da limpidez, embora muitas vezes, durante a nossa apresentação, raios luminosos sejam percebidos através das pessoas que dançam ou das que nos assistem... hoje a gente lê e ri dessa coisa mais sem sentido e pretensiosa. Mas... fomos premiados.

 

Aliás, a participação em festivais vale tanto pelas avaliações gabaritadas de um trabalho quanto pelo risco que se corre de ser injustiçado e reclamar depois. O que não pode é ter medo de se expor. Certa vez apresentamos Malandros & Rebeldes, título facilmente justificável: tinha a malandragem do samba e a rebeldia do rock. Melhor ainda, tinha o famoso swing "In the Mood" tocado em ritmo de samba por Raul de Barros. Uma das juradas, pouco atenta, deu nota baixa e criticou a Cia por dançar o swing como samba. O seu descuido não nos tirou o primeiro lugar, mas feriu os brios do grupo. Na primeira oportunidade, lhe foi enviada a gravação mostrando que o swing era samba mesmo. Não queríamos deixar tão má impressão.

 

Participar de festivais é muito saudável. A nossa proposta de mostrar que a dança de salão pode estar no mesmo nível das outras modalidades de dança valeu a pena e muitos troféus. Mas chega uma hora que cansa. Ônibus leito, só uma vez na vida: já passamos noite inteira em ônibus quebrado, na beira da estrada, com fome e sem travesseiro.

 

ENTREVISTA

 

Júnior:

um emissário do tango

 

 

* Júnior é brasileiro mas destacou-se na Argentina, onde participa dos melhores espetáculos de tango. Esteve em Belo Horizonte em novembro de 98 para participar das comemorações de aniversário da Mimulus, ao lado de Cecília Saia, uma das mais competentes profissionais do tango da atualidade.

 

 

Júnior, como foi para você Belo Horizonte?

Eu quero parabenizar o trabalho magnífico da Mimulus. Não o conhecia e foi um prazer participar do espetáculo de aniversário. Não vi um showzinho de fim de ano de uma academia, mas, idéias de qualidade, originalidade e a capacidade de levar verdadeiros artistas ao palco - e com amor - que é o segredo de tudo. Fiz aqui muitos amigos. Foram dias inesquecíveis e espero voltar breve.

 

Qual é o significado da dança para você?

A dança é minha vida. Dá sentido a tudo que eu faço. Eu amo o que faço no palco e amo passar isso aos alunos. O que eu sinto é semelhante a gostar de chocolate, não ter problema de peso e ainda ganhar dinheiro para comer chocolate o dia inteiro. Sou um dependente da dança e agradeço ter na minha vida um vício tão benéfico. Eu poderia estar, como muitos da minha geração, viciado em drogas, mas, felizmente, sou um viciado em dança.

 

Você é um dançarino ou um bailarino?

A discussão dessa diferença acontece somente no Brasil e parece preconceituosa. O Código Brasileiro de Funções fala apenas em bailarino. Em inglês todos são chamados de "dancers" e, em espanhol, "bailarin". Acho que o que se quer é diferenciar o dançarino de salão do bailarino - o que dança o clássico, o jazz, o contemporâneo.

Eu sou bailarino quando me apresento, dançarino quando curto uma pista e professor quando dou aulas. Como me apresento muito mais vezes do que dou aulas, considero-me mais como bailarino. Acontece que muita gente que se diz dançarino ou bailarino, é apenas professor de dança. Quem se dedica mais tempo a dar aulas deve ser chamado de professor.

O trabalho dos dois profissionais é igualmente importante. Um não existe sem o outro e é quase certo que o futuro de um bailarino é o de professor ou coreógrafo.

 

O palco é mesmo mágico e gratificante?

Eu procuro passar o amor que eu sinto pela dança nas aulas e no palco e transmitir ao público sentimentos e emoções através do meu corpo. Fazer passos e movimentos qualquer um pode fazer, mas, a mágica está além da técnica. Quando sinto que alcancei um objetivo sinto-me gratificado e também quando percebo que as pessoas gostaram do que viram ou aprenderam. Ver o resultado do meu trabalho é o melhor pagamento que eu posso ter.

 

E o que é complicado?

A inveja. Há espaço para todos e não precisamos nos tratar como concorrentes ou inimigos. Se somos todos profissionais - ainda que alguns melhores e outros piores - só os inseguros precisam constantemente estarem falando que são bons. Eu prefiro ouvir...

 

Faça um panorama da dança de salão no Brasil.

A dança tem crescido por aqui. Quando eu saí de São Paulo, em 1992, não se dançava o soltinho, nem o samba de gafieira. Hoje estamos nos profissionalizando mais. A qualidade da dança e dos profissionais melhorou muito. Mas ainda falta no Brasil quem invista em shows de qualidade, como o João Carlos Ramos, da Cia Aérea de Dança do Rio e vocês, da Mimulus. O tango deve muito aos espetáculos. Se ele é conhecido e dançado no mundo todo foi por causa dos espetáculos: "Tango Argentino", o "Forever Tango" e "Tango Passion", além das diversas alternativas que Buenos Aires oferece.

 

Você é também um emissário do tango. Vive viajando e estreou o seu próprio show no Japão. Como é o seu trabalho por lá?

Dar aulas no Japão é como estar em casa. Já estive lá 10 vezes e falo bastante o idioma deles. Os japoneses são tecnicamente ótimos, aplicados e constantes. A maior dificuldade deles é a expressão de sentimentos. Eles os têm. Gostam muito das danças latinas, dançam bem, mas, como ficam preocupados em copiar os modelos ocidentais e, por questões culturais, perdem a expressividade.

 

Quer dizer que o filme "Dance Comigo" é bem fiel...

Sim. O Shall we Dance mostra a verdadeira febre com o Ballroon Dance e os preconceitos japoneses quanto à demonstração dos sentimentos. Como a Dança de Competição é muito "da cara para fora" e pouco transmite, eles a fazem bem. Não questionam os padrões. Eles obedecem as regras impostas pelo comitê de Ballroom e dançam livre, o que é permitido como, por exemplo, a salsa.

 

 

Você acha então o Ballroon Dance menos expressivo?

A inexpressividade não ocorre só no Ballroom. Em todos os estilos poucas pessoas sentem de verdade o que querem transmitir. Há uma diferença entre dançar para o público ou para si mesmo. O público gosta mais se eu danço prazerosamente. Os latinos são mais "calientes" do que os americanos e os japoneses. É visível a diferença.

 

E você iria para as Olimpíadas?

Se houvesse uma categoria que incluísse o tango que eu faço. O que eles avaliam é muito diferente. Não me especializaria no Ballroom apenas para me exibir.

 

O que você nos sugere com sua experiência?

Para crescer é preciso amar, acreditar, ter determinação e suar. Para que te respeitem, você tem que, primeiro, se respeitar. As ações coletivas são mais poderosas do que as individuais, por isso é importante que as categorias se agrupem. Na Argentina não existem academias de dança de salão (se a Mimulus quiser abrir uma filial por lá estou pronto para ajudar). Pertencemos ao Sindicato de Músicos e Atores e trabalhamos, quase sempre, como autônomos. Mas nós todos precisamos pensar em um órgão para, através dele, resolver as questões ligadas ao nosso futuro. Tomar como exemplo o que acontece hoje com os nossos primeiros professores e profissionais idosos e, inclusive, procurar ampará-los. Eu percebi a preocupação da Mimulus a respeito desses assuntos e apoio. Contem comigo aqui e em Buenos Aires.

Um forte abraço para todos vocês.

 

 

MIMULUS CONVIDA

 

Encontro de Administradores da Dança de Salão

que fará realizar nos dias 21 e 22 de maio de 1999,

em Belo Horizonte

 

 

Abertas as inscrições para apresentações de trabalhos, sugestões e participações.

 

Observações:

Esse conteúdo poderá ser modificado conforme novas propostas.

Os palestrantes serão escolhidos conforme a abrangência do seu conhecimento.

Maiores informações pelo telefone: (031) 344.2882

 

 

MÚSICA

 

"O último tango" lives...

Os apaixonados pela trilha sonora do filme "O último tango em Paris", já podem aposentar o antigo vinil. Fora de catálogo há quase duas décadas, o trabalho do saxofonista argentino Gato Barbieri que lhe valeu um Grammy, está de novo nas lojas de discos com o selo Ryko/ST2. O filme, mais famoso ainda por ter sido censurado nos anos 70 pela ditadura, levava bandos de brasileiros aos cinema parisienses para ver Marlon Brando nas tórridas cenas de sexo. Embora a história lembre um obscuro tango, Barbieri optou por interpretações tão clássicas que transcenderam o filme e virou cult. De quebra, o novo disco traz 27 minutos de música a mais do que o original. Curiosamente, em duas faixas ouve-se o berimbau do percussionista pernambucano Naná Vasconcelos que mudou-se para a Europa para tocar na banda de Barbieri.

 

Pernambuco falando para o mundo

Título do novo CD de Antônio Nóbrega, recomendado para quem deseja conhecer frevos, dobrados, modinhas e maracatus, fugir do comercialismo do forró, educar o ouvido e desenvolver o bom gosto musical. Sem o apoio da mídia, o grande artista Antônio Nóbrega vai conquistando o merecido respeito pela sua obra.

 

 

Bom. Zezé de Camargo e Luciano resolveram cantar tangos e clássicos....

 

CINEMA

 

Grandes esperanças

"Beija-me, beija-me muito. Cada vez que colo no seu beijo ouço canções divinas. Abraça-me meu amor. Diga-me que será meu. Esse prazer é novo meus braços contornando o seu corpo..."

Essa é a versão estranha do Beza-me mucho em "Grandes Esperanças". Baseado em um conto de Charles Dickens, o filme tem Anne Bancroft no papel de uma mulher rica, enlouquecida por ter sido abandonada pelo noivo, no altar, vivendo nas ruínas de sua mansão e ouvindo o tempo todo o clássico bolero, que em nenhum momento fala em última vez... É preciso ver o filme atento a três detalhes: às aulas de dança, aos quadros do pintor Francesco Clemente e ao tanto que podemos aprender com os loucos.

 

Lição de tango

Um filme onde Pablo Veron faz o papel de Pablo Veron e Sally Porter faz o papel de Sally Porter. Não podia ser diferente, já que a proposta é contar o que aconteceu com os dois na vida real. Diretora de cinema, ela começa a fazer aulas de tango e se apaixona pelo professor. Aluna empenhada, como se pode ver, no filme em preto e branco, de fotografia primorosa. Dedicando o filme ao pai, a diretora/atriz termina obras com o texto: "De onde você veio, de onde, de onde? Da terra, da água, do fogo, do ar... quando dançamos tenho certeza de que o conheço de algum lugar. Você é eu e eu sou você. Um é um e um é dois..." Só que a paixão de um pelo outro acabou. Estão separados, mas ainda amam o tango.

 

Shall we dance!

Muitas pessoas enfrentam a falta de objetivos na meia idade. A juventude é cheia de objetivos. A meia idade, muitas vezes, nos confronta com a suspeita de que perdemos tempo e que precisamos buscar novos e nobres objetivos ainda.

 

Esse é um lado que o filme japonês, e ainda em cartaz, nos mostra. Para o operário japonês (será que só para ele? O filme mostra os preconceitos da cultura japonesa, que parecem ser os mesmos nossos, com a diferença apenas de graus...) comprar uma casa é a meta. E depois? Nesse caso, aprender a dançar deu novo sentido à sua vida.

 

Vai o povo quietinho para o cinema e daqui a pouco aumenta consideravelmente o número de homens procurando as academias... Certíssimo!

 


RITMOS

 

A salsa dançada em grupo

A roda de casino cubana

 

A salsa dançada em grupo surgiu em Havana, Cuba, primeiramente como uma coreografia criada pela Cumparsa de um dos maiores e mais populares clubes da cidade: o Casino Desportivo (daí o nome). Tamanho foi o sucesso da coreografia que logo se tornou uma nova dança de salão com todas as características de improvisação, porém, com a original e interessante particularidade de ser dançada em grupo. Em cada bairro de Havana, novos passos foram criados e incorporados, popularizando a roda de casino de tal forma que hoje em dia é tão dançada em Cuba quanto a salsa.

 

Na Europa alcançou igual êxito, através de muitos professores cubanos ali radicados. Na Espanha, o sucesso alcançado e a grande procura por parte dos alunos, levou os professores do Círculo de Baile a criar o Rock'n Roda, que é como o Casino, porém no ritmo e movimentos do Rock.

Por ocasião da visita de Júnior, artista argentino, em novembro passado, tivemos a oportunidade de experimentar a Milonga em grupo, provando que há muitas possibilidades para se formar uma roda e fazer da dança de salão uma atividade cada dia mais interativa.

O casino é dançado ao ritmo da salsa por um grupo de casais que formam um círculo onde um dos dançarinos conduz o grupo "cantando" os nomes dos passos, exigindo atenção e ao mesmo tempo produzindo a descontração de todo o grupo, por ser extremamente divertido de se dançar. Nos bailes, produz alegria e socialização.

 

A Mimulus foi pioneira no ensino desse estilo aqui no Brasil. O casino atualmente é um dos ritmos que mais divertem os alunos nas suas aulas e nos bailes. É inclusive uma forma bem descontraída e didática de se introduzir a salsa aos alunos iniciantes, pois estes assimilam a técnica e incorporam os movimentos sem perceber - e se divertindo. Nos espetáculos da Mimulus o momento da apresentação da roda é um dos mais esperados e empolgantes, quando reúne na pista desde o mais jovem dançarino da Cia, com 14 anos, até o mais maduro, com 60.

 

Jomar Mesquita

 

As aulas de salsa e outros ritmos caribenhos podem ser feitas toda segunda-feira, às 21:30h, na Mimulus.

 

MIMULUS DANÇA DE SALÃO: NOVAS TURMAS E HORÁRIOS

 

CURSO BÁSICO DE DANÇA DE SALÃO

Toda segunda-feira, às 19:30h

toda quinta-feira, às 19:30h

e todo sábado às 17:00h

 

ZOUK E SALSA

Toda segunda-feira, às 21:30h

 

SAMBA NO PÉ

Toda segunda-feira, às 19:00h

 

FORRÓ

Toda terça-feira, às 20:30h

 

SWING E ROCK

Aos sábados às 19:00h

 

FACILITADORES DA DANÇA

Um curso muito especial!

Toda quarta-feira, às 21:30h

 

Liberação da taxa de matrícula na inscrição de dois programas e descontos progressivos.

 

 

PRÓXIMO ESPETÁCULO DA MIMULUS

CIA DE DANÇA

 

Dia 27 de março, às 22:00h, no Galpão da Rua Ituiutaba. Antecipe a sua reserva!

 

ASSUMINDO DESAFIOS

 

A dança de salão como um exercício de fazer laços

 

Karin Birgit Bottger é professora de Anatomia Humana na UFMG e descobriu a dança de salão há 11 anos. De viagem marcada para a Alemanha, já contactou com seus familiares que lá residem a fim de saber onde poderá fazer aulas durante a sua estada. Para ela, a dança é a alegria, a soltura e uma forma especial de fazer amigos. Soube que em Hamburgo há uma febre de tango e vai pronta para o contágio. Há cinco anos faz aulas na Mimulus e promete: "Só saio daqui de bengala..." Em contrapartida, todas as vezes que precisamos remanejar um horário, nos perguntamos: a Karin pode?

Pois, não dançam as pessoas enlaçadas? E não é a dança de salão o exercício de formar laços entre as pessoas, independente da idade ou do que façam?

 

SINTONIA

 

"Só mesmo com muita dedicação, entusiasmo e amor, conseguimos realizar algo gratificante e reconhecido. É assim que vem sendo destacado o trabalho nas Obras Sociais Pavonianas, com o professor Jomar Mesquita.

 

Há dois anos, esse voluntário dedicado tem se mostrado atento e fiel ao ensinamento da dança de salão no seu desejo de transmitir a magia da dança às crianças empobrecidas que nunca teriam a oportunidade de freqüentar uma academia.

 

A dança, nas Obras Sociais Pavonianas, é um sucesso tão grande que Jomar, com seu carisma, consegue despertar o entusiasmo e a participação até mesmo das crianças pequenas. Com o seu empenho e disponibilidade, está sempre colaborando com a instituição nos dias festivos - Festa da Família, Semana Pavoniana, Festa de Natal... levando a alegria aos pais dessas crianças ao verem seus filhos dançando com tanta empolgação.

 

Jomar, com o seu desejo de contribuir um pouquinho mais para a felicidade destas crianças, leva algumas delas a participar gratuitamente das aulas de dança que acontecem na academia. Nós, diretor, coordenadores e todos os funcionários das Obras Pavonianas queremos agradecer pelo privilégio de poder ter conosco um profissional tão entusiasta e fiel, contagiante e dedicado, que desperta cada vez mais o interesse das crianças pela dança.

 

Os nossos sinceros agradecimentos ao Jomar.

 

Padre André Callegari , Diretor das Obras Sociais Pavonianas, onde Jomar Mesquita trabalha semanalmente como voluntário.

 

 


 

Visite a

home page da Mimulus Dança de Salão

 

htt://www.dancadesalao.com/mimulus

 

 


 

SAÚDE

 

 

 

 

 


INTERCÂMBIO

 

"Leio todos os jornais e, realmente, a equipe está de parabéns pela qualidade das matérias. Ele explica bem a difícil realidade de trabalhar sem apoio, trabalhar bem e ainda ouvir abobrinhas de quem não entende nada.

A dança de salão pode ser respeitada. As pessoas precisam buscar informações, ver as coisas mais de perto de quem estuda, busca, desenvolve um trabalho sério e mostra resultados.

Minha Cia ficou seis meses nas estações de Metrô, aqui no Rio, e, mesmo numa cidade como a nossa, 90% das pessoas nunca assistiram uma aula, uma apresentação, e muitos dizem: 'é, meus pais dançavam assim...' Uma piada!

 

É como a Baby colocou: as pessoas falam duas palavras e dizem que falam o idioma... nivelam por baixo e isso é fácil. A verdade é que muitos não sabem nem abraçar o sexo oposto. Poucos possuem fundamentos, conhecem as diferenças, sabem definir e limpar movimentos. É preciso mesmo divulgar, orientar, esclarecer sobre a dança. Nós procuramos levar a dança a todos os lugares, mostrando um pouco desse infinito universo. Desenvolvemos um programa de ensino partindo do princípio de que todos podem dançar, independente do sexo, físico ou idade. Ensinamos que dançar é mais do que dar saltos e giros no ar. A dança usa a mente, o sentimento e a razão. Nós buscamos dar uma formação global para o aluno e lhe proporcionar um desenvolvimento físico, motor, intelectual, social e cultural. Percebemos a dança em seus fins lúdicos, terapêuticos e também como um caminho profissional.

Feliz 99 para todos - Vamos lutar mesmo para termos patrocínio, teatros, remuneração digna, respeito. Breve estaremos inaugurando a nossa escola e esperamos que vocês possam estar presentes.

Um grande abraço de Bob Cunha"

Bob Cunha é do Rio de Janeiro, professor de dança de salão e bailarino. Em 1997 veio a Belo Horizonte especialmente para conhecer o trabalho da Mimulus.

 

RIO TANGO

 

Eric Müller & Jeusa Vasconcelos convidam para o Encontro Internacional de Tango e Gafieira, que vai acontecer no Rio de Janeiro, nos dias 3 e 4 de abril. Além de workshops de tango e samba, o baile, que será realizado no clube da Aeronáutica, vai dividir o palco com duas grandes orquestras: a argentina Jorge Dragone e a brasileira Cuba Livre.

 

Maiores informações pelo telefone (021) 552.3886, ou no endereço:

<riotango99@aol.com>.

 


FAX

 

De: Baby

Para: todos

 

Eis,

cá estamos em New York falando um inglês não muito usual, quer dizer, só nós usamos. Mas pouco importa, já que estamos entre milhares de turistas do mundo inteiro, facilmente identificáveis porque usam as mesmas luvas e gorros comprados às pressas no camelô da esquina e que também não falam inglês.

Quem é nova-iorquino mesmo? Parece que todos o procuram. Quando outros turistas me tomam por americana, me tratam com muito respeito, sorriem, ficam comportados e abrem as portas para eu passar.

 

Faz um frio terrível. João teme que suas orelhas congelem e caiam no chão. Hora chove, hora venta, hora neva. Assim sendo, o melhor programa é permanecer muito tempo dentro das lojas, quentinhas, comprando. Já comprei sapatos masculinos feitos no Brasil e femininos feitos na Espanha. Cofrinhos em formato de taxis amarelinhos, o símbolo da cidade, feitos na Tailândia e roupas de Donna Karan, que eu achava ser o máximo da americanidade, made in China. Fico, então, me perguntando o que fazem os americanos?

 

A 90 dólares o ingresso - agora sei o que se chama fuga de dólares - assistimos o espetáculo Fossie. Calculamos uma bilheteria em torno de 50 mil, o que possibilita mais ou menos 8 cortinas em cena - e nós sem nenhuma. Vimos também Smokey Joes Café e confirmamos o quanto somos pobres. Tanto que nem vamos assistir O Fantasma da Ópera. Aliás, hoje, dia 31 de dezembro, decidimos que não vamos fazer mais nada. Principalmente o que depender de ficar tirando roupa. Ocorre que estamos andando com quase todas as que trouxemos ao mesmo tempo e, tanto vestir quanto desvestir, é muito complicado. Se formos a um dos milhares bailes anunciados e a gente for tirando as peças na medida em que os swings e as Big Bands nos aquecerem, vamos ficar muito esquisitos.

 

Vamos começar o ano de 99 sem muito alarde e com muita paz de espírito.

Saudades,

 

Baby

 

Em tempo: impossível levar de presente as bolsas Louis Vuitton nos modelos Salsa e Tango - a US$ 415,00, medindo 25 X 25cm (próprias para quem carrega pouco dinheiro...), estão esgotadas nas lojas daqui, que só aceitam encomendas para o ano 2000.

 


CARTAS E E-MAILS

 

"O Centro de Documentação e Informação da Funarte tem o maior interesse em obter, a título de doação, os exemplares anteriores e posteriores ao Ano II - Nš 11 - Outubro/98 do jornal Mimulus em Movimento"

Helena Dodd Ferrez - Rio de Janeiro

 

"Dança é arte e é isso que vocês estão fazendo há cinco anos. Parabéns! Desejo que vocês continuem seguindo em frente, para o bem da arte brasileira. Meu abraço para toda a equipe da Mimulus, que é maravilhosa".

Claudia Duffles - Belo Horizonte

 

"Quero cumprimentá-los pelo jornal, que está cada dia melhor. É o único que leio inteiro. Os temas tratados são muito interessantes. Em especial, gostei da matéria sobre os sapatos e os pés. Acho muito oportuno o encontro que vocês estão propondo para o início do ano. É preciso muito discutir os rumos da dança".

João Moreira - Viçosa, MG

 

"No número 11, nas informações dadas pelo Chico Peltier há um pequeno erro: NFR = No Foot Rise - refere-se ao não levantamento dos calcanhares em determinados passos e não ao levantamento dos pés. NFR é usado para indicar que os pés estão apoiados (flat) no chão, ainda que uma pequena elevação do corpo seja usada".

Sérgio Coelho - Delawere, EUA

 

"Sei o quanto é verdade tudo aquilo que transmitem e agradeço poder ter partilhado um pouco da vida de vocês. A Mimulus ensinou muitas coisas para a minha filha pelo o que sou muito grata. Orgulho-me de conhecê-los e de ser da mesma cidade de pessoas tão competentes".

Bernadete Amaral - Belo Horizonte

 

"O jornal está espetacular. Eu sempre digo aqui no Rio que a Mimulus é uma das maiores academias que eu conheço. Falo para todo mundo ir a Belo Horizonte para conhecer o trabalho de vocês. Eu quero que, a cada dia, vocês cresçam mais. Parabéns! Abrace a todos por mim".

Maria Antonietta - Rio de Janeiro

 

"Esse texto, que captei na Internet, de vocês mesmos, deveria ser publicado no jornal. Desculpem-me se o assunto já tiver sido tratado antes, mas acho tão bom que merece um bis:

'Há diferenças entre o que ocorre entre um casal, o que fica entre ele, e o que transparece. Há diferenças entre poses - o aspecto teatral da coisa (às vezes, empenhados em mostrar sentimentos, dançarinos fazem mil caretas). É bom falar um pouco da questão sedução. Dançamos também para seduzir, porém, essa questão tem que passar sempre pela ética. Temo pelas situações onde o professor, no lugar de ensinar, seduz. Temo que essa situação tenha gerado para a dança de salão uma fama não boa. É preciso encarar a 'praxis' de uma forma ampla. Afinal, estamos trabalhando o tempo todo com o potencial humano do afeto, que é amplo e precisa ser desenvolvido, porem, o distanciamento também faz parte. Não é à toa que uma 'dança' dura 3 a 4 minutos - é uma relação intensa, mas, que tem um princípio, um meio e um fim'".

Arthur Oliveira Filho - Lisboa, Portugal

 

"Gente, vocês precisam sair dessas quatro paredes. O Brasil inteiro precisa conhecer vocês. Estive aí na festa de aniversário e saí de boca aberta. Eu já havia assistido uma apresentação de vocês na TV Cultura, mas, é diferente ao vivo. Valeu a pena a viagem. Obrigado e um super sucesso sempre".

Sandra Barbosa Rocha - Salvador

 

"Fui ao segundo espetáculo de aniversário e fiquei encantado. Certamente todos os presentes ficaram. Decerto que Belo Horizonte quer pessoas como vocês, que trabalham seriamente com a dança, com profissionalismo puro. Sei que não foi fácil para vocês chegarem onde estão, mas, tenho a certeza de que 'longe se vai sonhando demais e nunca se chega ao fim'. Parabéns, parabéns, parabéns..."

Flávio Lúcio Pinto - Belo Horizonte

 

"Adoro o trabalho da Mimulus, que eu conheço através dos cursos que fiz com o Jomar e a Juliana na academia do Andrei. Vi um vídeo também. Trabalho profissional e amoroso. Gostei muito da home page. Só acho que vocês deviam abusar das fotos. Façam maiores, com o nome do povo... Somos todos curiosos. Ah! Amei a história do bolero... É realmente muito difícil fazer um homem, que aprende a técnica do bolero, voltar a dançar 'amando' na pista. Como o João Carlos Ramos diz: o bolero é pra namorar, seduzir... Seria bom se nossos parceiros, namorados, etc., soubessem fazer do bolero uma emoção carinhosa e dançante".

Heloísa, "Blue Angel" - São Paulo

 


EXPEDIENTE

 

Mimulus em Movimento

Ano III - Nš 12 - Fevereiro de 1999

Publicação bimestral da Mimulus Dança de Salão

 

Diretora responsável:

Baby Mesquita

 

Jornalista responsável:

Antônio C.de Oliveira - Mtb 3425

 

Fotografias:

Jomar Mesquita

 

Impressão: Jornal Balcão

Tiragem: 3.000

Distribuição: gratuita

 

Endereço para correspondência:

Rua Ituiutaba, 325 - Prado

CEP 30410.660

Fone: (031) 295.5213

Telefax: (031) 344.2882

e-mail: mimulus@uol.com.br

 

Este jornal pode ser acessado na Internet:

http://www.dancadesalao.com/jornal/mimulus

 

Proibida a reprodução total ou parcial do material publicado, exceto quando autorizada pelo diretor.

 

 

Hosted by
Agenda da Danca de Salao Brasileira