Ano II - Nº 09 - Maio de 1998

 

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Agenda da Dança de Salão Brasileira

 

Foto

La Valse

 

1895

de Camille Claudel - 1864/1943

bronze . 43 x 23 x 34 cm

Musée Rodin - Paris

 

Em que o inacabado sugere o movimento

- como na dança, tanto há o que acontecer.

 

Homenagem do Jornal Mimulus em Movimento àqueles que fazem
da dança de salão, arte.

 

 

OPINIÃO

 

O Aluno é o Único Juiz

 

Virei professor de tango. As matrículas estão abertas.

Quem me conhece sabe que mal articulo dois passos de tango, se tanto. Mas virei professor de tango. O que há de errado nisso? Afinal, não há tantos assumindo funções para as quais não estão habilitados, em termos técnicos, formais e inclusive legais? A dança, e também meu ramo profissional, o jornalismo (profissão regulamentada e com representação sindical), estão repletos disso. A ética? Ora, a ética...

 

Pois, não duvidem que eu consiga alunos, principalmente se o ingrediente principal para isso se chamar cara de pau, que acabo de simular neste texto. Seria apenas mais um "mestre" no mercado, desprovido de simancol, em busca de um naco de fama e suficientemente esperto para faturar uma graninha extra. Pobres alunos...

 

Com quase quatro anos de circulação do Jornal Dance, já perdemos a conta das matérias que produzimos, inclusive editoriais condenando o amadorismo travestido de profissionalismo que se verifica em toda parte e em todas as modalidades de dança, principalmente em São Paulo e no Rio, onde evidentemente se concentram as maiores populações. Falar para o meio é uma tarefa fundamental, mas também frustrante na medida em que certas pessoas fingem que isso não é com elas.

 

Mas ocorrem também episódios surpreendentes, como o de um professor que certa ocasião me telefonou logo após ler um Editorial sobre este tema. "Quanto mais eu lia mais enfiava o chapéu", disse-me a pessoa, declarando-se em crise de consciência. Procurando me refazer rapidamente da desconcertante surpresa, respondi direto, sem rodeios: "então pare, trate de aprender bem, e um dia volte com a segurança que lhe falta agora". Não me preocupei em conferir se ele aceitou a sugestão, nem sequer lembro-me mais de seu nome, mas, todavia, achei fantástica sua autocrítica, reveladora de um caráter íntegro, capaz de identificar o seu próprio equívoco.

 

Lição da história: nem todos fazem isso por picaretagem. Merecem comiseração os inocentes e ingênuos, pois como não existem mecanismos de aferição para qualificação profissional, qualquer um pode se julgar apto a ensinar. A mensagem então é do aluno: você é o único juiz. Tem que saber (ou aprender) a identificar quem é merecedor da sua confiança, do seu tempo, esforço e dinheiro. A receita é simples: busque informações, exija aulas de demonstração gratuitas em diferentes locais (para assimilar critérios comparativos), observe o padrão de cada turma, desenvolva o seu feeling. E olhe ao redor: existem juízes de todos os tipos. O idiota, com certeza, jamais acerta na escolha.

 

Milton Saldanha

Editor e jornalista responsável pelo "Dance", considerado o maior jornal especializado em dança de salão no Brasil, com uma tiragem mensal de 14 mil exemplares, distribuídos na cidade de São Paulo e no ABC paulista.

 

* O texto "O Aluno é o Único Juiz" foi publicado como Editorial do Jornal Dance em fevereiro deste ano e aqui reproduzido com a autorização do autor.

 

 

PANORAMA

 

A Voz

 

Morre Frank Sinatra, aos 82 anos, considerado o mais importante cantor do século XX. Suas interpretações constituem grande desafio para dançarinos, que correm o risco de desaparecer da vista do público, que geralmente fica preso ao ouvido pela forte voz que marcou milhões de pessoas no mundo. Embalou quatro gerações de amor e paixão e vai, por muito tempo ainda, impulsionar o sonho de dançar New York, New York ou My Way - "night and day"...

 

O uso do chapéu, à sua maneira e desde a década de 40, acabou por exercer tamanha influência que os tangueiros argentinos nem perceberam que estavam se rendendo a Hollywood. Informalizou o smoking usando-o, exceto aos domingos, que era dia de descansar. Aos 77 anos lançou os "Duets", cantando com jovens intérpretes que um dia se opuseram ao seu estilo. Sinatra foi um apaixonado pela música brasileira e foi um dos seus maiores divulgadores. Flying to the moon, que canta com Tom Jobim, é uma pérola e faz parte do repertório da Mimulus Cia. de Dança de Salão em brilhante trabalho.

 

Stress

 

O estressado só se cura se mudar de vida. Grandes companhias vêm instalando programas preventivos em suas empresas, como a dança de salão, o Tai-chi-chuan, a culinária e oficinas de música. O forró é um santo remédio.

 

Filosofia de um Pessimista

 

Ao contrário da sutil e bem aceita presença de Frank Sinatra, Rodolfo Valentino é um calo no sapato para o tango portenho. Coube ao grande sedutor, vestido de gaúcho, difundir a imagem tango/mulher/rosa na boca, que desde os anos 20 povoa a fantasia universal contaminando a cultura argentina, na qual ninguém nunca dançou assim. Interessante é que, brilhante ator e fraco poeta, Valentino, pelo que se pode ver abaixo, não acreditava na permanência.

 

Não me interessa o dinheiro fácil.

Não é duradouro - eu sei.

Não me interessam as amizades fáceis - não são duradouras - eu sei.

Não me interessam as coisas fáceis.

Não duram nunca - eu sei.

Mas facilmente me enamorei por ti.

Não durará - eu sei.

 

Filosofia de um Pessimista, Rodolfo Valentino

 

III Festival Nacional de Dança do Recife

 

É um dos maiores eventos da dança no Brasil e tem início no dia 5 de julho. Da abertura participam a Cia. de Dança de Minas Gerais, os Grupos Contemporâneos de Cuba e da Romênia, Andrea Tomioka, Esther e Mingo Pugliese. No decorrer da semana, se apresentarão mais de 50 companhias convidadas e Bianca Gonçalez e Jaime Arôxa marcarão presença. O encerramento, nos dias 10 e 11, vai contar com o Balet da Cidade de Diadema, o Balet Stagium e Juliana Macedo, ao lado de Jomar Mesquita. É a arte, é a dança, é o espaço da dança.

 

Lindy Hop

 

Amplia-se o projeto de divulgação no Brasil do lindy hop. Muita gente em São Paulo já está praticando as aulas, feitas no Espaço Andrei Udiloff e na Strapolus. Agora chegou a vez do Nordeste. A convite do III Festival de Recife, Jomar e Juliana estarão dando aulas na Companhia de Dança de Salão do Recife entre os dias 7 e 10 de julho.

 

Pesquisa

 

A clientela da dança de salão, em Belo Horizonte, mudou o seu perfil. A dança passou a ser uma "praxis" em si mesma, ou seja, a aula é fim e não meio. Supõe-se que isso ocorra em função do aperfeiçoamento de professores, dos novos métodos e recursos de ensino. Muitos alunos fazem suas aulas e não saem de casa para dançar. Damas e cavalheiros desapareceram para dar lugar aos "meninos e meninas" em qualquer idade. As pessoas que vão aos bailinhos das academias em busca de sedução e luz vermelha, se sentem como peixes fora d'água. Geralmente não fazem aulas, não identificam os ritmos. A prática da dança de salão virou um exercício físico, um instrumento de conscientização corporal. A empatia é a tônica, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outro, com o outro: olho a olho, cara a cara e quando tu estiveres perto, eu arrancarei teus olhos e colocarei no lugar dos meus e tu arrancarás meus olhos e colocarás no lugar dos teus e eu te olharei com os teus olhos e tu me olharás com os meus, nos mais diferentes ritmos.

 

English People and for all Brazilian People

 

Deu no que deu. O forró come solto em inúmeras versões, do Chuí ao Oiapoque. Discussões surgem sobre como dançá-lo. A dança viva se transforma e milhares de coreógrafos criam novos movimentos. Antropólogos e sociólogos analisam o fenômeno. Mas, no parecer do professor Mineirinho, "o verdadeiro forró é aquele abofelado, suado, saracuteado, onde se ouve o chiado da chinela e, se a sanfona for miadeira e o povo dança até cair de costas, é porque o forró está animado do jeito que a gente gosta..."

 

"Movies" para a Lyn

 

Pois veja o filme: "O oitavo dia" onde tem gente que, literalmente, cai de costas de tanto dançar. E para não perder o embalo vamos ao "Casamento do meu melhor amigo" que termina assim: "Talvez não haja casamento, talvez não haja sexo, mas, sem dúvida, haverá dança."

 

Projeto Gente como a Gente Dança

 

O premiado bailarino, ator, cantor, coreógrafo e diretor mineiro, Luiz Gomide, antes de partir para a Suécia, deu seu toque de mestre à "Valsinha", de Chico Buarque de Holanda, propiciando aos participantes do Projeto Gente como a Gente Dança, a oportunidade de desenvolver nada menos do que seis versões do tema: o homem que chega, desarruma a rotina e convida a mulher para dançar.

 

O resultado poderá ser visto no dia 30 de maio, em espetáculo no galpão da Mimulus, às 22 horas, onde o novo grupo insere o seu primeiro trabalho.

 

Projeto Pôr-do-Sol

 

Cada vez exigindo mais mesas e cadeiras, o Projeto Pôr-do-Sol vai mostrando para o que veio: levar a dança de salão a retomar as suas origens populares, despertar o prazer de dançar em pessoas comuns. No dia três de maio, na Praça da Assembléia, muita gente fez aula de bolero "sem band-aid no calcanhar" e prometeu retorno.

 

Dia 21 de junho, para não quebrar a tradição mineira, vamos ter um animado Forró, a partir de 17 horas, no mesmo local.

 

 

 

Programação Mimulus

 

NOVOS HORÁRIOS DE SAMBA, BOLERO, SWING E NOÇÕES DE OUTROS RITMOS

Quartas-feiras, às 19:30h

 

LINDY HOP

Segundas-feiras, às 19:30h

 

FORRÓ

Terças-feiras, às 20:30h

 

MIX

Ritmos Caribenhos, Zouk e Cabassa

Quartas-feiras, às 21:30h

 

SAMBA NO PÉ

Segundas-feiras: iniciante

Terças-feiras: avançado

Quartas-feiras: intermediário

Sempre às 19:00h

 

PROJETO PÔR-DO-SOL

"Forró na Praça"

Dia 21 de junho, às 17:00h

Praça da Assembléia

 

PROJETO "GENTE COMO A GENTE DANÇA"

Em andamento

 

 

Mimulus Dança de Salão

Rua Ituiutaba, 325 - Prado

Belo Horizonte

Fone: 295.5213

 

 

PERFIL

 

A Mimulus Cia. de Dança de Salão

 

"É no peito e na alma. Seja refletindo a angústia sôfrega de um tango portenho, o calor lascivo de uma autêntica salsa caribenha ou a molecagem de um Rock around the clock, eles percorrem os espaços como um bando de cisnes a deslizar em simetria pela superfície límpida de um lago. Graças a um irrepreensível trabalho de pesquisa e divulgação, que agarra os ritmos pela raiz, a Mimulus Cia. de Dança de Salão conseguiu, em apenas sete anos de estrada, tornar-se a mais expressiva representante da categoria no Brasil".

 

O texto acima é a introdução da reportagem BAILANDO COMO O POVO GOSTA - do Jornal da Cidade, e escrita com segurança pelo jornalista Flávio de Carvalho Britto, que entende das letras e da dança.

 

Pois é, A MIMULUS CIA. DE DANÇA DE SALÃO nasceu em 1992 com o objetivo inicial de divulgar um trabalho de pesquisa realizado em diversos países sobre a dança de salão e tem dado o que falar. A partir do exercício surgiu um grupo de alto nível e diferente daqueles que já existiam, ou ainda existem, em dois aspectos: a idade dos seus componentes - surpreendentemente jovens - e a desenvoltura com que se apresentam em 15 ritmos diferentes.

 

Decidida a colocar a Dança de Salão no mesmo nível de arte, a Cia. começou a participar de eventos estaduais e nacionais, ganhando uma série de prêmios onde nem existia sua categoria específica - arrebatando troféus requisitados e freqüentemente distribuídos para as outras modalidades.

 

Acumulando uma série de trabalhos, a Cia. passou a apresentar espetáculos divididos em blocos, onde se agrupavam os ritmos europeus e americanos, ritmos caribenhos, portenhos e brasileiros, propiciando ao público uma oportunidade de viajar no tempo e no espaço, ao som de boleros, salsas, tangos, swings, rocks, foxs, sambas e chorinhos em primorosas coreografias.

 

Hoje a Cia. leva a outros países a sua arte e ministra cursos para professores da Espanha, França e Inglaterra. Conta com 14 participantes que fazem a "nova-dança", uma síntese da dança, teatro e circo, eliminando limites classificatórios, ampliando as possibilidades da expressão e ganhando características muito diferenciadas do que já existe. Criatividade é o que não falta. Quando se pensa que já fizeram de tudo, surgem com novidades.

 

Coragem também não falta. Basta vê-los dançando em pernas-de-pau. Empenho, disciplina, capacidade para conciliar ensaios, viagens, escola, formação técnica e vida pessoal exige muita energia. Mas eles seguem em frente. Vale a pena? Depende em que sentido é feita a pergunta.

 

Agora Vamos Falar de Outra Coisa

 

Assistam a peça "Dois Perdidos Numa Noite Suja", em cartaz no Teatro Marília. A direção geral é de Luiz Gomide. Cheguem cedo, assentem-se no saguão e leiam atentamente o programa e o texto:

 

"Desabafos de quem pega o touro pelos chifres, de quem segurou o touro pelo rabo, de quem montou o touro..."

 

Para adiantar, vamos a um pedacinho em que o Luiz fala:

 

"Nós, artistas, cumprimos nossa parte, ou seja, seguimos nosso impulso, que é o de concretizar o trabalho que de nós brota, mesmo que não queiramos. Porque nós, artistas, somos obrigados por nós mesmos a cumprir a razão de nossa existência como seres humanos".

 

É um grande manifesto. E a peça de Plínio Marcos se faz iluminada pelo trabalho da valorosa equipe. E, se você ainda não acreditava, vai colocar a imagem do anjo da guarda na sua cabeceira. Feito isso, cada um de nós pode colocar a mão na consciência e se perguntar: E eu? Qual é o meu papel nisso tudo?

 

Voltando ao Assunto

 

Quando uma instituição, pública ou privada, cria um departamento artístico/cultural, está obedecendo a um preceito genérico da vida em comunidade, a um princípio segundo o qual uma empresa não existe apenas para dar lucro aos seus proprietários. Em outros países, as comunidades boicotam empresas que não contribuem para a melhoria da sociedade. Incentivando a Mimulus Cia. de Dança de Salão, estamos procurando cumprir com os nossos deveres. Achamos que ela merece ainda maior apoio e um dos mais importantes é a presença constante de grande parte dos nossos alunos em suas apresentações. Os "meninos" da Cia. realmente valem a pena!

 

A Mimulus Cia. de Dança de Salão vai estar em Mariana no dia 19 de junho, às 21 horas,
no Teatro Sesi Mariana, apresentando

"HUUMMM... HUMMM...",
um espetáculo com vários significados
e muitas entonações.
A entrada é gratuita e se deve ao projeto
"Vale do Rio Doce, nos Trilhos da Arte".

 

 

SINTONIA

 

Prontos para Dançar

 

Possuidor de 102 premiações em diferentes esportes, pouco partilhados com a esposa, Netinha, que não acompanhava suas disputas, Pedro Luiz Vianna começou a fazer aulas de dança de salão sozinho. Quando Netinha percebeu que na dança poderia colocar todo o "charme", até então guardado, decidiu que era a hora de ganharem os próximos troféus juntos. Iniciaram uma vida diferente há sete anos.

 

As últimas seis viagens foram feitas em cruzeiros pelo Caribe, Atlântico, Pacífico, ao som de orquestras. Para chegar a Barcelona, para onde seguiram em abril, não se importaram com as muitas voltas que o navio deu - quanto mais noites, mais bailes. Em terra firme, o programa também foi dançar, como aconteceu em Cancun, onde ganharam concurso de beijos dançantes e, como vencedores, reprisaram a apresentação. Filha de tradicional família mineira, ela antes hesita. Depois faz bem feito e, mais à vontade, ganha o dobro de aplausos.

 

O casal informa: a dança é uma máquina de fazer amigos, modifica a rotina, combate o "stress" e a depressão. Hoje Pedro Luiz coleciona as fotos de Netinha que ele mesmo faz, cada vez que a vê pronta para dançar.

 

 

INTERCÂMBIO

 

Televisão

 

Jomar Mesquita e Juliana Macedo estiveram no programa Xuxa Park, em maio de 1998, ocasião em que apresentaram o lindy hop.

 

Tango

 

Criada, por iniciativa de Marco Antônio Perna, a "Lista de Discussão do Tango de Salão". Agora os dancenautas contam com mais uma opção para trocar idéias e informações com pessoas do Brasil e do Exterior. A lista está disponibilizada pela Agenda

(http://www.maperna.com/dance/agenda)

ou pela home-page do nosso jornal

(http://www.maperna.com/dance/mimulus).

 

Grande Data

 

No dia 12 de junho, Esther e Mingo Pugliese estarão comemorando 50 anos de Tango no salão "El Pial" (Calle Ramon Falon 2750, Flores) e vão partilhar a festa com bailarinos desde a década de 40. Entre eles vai estar Miguel Rocella, que foi professor de Mingo. Deverão estar presentes muitos brasileiros cumprimentando os mestres e desejando a eles muitos quilômetros ainda de estrada.

 

Italiano Procura Parceira

 

Paolo Martano, residente na Itália, está tentando introduzir a dança de salão por lá, onde a salsa ainda é o forte. Procura parceira de bom nível para ensinar principalmente samba e se propõe a ajudar nas despesas de viagem. Paolo vai estar no Rio em Junho, onde se dará a conhecer. Pessoas interessadas poderão entrar em contato com ele pelo e-mail:

<martano@venere.isiata.le.cnr.it>

 

Exterior

 

"Lisboa será, entre 13 e 23 de maio, a 'capital mundial do Tango', porquanto aqui decorrerá - nesse período - a 4ª Cimeira Mundial do Tango, envolvendo um total de 250 Artistas (entre músicos, cantores e dançarinos). Nesta quinzena haverá espectáculos diários em Lisboa (Teatro da Trindade ) e também no Porto. Paralelamente, terão lugar aulas de tango, colóquios, bailes populares, exposições e concertos. Este evento está relacionado com a EXPO 98 cuja inauguração é em 21 de Maio, prolongando-se até Setembro. Entretanto fixou residência em Lisboa o par de dançarinos argentinos Guillermo e Samantha, que estão promovendo, com muito êxito e qualidade, aulas de Tango Argentino".

Informações fornecidas por José M. de Lucena

- Lisboa, Portugal

 

 

"Sentir-me-ei muito orgulhoso e honrado se puder contribuir de algum modo para a expansão da Dança de Salão no Brasil e coloco-me à disposição de vocês. Aqui nos Estados Unidos temos programas que apresentamos nas escolas e temos dois colégios já com fama internacional. Um deles ganhou uma competição em Blackpool. Ajudei a criar um clube de dança na Universidade de Delawere, onde o último Campeonato Nacional de amadores foi disputado. Podemos dizer que foi um dos melhores campeonatos dos últimos anos. Organizamos também a ´Semana da Dança de Salão´. Essas semanas são patrocinadas e aprovadas pelo Governador do nosso Estado. São feitas exibições nos grandes centros (Malls), vamos aos asilos de velhinhos mostrar a dança e dar aulas gratuitas. Os ´estudios´ oferecem também aulas de graça, promovendo a arte, e levando as pessoas a sentirem o prazer e a alegria da dança a dois".

Sérgio Coelho - Delawere

 

Enquanto isso, no Brasil...

 

"Prezados Senhores, embora o empenho e interesse com que analisamos o pleito de V. Sas., lamentamos informar-lhes da impossibilidade de participarmos de eventos promovidos por essa Empresa (Mimulus Dança de Salão), em razão das dificuldades de caixa por que passa a Prefeitura no momento. Certos da compreensão de V.Sas., subscrevemo-nos. Atenciosamente".

 

Mauro Guimarães Werkema - Presidente da Belotur

 

Lamentamos o fato esperando que as dificuldades realmente sejam momentâneas e, se de alguma forma pudermos ajudar a Prefeitura, nos colocamos à disposição...

 

Crianças

 

"A dedicação de vocês às crianças pobres os fazem símbolo da sociedade alternativa, disposta a arriscar tudo em favor de uma vida mais justa e humana. O Jomar sabe fazer milagres! Em pouco tempo nossos meninos se apresentaram como profissionais".

Obras Sociais Padre Agnaldo

 

Programa à Disposição

 

Acreditando poder contribuir para que a dança de salão seja usada nas escolas como um instrumento educacional, a Mimulus encaminhou para a Oficina de Cultura o planejamento de um curso para professores de primeiro e segundo graus, com 40 horas de duração, e que inclui aspetos psicopedagógicos e a prática de ensino da dança.

 

Segundo informações da Oficina, o projeto está aprovado e, para que ele se realize, é preciso que haja uma demanda. A procura não acontecerá, porém, se não despertarmos as pessoas para o assunto.

 

O curso pode ser ministrado em Belo Horizonte ou em cidades do interior de Minas Gerais. Maiores informações pelo telefone (031) 221-0832, da Casa de Cultura, ou na Mimulus (031) 295.5213.

 

 

VERTENTES

 

A Dança e a Moda

 

"...agora eu vou mudar minha conduta

eu vou pra luta

pois eu quero me aprumar

pro samba que você me convidou

/ me convidou

com que roupa eu vou

pro samba que você me convidou..."

- Noel Rosa -

 

O mundo da moda está permeado da dança. Quando uma grande marca lançou a sua coleção inspirada nos ritmos latinos deu o que falar. Não há um grande estilista que sobreviva sem as roupas que mulheres usam nas noites de gala, onde sempre há música para dançar. Ainda que seja para o tecno, o disco ou o funk, jovens procuram nas marcas roupas sedutoras, cômodas, agressivas ou românticas. Quanto aos sapatos, quando foi a última vez que você viu alguém dançando com band-aid no calcanhar? Eles estão cada dia mais cômodos.

 

Mas, se a moda acompanha a dança,

a dança tem acompanhado a moda?

 

Certamente. Há algum tempo as pessoas que iam fazer aulas, ou iam a bailes, pareciam saídas de um mundo particular, onde scarpins vermelhos se prendiam aos pés com elásticos cheios de lantejoulas. As saias eram feitas de tiras pelas quais transparecia a roupa íntima (sempre negra) enquanto os homens balançavam as suas pulseiras, usavam camisas listradas abertas e os seus sapatos brancos. Foi a época da transgressão. Executivos vestiam-se de malandros e as mulheres realizavam suas fantasias, liberando-se, ambos, da repressão social e sexual.

 

Valeu, foi ótimo, mas passou. Hoje o malandro compra Donna Karan e as mulheres, mais livres, não reduzem mais a sedução a espaços, assessoradas que são full time pela indústria da moda e da beleza. O que não significa que acabaram-se as fantasias - que, segundo o compositor João Bosco, é aquilo que as pessoas tiram no Carnaval...

 

Para usar o ano inteiro, muitas são as tendências que vão da falsa simplicidade ao maximalista, do ingênuo ao perverso. O fatal pode estar na "Lolita", ou na moda "lingerie"; pessoas com "jeito latino" podem dançar com tranqüilos portadores da imagem Zem .

 

A moda não é mais coisa de mulheres. Os homens estão ligados, inclusive às novidades anti-rugas.

 

Dança e moda têm o mesmo objeto: o corpo

 

Dança e moda convivem com a teatralidade, o bom humor, com a expansão e a introspecção, a natureza e a tecnologia, a história sempre revivida, a sedução, a integração dos opostos. Ambas precisam incentivar a individualidade, buscar o prático sem perder o glamour, permitir a luz e o brilho. E a elegância.

 

Embora este artigo seja direcionado às pessoas interessadas nas produções de coreografias da dança de salão, acreditamos que as informações que ele contém são do interesse de qualquer pessoa que goste de dançar.

 

Como vestir em cena?

 

Debruçar sobre a questão é o que temos feito. Em espetáculos é preciso pensar em detalhes, como a troca rápida, o custo, a coreografia, a luz, o tempo, o suor, os ritmos que exigem do vestuário uma transformação urgente do fatal para o brejeiro, dos anos 20 para o futuro, e ainda combinar homem e mulher sem que pareçam noivos.

 

Acompanhar a moda que acompanha a dança, mesmo por questões de poderio econômico, dá bons resultados. As vitrines trazem, quase prontas, as roupas para dançar. Até mesmo as saias de franja.

 

O que não vale é comprar por impulso e depois ter que reformar tudo. Valorizar aquela costureira que respeita o seu prazo é muito bom. Bom também respeitar o tempo dela.

 

Sapatos e meias

 

Os sapatos trazem mensagens muito fortes e podem construir ou destruir o personagem. Não precisam mais ser importados: o mercado oferece os bicolores, os brancos, diversos e confortáveis saltos, cobertos com estampas, veludo e até com paetês ou transparências. Sandálias com meias, agora mais curtas, continuam em alta.

 

Não encontrando os sapatos prontos, há quem os faça, cubra ou pinte nas cores mais inusitadas. Na falta do verniz, nobucks e camurças. As meias dão asas à imaginação e quebram a ausência da cor. Se quiser tingir, esqueça. Os sintéticos não aceitam a mudança.

 

Comprimento da roupa

 

Alongar a silhueta é sempre bom, ainda que seja preciso pensar nos saltos agarrando em bainhas. O curto deve ser sempre seco. Escolhido um estilo, é bom manter suas proporções para não se ter a sensação de que poderia ser mais curto ou mais comprido.

 

Os homens

 

Principalmente eles devem se cuidar para não cometer exageros, a não ser que a intenção seja exagerar mesmo. Ainda assim, lembrar que não é preciso maximizar o que por si já o é, como o brega, por exemplo.

 

Cortes clássicos, tecidos que não amarrotam, suspensórios, muitas gravatas, sapatos e meias impecáveis e o mínimo de brilho possível. Coletes sóbrios são interessantes e as camisetas básicas, de todas as cores, são imprescindíveis.

 

Estilos

 

A moda está o tempo todo trazendo o passado para o presente. As "Gildas" estão de volta. Há muitos estímulos desde a década de 20. O Caribe influencia coleções com estampas quentes e apimentadas em fúcsia, rosa e amarelo.

 

Dar asas à imaginação ou ver com outros olhos: um vestido com estampa de onça, no qual se misturam as rendas, dá um toque todo especial ao tango.

 

Aprendendo com a experiência

 

Reproduzir a roupa de época é muito difícil; melhor é ficar nos "lembretes" e adereços, que podem mudar um figurino inteiro sem a sua troca completa.

 

Uma flor pode ter diferentes significados, se colocada no colo, na cintura, ou pescoço. Podem ser pequenas ou exageradas, de diversas cores. Podem ser camélias, cravos, rosas. Podem vir com brilhos, pequenas plumas, cetim, veludo e até mesmo o duro plástico.

 

Tendo lugar e paciência, melhor não jogar nada fora. As reformas são viáveis, o pretinho é sempre reciclado, bastando mudar os sapatos ou meias, colocar um forro colorido, jogar por cima um corpete ou bolero, ou um agasalho de cashemere - às vezes, em cena mesmo. Convém lembrar, no entanto, que tirar a roupa em público exige técnica apurada. Vestir, no nosso caso, impressiona mais...

 

Dizendo não:

 

 

Em espetáculos, tudo isto deixa o público muito aflito.

 

Em tempo:

 

Cores

 

Roxo e vinho, vinho e dourado, roxo com marrom, preto com laranja... As cores e suas diversas tonalidades criam as mais inusitadas combinações. Vamos ter no mercado cores extravagantes: vermelhos como o fogo, o rubro, o roxo, o violeta, o bordeaux, os vinhos e os rosados; o turquesa e o pink; os marrons, desde os ferruginosos ao páprica; o verde bem escuro, o musgo, os azuis profundos e reais; o bronze, o cobre e o ouro; o cinza até o prata.

 

Tecidos

 

 

Os opacos podem ser misturados às transparências, os florais podem vir cobertos de véus, os brilhantes se juntam aos foscos, os tecidos leves aos pesados. A tecnologia pensa na funcionalidade térmica, respiratória e transpiratória e promete tecidos antiácaros, antibacterianos e até aqueles que amenizam a dor. O artificial, a cada dia, tem mais cara de natural.

 

E quanto ao cabelo?

 

O cabelo deve ser como uma moldura para o rosto e não deve brigar com ele. Nada que um bom corte não possa resolver. E ser resolvido antes, caso contrário, vamos ter gente com as mãos ocupadas tirando-o do rosto. É importante saber fazer um coque rápido, rabos-de-cavalo, prender uma fivela etc. Limpeza é fundamental e, às vezes, cabelos molhados são mais espetaculares do que os coques.

 

Maquilagem

 

Vai depender da luz. Uma boca bem delineada, um olho bem valorizado, talvez seja o bastante. Principalmente quando os bailarinos estão muito próximos do público, é bom evitar os exageros.

 

Enfim:

 

O campo é vasto e a criatividade é fundamental. Estar bem informado ajuda muito, assim como a autocrítica. Trabalhar com recursos escassos não é desculpa para a falta de imaginação. É preciso debruçar sobre o assunto...

 

Baby Mesquita

Curso Coreografia da Dança de Salão

Tema: Figurino

 

Bons livros:

 

 

 

FAX

 

de: MULHER

para: PARCEIRO

 

Querido companheiro de muitos anos,

"Entre marido e mulher o tempo metera a colher, rançoso roubador de espantos. Sobrara o pasto dos cansaços, desnamoros, ramerrames"...

 

Este texto me vem do conto "Perfume", escrito pelo moçambicano Mia Couto, no livro "Estórias Abensonhadas", que começa assim:

"- Hoje vamos ao baile!"

Na estória o dia não amanhece em paz, no entanto, me deu uma vontade doida de dançar com você.

Beijo,

 

Mulher.

 

 

Grande Novidade

 

Em qualquer nível que você estiver, matricule-se no SEGUNDO TEMPO e tenha: novos ritmos, reforços, aulas de equilíbrio e consciência corporal, com professores da Mimulus e outros convidados.

Sempre uma novidade: forró, lindy, valsa, samba no pé, meneito, bolero, merengue, cha-cha-cha. Às sextas-feiras, 21:00h,

e ainda tenha garantido o seu ingresso para os bailinhos.

 

Programa de junho:

informe-se na Mimulus Dança de Salão,
ou pelos telefones: (031) 344.2882 ou 295.5213

 

 

CARTAS E E-MAILS

 

"Acabei de ler o jornal número 7. Acho legal o trabalho de vocês. Para alguns amigos, colei o exemplar inteiro e passei via fax. Continuem sempre marcando presença forte..."

Douglas, "o Mimulusta" - São Paulo

 

"Cumplicidade, arte e personalidade - Tanguera, um tango não dançado, mas, vivido".

Mineirinho Studio de Dança - Maceió

 

"Leio todos os jornais de vocês e gostaria de ter uma fita inteira. Achei três minutos pouco".

Edth Diniz Reda - Itaúna, MG

 

"Gostaria de parabenizá-los pelo evento ´Sem Band-aind no Calcanhar'. Como eterna aluna e amante da dança de salão, meus agradecimentos pela tentativa de divulgar e de conquistar novos espaços de dança. Também quero expressar a minha emoção ao ler o trecho 'Presente do Mar' no 8º jornal e, ao mesmo tempo, registrar o meu protesto, pois a tradução desta preciosidade é de minha autoria. Respeito e valorizo o trabalho artístico, seja ele a arte da dança ou a arte de traduzir e sei que vocês também partilham destes valores".

Beatriz Araújo Zamprogno - Belo Horizonte

 

Queremos apresentar os nossos mais sinceros pedidos de desculpas à Beatriz e agradecer a sua gentil carta.

 

"Quero cumprimentá-los pelos cartazes do Projeto Pôr-do-Sol. Na memória, guardo os fantásticos momentos das aulas coletivas na praça e, no meu mural, as fotos".

Shirley F. S. Rocha - Belo Horizonte

 

"O Tanguera é simplesmente maravilhoso. Qualquer coisa que eu comente é pura redundância".

Antônio Barbosa - Paulista, PE

 

"I had the oportunity to view one of your Argentine Tango Video tapes today. I just wanted to say that I enjoyed watching it very much. It was of excellent quality and the dancing was even better. I hope to see more soon".

Jim Clark - professor de dança de salão, "manager" e jurado do Tri-State - Delawere, Pensylvania e New Jersey

 

 

 

EXPEDIENTE


Mimulus em Movimento
Publicação bimestral da Mimulus Dança de Salão
Diretora responsável: Baby Mesquita
Jornalista responsável: Antônio C.de Oliveira - Mtb 3425
Fotografias: Jomar Mesquita
Distribuição: gratuita
Proibida a reprodução total ou parcial do material publicado, exceto quando autorizada pelo diretor.