Ano I - Nº 06 - Novembro de 1997

 

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Agenda da Dança de Salão Brasileira

 


Uma Escola Milionária

Ao completar sete anos, a Mimulus Dança de Salão descobre ser uma das mais sólidas empresas de Belo Horizonte. O faturamento de seus primeiros cinco dias de cada mês é reservado para o pagamento de impostos e taxas, que nunca foram pagos com um dia de atraso, embora nunca saiba a quem recorrer para resolver a questão da água que constantemente empoça em sua porta. Mantém, cobrando cerca de dez reais por hora/aula, uma Cia. de Dança com 12 participantes que, juntamente com os monitores e outros funcionários, somam um efetivo de 20 pessoas, cuja faixa salarial é superior à dos professores da rede pública.

Ao pensar em trazer a Belo Horizonte os artistas argentinos, Ricardo Calvo e Marisa Talamoni, e os ingleses, Carolene Hinds e Russell Sargeant, a Mimulus supôs que fosse conveniente o estabelecimento de parcerias com os órgãos ligados à cultura e as grandes empresas instaladas em Belo Horizonte. Batendo de porta em porta, descobriu que só ela tem dinheiro. Fato do qual ao mesmo tempo sente orgulho e se entristece.

Assim sendo, foi com grande entusiasmo que compareceu ao ato solene no qual o Governador do Estado assinou a Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Estranhou, porém, que a convidada especial tenha sido a artista Elke Maravilha, que pouco representa a cultura mineira, presa que está aos astros celestiais e a outras galáxias.

No mais, a Mimulus tem muito a agradecer, por ocasião do seu sétimo aniversário, àqueles que no seu dia-a-dia lhe infunde a coragem, tornando-a rica o suficiente para fazer a dança de salão mais respeitada como lazer, integração social e arte. Agradece também àqueles que, mesmo sem dinheiro, compreenderam a sua proposta e se dispuseram a ajudar de alguma forma.

OPINIÃO


Quer se comunicar?

Entre na dança!

Comunicar-se não é fácil e a má comunicação resulta em perdas e desencontros que destroem a alegria de viver. A deficiência da comunicação está presente nas relações familiares e no trabalho, bloqueando o caminho do sucesso. Quantas vezes sabemos o que queremos mas não sabemos transmitir e, por isso, não conseguimos adesão à nossa idéia. No desejo de que tudo saia bem, entramos no espaço do parceiro criando áreas de desentendimento. Por não sabermos fazer bom uso do nosso tempo e espaço, dificultamos a conclusão de nossas tarefas e impedimos a do outro. A inibição e insegurança faz com que as pessoas não trabalhem bem em equipe.

Diante de tudo isso, fica difícil acreditar que uma das características que distingue o homem dos animais é a capacidade de comunicar-se das mais diversas formas. Palavras, desenhos, canções, dança, tudo exprime sentimentos e emoções e facilita a compreensão e o bom entrosamento entre as pessoas. No entanto, para que esses canais possam ser desenvolvidos têm que ser aprendidos.

Podemos mudar em qualquer idade e de modo positivo se formos expostos a ambientes estimuladores. Entrar em contato com a dança é participar de um ambiente que estimula o aprendizado de relacionamentos e melhora a qualidade de vida. Aprender a dançar produz bem-estar, pois libera a endorfina que é responsável pelo prazer, estimula a vontade de viver gerando ótimos resultados nos tratamentos que utilizamos para a depressão. É fácil, portanto, imaginar o que a dança é capaz de fazer por cada um de nós, quando aliada a uma abordagem psicológica. Ela pode transformar-se num rico instrumento para o auto-conhecimento ao descobrirmos a correspondência emocional de cada gesto que executamos e do seu significado em nossas vidas.

Nossos movimentos são comandados pelo cérebro. Portanto, quem dança não são os nossos pés, mas nosso cérebro. Toda informação adquirida passa pelos seus comandos, que irão ordenar sua execução de acordo com os valores aprendidos no decorrer da vida. Por exemplo: ao dançar, se nos sentimos constrangidos com o toque, pelo medo de sermos mal interpretados, mesmo que os passos exijam uma aproximação maior do parceiro, nos mantemos à distância. Podemos até tentar nos adaptar, desde que nossos valores pessoais sejam preservados. Ao tomarmos consciência da dificuldade e entendermos nossa atitude ficamos livres para registrar no cérebro os movimentos adequados à perfeição do passo.

Todo dançarino, então, tem maturidade? Não necessariamente. A ação, sem consciência do emocional e das causas que a motivaram, não conduz à transformação. Conduz à disciplina, à técnica, à relaxação, não ao amadurecimento emocional. O que foi aprendido fica restrito àquela atividade e nem sempre se estende às atitudes de nossa vida. Para resultados mais profundos na capacidade de ouvir o outro, de nos conduzir, de tomar decisões, de vencer inibições, de ter ritmo sem estresse, de conviver harmoniosamente, é preciso um trabalho integrado que envolva a mente, a emoção e o corpo. Este pode ser desenvolvido com sucesso numa boa parceria de profissionais especialistas em psicologia e dança que vêem na arte não apenas lazer e descontração, mas uma forma de aperfeiçoar o ser humano.

Vânia Martha Portela

Residente em Recife, Vânia atua como psicóloga clínica e organizacional há mais de 20 anos com a proposta de desenvolver a competência emocional das pessoas de forma lúdica. Acreditando que o prazer quebra a resistência e facilita a assimilação de novos conhecimentos, incorporou aos seus instrumentos de trabalho o desenho, o canto, a modelagem, os jogos e a dança de salão. Está em estudo a possibilidade de Vânia vir partilhar, com a Mimulus e seus alunos, as suas experiências. Pessoas interessadas em maiores esclarecimentos poderão fazer contato conosco.

PANORAMA


Boa Idéia

Está aí o Mercosul viabilizando a chegada de filmes argentinos, entre eles, "Música Feroz". Este filme conta a história de um compositor de rock dos anos 60, morto durante o regime militar, na década de 70. Não é bem cotado, mas o tango é dançado nu, sem nenhum pudor, pelos protagonistas. A crítica diz que a idéia é boa , mas foi mal aproveitada.

Não traz nenhuma novidade. O livro "Tango", de Isabel Muñoz & Évelyne Pieiller, da Éditions Plume, esbanja, desde 1994, fotos pra lá de tórridas de dançarinos de tango.

Chorango

A pianista Eliane Queiroz é brasileira e está radicada em NY há 16 anos. O seu mais novo CD chama-se "The Three Americas" e, como o nome diz, traz o be-bob, os ritmos caribenhos, o samba e o tango. A grande novidade é a faixa Chorango - que, como o nome diz, começa com um choro e termina com um tango, uma homenagem da artista a Piazzolla.

Terno Branco Chic

Com este calor os homens se beneficiariam bem com o terno branco, que caiu em desuso por ser difícil usá-lo sem lembrar um bom malandro. Glorinha Kalil, a mestra do chic, recomenda:

· terno de linho ou albene branco, usado com camisa azul, gravata marinho de bolinhas brancas, meias marinho, cinto e sapatos marrom;

· terno branco com camisa rosa, gravata puxando para o bordô, cinto e sapatos marrom;

· terno branco, com sapato bicolor marrom e branco, é pra lá de sofisticado e, sem gravata, pode ser usado com camiseta branca por dentro. Nesse caso, meias brancas e pronto.

Reinventando

O sapateado foi a primeira forma de revolta dos negros. Quando foram proibidos de tocar seus tambores nos Estados Unidos, começaram a bater os pés. O musical "Bring in'da Noise, Bring in'da Funk", há tempos em cartaz na Broadway, é a crônica atual do racismo e as pancadas no palco denunciam que ainda existe uma guerra entre brancos e negros.

O musical consagra de vez Savion Glover, considerado pela crítica o melhor dançarino de sapateado de todos os tempos. Sua mãe o matriculou numa escola de dança aos sete anos para ficar longe do barulho que ele fazia com suas panelas. Como não tinha dinheiro para comprar os sapatos próprios, ia para as aulas com botas de cowboy. Obcecado pelo trabalho, confessa que sempre achou Fred Astaire muito certinho.

Tinhorão

Com a teoria de que o Brasil não precisa de vanguarda, mas sim de retaguarda, Tinhorão juntou, através de recortes de jornais velhos, um grande arquivo sobre a música brasileira. É crítico e contundente. Afirma que a bossa nova foi influência da música americana sobre a nossa e que Tom Jobim assim se denominou para fazer sucesso nos Estados Unidos. Em suas pesquisas conclui que o fado nasceu no Brasil, em Salvador, nas serestas feitas pelos portugueses. Daqui, foi parar lá e adquiriu fama.

E para quem está em dúvida

sobre o que vai fazer da vida...

O uruguaio Ancheta marcou Pelé na copa de 70 e, na época, foi escolhido o melhor zagueiro daquela competição. Depois jogou pelo Grêmio, onde foi capitão por nove anos. Começou então a cantar, para distrair os companheiros nas concentrações, e está lançando o seu segundo CD de tangos.

Hoje é comum as pessoas mudarem por completo o rumo profissional. A dança no Brasil, por exemplo, quase nunca é opção profissional levada a sério - é considerada supérflua e os pais, muitas vezes, procuram tirar da cabeça dos filhos essa idéia "tresloucada".Já no primeiro mundo, a profissão é respeitadíssima e pode ser muito bem remunerada.

Bailes do Brasil

Fantástico o trabalho de J. C. Violla e o seu espetáculo "Bailes do Brasil". O bailarino e coreógrafo paulista, pesquisou de norte a sul do país, durante dez anos, as danças populares e de salão brasileiras, confinadas em seus lugares de origem e desconhecidas do público das grandes cidades.

Sem fazer uma imitação folclórica foi introduzindo, em seus cursos de dança de salão, danças dos índios Tukano do Amazonas, a ciranda nordestina, o maxixe carioca, o frevo, o chamamé e a chula do sul, e muitos mais. Acabou por montar um rico espetáculo com um grupo de alunos, empresários e profissionais liberais, colocando no palco pessoas que nunca pensaram em ali pisar.

Em cartaz até o dia 16 de novembro, no Teatro da Cultura Artística em São Paulo, o espetáculo dá diversas lições. Uma delas é de criatividade "...ver o que todo mundo vê e pensar o que ninguém pensou", conforme Szent-Gyorgye, Prêmio Nobel da Química. A outra é a interiorização, sinal de tempos em que as pessoas buscam suas raízes. Querem coisa mais fantástica do que aprender a dançar com os índios?

Figurino

Estilistas fazem uma releitura de todas as décadas. Há coleções inspiradas nos anos 40 e 50, nas coristas de Hollywood - suas penas e plumas, nos anos 60, em Elvis no Havaí. A década de 40 se mistura com o visual da banda The Doors dos anos 70.

Olhando assim, parece fácil resolver o figurino de um espetáculo de dança de salão. Mas não é. Roupa para dançar ainda merece uma atenção muito especial e até hoje ninguém se debruçou muito sobre o assunto.

Osteoporose

Para combater a doença, ou na sua prevenção, os remédios são a reposição hormonal, o banho de sol, muito leite, a caminhada, a ioga e a dança. Nadar não adianta: os exercícios devem produzir algum impacto sobre os ossos visando fortalecê-los.

Vida Partilhada

Com a participação de Acácio, Fatinha, André, Soraia, Dário, Beth, Denilson, Terezinha, Gegê, Juliana e a Mimulus Cia. de Dança, o show "Vida Partilhada" aconteceu no dia 25 de outubro com sucesso. Os convidados dançaram tango, rock, salsa e samba, este último com toques de mineiridade.

Aldir Blanc classifica o samba mineiro como nostálgico, saudoso do mar, sem a relação com os morros, mas com as montanhas, de melodias bem elaboradas. Dizem, ainda, que mineiro gosta é de mineiro e que estamos irremediavelmente presos às nossas montanhas.

Bom, quanto à dança de salão, nem sempre é assim. Mas, com a tranqüilidade de sempre, vamos mostrando o nosso trabalho. Temos precedentes honrosos: o cantor Leo Belico saiu de Belo Horizonte e foi cantar tangos em Buenos Aires por volta dos anos 60/70. Ficou famoso por lá, onde era conhecido por "El Negrito Cantante".

Cinema e Estrelas

Muita gente deve ter visto o filme "Diabolique" (que figurino!), há tempos nas locadoras, estrelado por Sharon Stone e Isabelle Adjani. Uma americana, outra francesa; uma loira outra morena; uma forte e outra frágil; duas estrelas de primeira categoria. Quando ambas se encontraram pela primeira vez, Sharon, que além de bonita é inteligente, disse à Adjani: "muita gente adoraria se nós não nos entendêssemos bem. Então vamos ser grandes amigas". E foram. E são. Frase de Sharon Stone: "humor é uma forma de ser valente..."

Tombos

Na lista de discussão, em e-mails, os dançarinos confessam o grande pavor: cair. Houve quem confessasse um belo tombo, escorregando em uma empadinha. Pois é, até Barishinikov já caiu no palco em plena cena. Mas não ficou no chão. Com a mesma agilidade, logo em seguida praticamente pairou no ar.

Pessoas

Leilah Assunção, conhecida dramaturga e que foi nos anos 60 a manequim-vedete de Dener, confessa: "eu era aquela adolescente do interior, magrela, nariguda e mais alta que todo mundo. Para não levar chá de cadeira no baile eu era obrigada a ser a mais simpática e dançar melhor que todas".

Presente de bom gosto

Na hora de escolher um presente sempre temos dúvidas. Ocorre a poucas pessoas que um dos melhores é a cultura. Pois Mineirinho acertou em cheio. Sabendo do sétimo aniversário da Mimulus, presenteou Jomar e Juliana com uma aula de forró. Presente que fica pregado no corpo.

Pois...

Anuncia-se que os atuais símbolos de status são outros: tempo livre, cultura, filhos, competência profissional e simplicidade. Pessoas serenas, em harmonia profissional e familiar, revelam a sua classe. Anuncia-se uma volta aos compromissos éticos e morais. Não é mais virtude ganhar dinheiro só por ganhar. A própria palavra status virou nome feio e foi substituída por estilo, que não se compra em loja nenhuma.

Procura-se

o Homem Perfeito

Chegou ao Brasil o livro "35 regras para conseguir o homem perfeito", um manual cujo sucesso tem sido inexplicável nos dias atuais. As regras não permitem à mulher que quer se casar nenhuma iniciativa. É um aparente "não fazer nada" e estar sempre no controle da situação. Pelo manual, se você quer se casar não o convide para dançar. Deixe que ele o faça. Agora, se você quer só dançar, convide mesmo, quantos você quiser.

O livro gerou reações masculinas e já saiu o "Segredos testados pelo tempo para se obter o que se quer das mulheres sem casar com elas" e o "Quebrando as regras", o manual das mulheres que querem provar quem manda na dupla.

Talvez, diante de tantas questões, a posição mais centrada seja: chame-o para dançar, mas deixe que ele conduza os seus movimentos.

PERFIL


Quem é Sara?

Sara Cunha Lima não é uma menina e nem tem um corpo escultural. No espetáculo "Bailes do Brasil", em São Paulo, no entanto, rouba a cena e arranca aplausos quando dança. Quem é Sara? Sara é uma pessoa que deixa de lado as suas inibições enquanto dança. E isto é uma dificuldade que todas as escolas de dança de salão enfrentam: como fazer para que o aluno vá para a pista dançar despreocupado com a sua idade, peso ou tamanho? Se no baile tem pessoas que já fazem aulas a mais tempo, alegam que ficam inibidos. Se a pista está vazia, têm vergonha. Se os professores estão por perto, acham que estão sendo criticamente observados, sem lhes passar pela cabeça que, para quem ensina a gratificação é ver o resultado do seu trabalho.

Muitos acreditam que a salsa, o forró, o rock, ou qualquer outro ritmo que exija um pouco mais de soltura é coisa de jovens. Pois Sara desmente até o fato de que mineiro é mesmo contido, diferente do carioca. Pois ela nasceu aqui, há 51 anos, e com quatro foi para São Paulo, onde se casou, teve três filhos, estudou pedagogia e atualmente trabalha como diretora de uma escola infantil. Sempre gostou muito de dançar e, jovem, freqüentava os bailinhos. Casou-se com uma pessoa maravilhosa, que, no entanto, não tira o pé do chão. Por isso, durante muitos anos deixou de dançar, a não ser em festinhas familiares.

Quando fez 40 anos resolveu que queria voltar a ter uma atividade prazeirosa e entrou para o curso de dança de salão de J.C. Violla, onde está até hoje. Faz aulas, de uma hora e meia, uma vez por semana. Participa de um grupo que lhe agrada muito e com o qual sai, às vezes, para dançar.

"Bailes do Brasil" é o segundo espetáculo do qual participa. Nele, dança ciranda, xote, maxixe, valsa, bolero, guarânia, rock, chamamé, forró, samba, pagode, lambada, cambinda e maracatu. De todos os que mais gosta é do forró e do samba, mas encara todos os ritmos com muito prazer. Para chegar a tanto ensaiou, de terça a sexta-feira, duas horas e meia por noite, aos sábados e domingos, das dez da manhã às seis da tarde, descansando, durante três meses, apenas nas segundas-feiras. Mesmo sentindo um pouco de culpa por se ausentar tanto de casa, achou que o resultado valeu a pena. Em curta temporada, porque nem Sara é de ferro, apresenta-se de quinta a domingo, até o dia 16 de novembro.

Charmosa e exuberante, é modelo da soltura que a dança pode proporcionar. Um amigo diz que Sara é muito tímida. Nós a elegemos musa do nosso sétimo aniversário. Desejamos ver a dança fluir no corpo das pessoas como flui no de Sara Cunha Lima. E, como fluiu também na apresentação de dois alunos nossos, Maria Amélia e Marco Aurélio Líbero, deixamos aqui o nosso abraço muito carinhoso para os dois, que tão lindamente dançaram o casino na hora dançante no dia sete de novembro...

RITMOS


E para quem imaginava

que já sabia tudo sobre o tango...

Nunca se escreveu tanto sobre este fenômeno que compreende tantas expressões: dança, estilo de vida, lembranças de imigrantes que, no final do século passado, chegavam ao Mar del Plata cruzando seus destinos e suas facas; expressão de arte, sentimentos e da insondável alma humana; cheiro de pampa, de "calle florida", dos subúrbios folclóricos de Buenos Aires, de palcos poeirentos, de ritmo cadenciado e tantas outras coisas que também vou me aventurar nesse mister e por isso peço desculpas previamente, pois seja dito que não sou um grande esperto desta dança e desta arte maravilhosa.

Como dança, os adjetivos que logo batem na minha mente são muitos: sensual, passional, machista, sedutora, obsessiva, vinculante, melancólica, endiabrada, fascinante, imprevisível, ritual, desafiadora, cúmplice, febril, descarada, poética, virtuosa, exibicionista, elegante e emocionante, pois exprime perfeitamente a luta entre o homem e a mulher.

O tango nasceu em Buenos Aires, por volta de 1880, nos cais, nas docas, nas tabernas e nos bordéis, onde imigrantes europeus encontravam-se para beber, conversar, trocar mágoas, encontrar um amor barato, brigar e compadecer-se um do outro num turbilhão de paixões e de esperanças para o futuro. Principalmente italianos do "sul da bota" que traziam consigo experiência, malandragem, determinação e vontade de trabalhar.

Os filhos deles, trinta anos depois de terem fabricado e comercializado toneladas de pizzas, pastas all'uovo, salsichas e sorvetes, ficaram ricos, falavam espanhol e "italiacão". Pensavam ser ingleses e gostavam de dizer que tinham origem parisienne. Espanhóis que falavam a língua dos descobridores da Argentina e que, por isso, achavam-se os donos do pedaço (esta parece que foi a principal causa das brigas entre os imigrantes).

Durante as últimas décadas do século XIX, os novos habitantes da nova República Federal Sul Americana, que após a última guerra com o Paraguai (1865-1870) parecia a terra prometida, viviam num país de maciça imigração européia, que trouxe uma Babilônia de línguas, músicas e ritmos, como polca, valsa, mazurca, berengue e candombe da África e bolero da Espanha. Estas são as raízes musicais do tango.

A palavra tango, na semântica da língua swahili, do leste africano, significa "lugar fechado". Na língua latina é sinônimo de "tocar" (tango-tangis-tetígi-táctum-tangêre). São famosas as frases:

"tetigin tui quicquam?" (toquei alguma coisa tua?), de Ovídio, e

"fulmine amoris tactus" (atingido pelo raio do amor), de Plínio.

No início do século XX (1913) a nova dança argentina conquistou a Europa. Em Paris chegou graças a Jean Richepin (parceiro de Sarah Bernhardt, "a divina") e a Ricardo Guiraldês, filho do síndico de Buenos Aires.

Na mesma época, na França (parece que em Toulouse), nasceu Carlos Gardel. Ele colocou ordem na casa do tango e compôs letras e músicas de tangos que se tornaram famosos no mundo inteiro (ele também foi um imigrante). No dia da sua morte, 24/06/1935, duzentas pessoas se suicidaram e vinte mil desfilaram emudecidas no seu velório. Hoje, Carlitos "cada dia canta melhor". Em Buenos Aires, no cemitério da Chacarita, em volta da estátua de Carlitos, sempre tem gente que reverencia sua memória.

Na Itália nasceu Rodolfo Valentino (Rodolfo Guglielmi - 1895 - Castellaneta - Puglia - 1926 - Nova York), que espalhou o tango pelo planeta com o filme "Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse", em 1921.

Depois da Segunda Guerra Mundial veio o filme "Último Tango em Paris", que escandalizou a prudery bem da burguesia européia que, tal fênix, renascia das cinzas.

Nos anos 80 e 90 o tango voltou com toda a força nas maiores capitais do planeta: Paris, Roma, Nova York, Tóquio etc., graças ao talento de Astor Piazzolla que também na Itália fez shows inesquecíveis - Milão, Torino e Veneza - em parceria com a cantora italiana Milva, "a tigreza".

Infelizmente Astor se foi a tocar seu fantástico bandoneon para São Pedro, mas, na capital portenha, os músicos de seu antigo conjunto continuam deliciando os seus apreciadores. Quem não se delicia com um violino, um bandoneon e dois bons dançarinos bailando essa liturgia triste da luta palingenética do homem? Longa vida ao tango e aos que a ele se dedicam como Jomar e Juliana, André e Soraia, e outros mais...

Marcello Abbatantuono

INTERCÂMBIO


Testemunha Silenciosa

"Desde o primeiro dia de funcionamento da Mimulus, quando passo por uma das esquinas mais movimentadas de Belo Horizonte - Contorno com Amazonas - o sinal sempre está fechado. Do lado esquerdo tem um bar e, em todos esses anos, Wando Malaguti sempre esteve lá acompanhando minhas idas e vindas pela noite a dentro. A sua presença tem sido para mim um sinal da desejada estabilidade, da prova de que o universo continua em ordem. Sei o seu nome porque um dia desses criei coragem, desci do carro e fomos dividir um pouco a nossa história. Ele fica lá e, se está de chapéu branco, quem passa o chama de Tom Jobim; se coloca chapéu preto, é chamado de Alceu Valença. Não é, então, por mera coincidência que Wando escreve sobre as pessoas que não conseguem viver a sua própria identidade..." (Baby Mesquita)

Responsabilizando-nos pela Espanha

"Prezados senhores da Mimulus: Será apresentado dia... uma coreografia de dança flamenca, visto que 'somos responsáveis pela Espanha'. Peço que entrem em contato comigo para que possamos esclarecer alguns pontos que julgo importantes... L.C.R."

Mas, como vamos nos responsabilizar pela Espanha?

De qualquer forma, nós que trabalhamos com dança de salão sempre somos surpreendidos nos finais de semestre por alunos que nos pedem para treiná-los em alguma coreografia que será apresentada em seus colégios, como o tango, o mambo (não imaginamos porque tanto), a valsa antiga e até a dança típica do Canadá. É mais ou menos o equivalente a dizer: "vocês vão aprender a falar francês, este outro grupo vai aprender grego e esta turma de cá, alemão. No dia tal, vocês vão falar essas línguas e quem falar mais bonito ganha um prêmio... E venham vestidos como franceses, gregos e alemães. Se vocês não conseguirem, tragam um francês, um alemão e um grego para representar vocês. E lembrem-se: sem gastos".

As escolas de dança bem que poderiam investir um pouco mais na dança de salão e, no final do ano, colher resultados. O exemplo muitas vezes vem de longe: os educadores de Palma, no Mato Grosso, farão em dezembro um curso de dança com os professores do Rio de Janeiro, com o apoio da Faculdade Ubra e da TV Educativa.

Círculo do Baile

O Círculo do Baile informa: nos dias 5, 6, 7 e 8 de dezembro, estarão reunidos em Madrid para dar aulas, os maiores mestres do tango da atualidade: Juan Carlos e Johana Copes; Oswaldo Zotto e Lorena Ermocida; Rodolfo e Maria Cieri; Pablo e Esther Pugliese.

SINTONIA


Notícias para

Luciana Arouca

Luciana:

"Foi muito bom receber suas notícias e engraçado ver você escrevendo 'las quales'. Parece que você está há séculos no México, no entanto estamos comemorando apenas cinco anos da Cia. de Dança, da qual você fez parte. Ela continua inventando moda, literalmente. No próximo show a Juliana vai usar uma saia que esconde o Jomar dentro. No lindy hop a roupa tem que ser mágica para fazer as meninas escorregarem, pelo menos 3 metros, e ainda estão inventando um piano humano. Tem um tango na perna de pau - uma coisa aflita - o Jô cai nos ensaios. Um dia coloca gelo na nádega direita, no outro, na esquerda. Tem dia que nem anda direito.

Bruno e Daniel saíram do grupo e voltaram, graças às promessas feitas à Santa Bigodênia. Daniel está moço, usando rabo de cavalo, o Bruno está maior do que o Jô, namorando dia e noite a Fafá. Ana Paula vai ser mamãe. A Mimulus vai ter o seu primeiro neto e, ao mesmo tempo, o seu primeiro casamento: o de Claudia Fernandes com o Haroldo, que conheceu durante as aulas. A Renata saiu, mas vai participar do show de aniversário da Mimulus. O Thiago, hoje é quase um pastor. Perdemos um grande dançarino, mas temos a certeza de que ele sempre vai estar orando pelo grupo. O Serginho, ovelha desgarrada, aparece para que não nos esqueçamos do seu sorriso e só.

Como você vê, os 'meninos' cresceram... quer dizer, nem todos, a Thais continua do mesmo tamanho, o que lhe permite fazer com o Jô uma milonga fantástica. Peso pena, ela vai parar quase no exaustor e, quando volta, costuma bater com o pé no chão e destender todos os músculos. Jomar e Juliana terminaram o namoro. Ele agora namora a Daniela, que dança na Cia., e a Juliana preferiu um artista plástico. Uma área certamente mais flexível.

Tem muita gente nova que você ainda não conhece: a Cândida, toda delicada, que está namorando o Cristiano Quintão, nosso aluno dos mais antigos. O Mauro e a tia dele, Kátia, que não consegue fazê-lo ficar quieto por cinco minutos. Tem o Carlos: menino super batalhador; o Roneis: doublê de bancário; a Fernanda: com 13 anos consegue ser maior do que todo mundo; a Cecília: ex-criança com aparelho nos dentes; o Rodrigo: um pixote que tira sempre os primeiros lugares no Colégio Militar. Tem o Eduardo, às voltas com o vestibular, e a Júnia, míope, sempre de olho fechadinho. A Cláudia Mineiro arrumou um namorado na Espanha e, quando tem tempo, dá aulas. A Heloisa Paixão continua conosco, acompanhando as idas e vindas, as crises, as artes, as aulas, os alunos. João também, com 60 anos e saúde de 20.

No mais, esperamos o seu retorno falando o mexicanês. Você pode vender a história do seu casamento para o SBT e viver só de dançar. Vem... continuamos meio malucos, mas, como disse o Daniel depois de anos de reflexão: - 'a Mimulus ainda é muito nova'... e por trás dessas palavras, quanta coisa já vivida, sofrida e desfrutada".

ESPECIAL


COMEMORANDO SETE ANOS,

A MIMULUS DANÇA DE SALÃO

TRAZ A BELO HORIZONTE

RENOMADOS ARTISTAS ARGENTINOS

Marisa Talamoni e Ricardo Calvo são da cidade de Rosário e, desde 1960, trabalham com o tango. Participaram de diversos espetáculos, dentre eles, "De punta a taco somos Tango", com Juan Carlos Copes e Maria Nieves, sob a direção artística de Betty Gambartes. Fizeram ainda "Nuit Tango", com a orquestra de Rodolfo "Cholo" Montironi e se apresentaram com o quinteto Camandujale. Em 1994 receberam o prêmio Monumento de Cristal por sua obra e foram declarados embaixadores oficiais do tango.

Desde 1996 se apresentam na Europa. Participaram do III Festival de Sitges y Grec, em Barcelona, dançaram no castelo Monchetal, na Alemanha, e no Chalet du Lac, em Paris, além de Bruxelas e Amauta. Em 1997 foram convidados para o Festival Internacional do Tango, em Paris, que aconteceu no Teatro L'Empire, por onde passaram Carlos Gardel e Francisco Canaro. Este evento reuniu cinco dos mais consagrados dançarinos da atualidade. Nele, conheceram o trabalho de Jomar Mesquita e Juliana Macedo e se entusiasmaram com a idéia de virem a Belo Horizonte participar das nossas comemorações de aniversário.

FAX


De: Baby

Para: todos

Cá estou eu em Tiradentes, para descansar, e o que trago na mala? Livros...

Em minhas mãos, o "Método Rápido FEITO PARA DANÇAR Corretamente", selo COPA DE OURO, 5028 de Arthur Murray. Na verdade é uma cópia xerox sem a data da edição. O artista plástico Eymar Brandão o encontrou nos baús de sua avó, fez a cópia e nos deu em julho de 1992 com a seguinte dedicatória: "Para a Baby, afetuosamente a dois: dois pra lá, dois pra cá", o que já faz dele grande preciosidade.

O autor começa afirmando que "qualquer um pode dançar, já que a dança é uma habilidade natural a todos", incluindo o leitor, mas alerta: "não despreze as primeiras páginas, se elas lhe parecerem muito fáceis. Comece no início e não no meio do livro". Como o meu objetivo é outro, desobedeço o mestre e leio os títulos dos diagramas das aulas de samba: tem a curva simples, a curva rainha, a corridinha, a corridinha para trás, a corridinha em curva e o puladinho. Este último, diz ele, fica fácil pra quem já fez lições de valsa, pois tem sua origem ali. Quem diria! Só os nomes dos movimentos já me dão alegria.

Muita gente aprendeu a dançar através desse livro. Pessoas mais jovens do que eu devem lembrar-se do treino de alguém da família, feito com uma vassoura. Lá em casa, eu era a própria vassoura: meus irmãos só me levavam aos bailes se eu treinasse antes e durante com eles - e não era nada fácil. Durante as músicas mais românticas lá estava eu nos braços de um deles.

Pocho Pizarro foi o primeiro artista que eu trouxe a Belo Horizonte. Eu o havia visto no Tango Mio, em Buenos Aires, e o que ele fazia de mais fantástico era dançar o tango com duas vassouras cruzadas, de tal forma que lembravam uma mulher de vasta cabeleira e pernas finas. Vieram ele, Estela e as "parceiras" que me deram um bocado de trabalho para carregar de um lado para o outro. Até hoje acho que as merecia para, quem sabe, um museu mineiro de dança de salão, mas nem de longe passou pela sua cabeça deixá-las por aqui, mais fácil seria deixar Estela.

Percebo, enquanto escrevo, que minhas lembranças são como um livro antigo. Na página 166 leio uma recomendação para as damas: "torça ambas as pontas dos pés para a direita, girando o corpo de modo a jogar o peso dos calcanhares para as pontas, depois, torça ambos os calcanhares para a direita, balançando o corpo de modo a jogar o peso de volta nos calcanhares. Repita, sempre para a direita, em um total de oito passos". Achei muito complicado. Tenho medo de experimentar, ter uma torção lombar e não poder caminhar pelas ruelas da cidade.

Mas o que mais me encanta no "Feito para dançar" é a análise do autor no capítulo: "A dança indica o caráter". Diz ele: "os egoístas movem-se meticulosamente, pisando com todo o cuidado a fim de se protegerem. Os românticos desprezam o resto do mundo. O agressivo, como um tanque, não respeita pedra no caminho. O casal displicente, provavelmente não quer nada com o trabalho. E o ciumento? Observe como aperta a companheira e curva-se sobre ela pronto a dar o bote. A ciumenta, por sua vez, gruda-se a ele, admirando-o no fundo dos olhos. Não olhe para os muito tímidos - eles sentir-se-ão desesperados se observados com seus cotovelos caídos, passos titubeantes, mal tocando a dama, enquanto que a tímida, cujos braços caem desfalecendo, agarra o polegar esquerdo do rapaz com força de até-que-a-morte-nos-separe. O furioso não ataca os outros casais como o agressivo, mas, arrasta com rapidez a sua dama de um lado para o outro, confusamente, arrasando cabelo, roupa e toda a aparência da coitada..." Não é divertido?

Estou com poucas saudades, por enquanto. Quando elas aumentarem eu volto. Beijos para todos e, se encontrarem o Eymar, digam que até hoje sou muito encantada com o presente que ele me deu.

Baby

CARTAS E E-MAILS


"Sabedores que somos da preocupação da Mimulus em apresentar aos seus alunos e amigos uma programação qualificada, assim como informações baseadas em estudos mais profundos dos temas discutidos no seu jornal, aí vai um parecer comum de vários historiadores das bandas de cá, sobre o danado do FORRÓ. Segundo eles, a palavra FORROBODÓ não está totalmente fora do contexto no que se refere ao FORRÓ (FOR ALL). Trata-se de uma palavra derivada da mesma, já que os FOR ALLS, sendo festas muito populares da época, a incidência de brigas e confusões era muito grande, surgindo assim a expressão FORROBODÓ. Assim, popularmente falando: confusão no forró? Foi um forrobodó!"

Mineirinho - Maceió

"Estive no 'Vida Partilhada' e fiquei muito comovida com o trabalho de vocês. Já corri meio mundo e vi muita coisa nos meus cinqüenta anos de vida mas nunca vou me esquecer de como vocês dançaram a 'Valsa Branca'. E para a 'Payadora' o Fantástico é pouco..."

Suely Pedrosa de Morais

- Rio de Janeiro

"Gostaria que vocês me respondessem a uma pergunta: por que o nome 'dança de salão'?"

Geraldo M. de Castro - Belo Horizonte

A pergunta nos leva mais à reflexão do que à pesquisa. A denominação 'dança de salão' já vem sendo questionada e muitos propõem o nome 'dança social', face a uma nova percepção dos objetivos da dança... de salão.

"Fico muito feliz toda vez que recebo o jornal 'Mimulus em Movimento'. Agradeço a atenção de vocês e saibam que é o único jornal que leio do princípio ao fim. Todo o conteúdo acrescenta ao profissional da área. Obrigada pelo convite para participar do 'Vida Partilhada'. No momento é impossível. Parabéns para Juliana e Jomar. Parabéns para a Mimulus e parabéns pra você, Baby, que é o começo de tudo! Obrigada novamente".

Iara Castro - Belo Horizonte

"Feliz Aniversário. Muitos beijos".

Monique Saint Louis - Paris

"Tive o prazer de ser colega de Baby na Faculdade de Psicologia e ver a família crescer. O trabalho de vocês me fascina: é arte, comunicação, integração e muito amor. Quero ver Jomar no topo e que o mundo descubra o seu talento. Tenho um orgulho enorme de ser amiga da família Mesquita. Parabéns pelos sete anos".

Irany Vianna - Juiz de Fora

"Sou professor de dança de salão em Goiânia e tive acesso ao jornal pela Internet. Gostei muito do conteúdo das matérias e gostaria de receber o jornal e, se possível, os números anteriores. Parabéns pelo trabalho em prol da dança de salão".

Ênio Cáceres - Goiânia

"Visto la trayectoria artística de la pareja de tango-danza Marisa e Ricardo, artistas de primer nivel de esta ciudad, avalamos y auspiciamos su visita a Belo Horizonte, donde nos representarán con el talento que los caracteriza".

Hector Marcelo Tealdi

- Secretario de Cultura y Educacion

- Municipalidad de Rosario

"Me alegró leer el periódico Mimulus y me gustó muchísimo. Deseo que Jomar y Juliana sigan teniendo éxito. Fue un placer muy grande les conocer y trabajar juntos. Creo que los dos tienen una energia bárbara. Un abrazo muy fuerte y un beso".

Osvalda Cerati - Londres

EXPEDIENTE


Mimulus em Movimento
Publicação bimestral da Mimulus Dança de Salão
Diretora responsável: Baby Mesquita
Jornalista responsável: Antônio C.de Oliveira - Mtb 3425
Fotografias: Jomar Mesquita
Distribuição: gratuita
Proibida a reprodução total ou parcial do material publicado, exceto quando autorizada pelo diretor.