Maio/1997

Jô e Mileide


Elisa Cintra - correspondente em São Paulo


Jô e Mileidy, professores de forró, são na opinião de Jaime Arôxa "os melhores do gênero no Brasil". Conheça-os nesta entrevista

- Quem são Jô e Mileidy e seus ídolos?

- Jô e Mileidy são grandes amigos e parceiros de dança. Eu, Jô, 23 anos, modelo e proprietário de uma agência de produção de moda no Recife, sempre gostei de dançar, desde menino, mas não tive apoio familiar para o trabalho da dança.
Assim, prestei vestibular para Administração, mas perdi uma das provas por causa de um show e a faculdade "dançou". Mileidy, 19, irmã de uma aluna minha, já fazia ballet clássico e jazz e também gostava de dançar. Eu adorava Michael Jackson e a maneira dele dançar, seus trejeitos, mas achava muito difícil, era pequeno nessa época e já fazia festas na escola, participava da abertura de jogos etc. Há quatro anos vivemos de dança.

- Sua partner hoje é Mileidy. E antes?

- Na seqüência, primeiro foi a Lilia, que se casou, a Dilma, que parou de dançar, a Lizete, a Shirley, que foi a mais fixa dessa época, e depois a Mileidy, além da Adriana, que reencontrei no período de novembro a dezembro de 96, em que a Mileidy estava cansada e deu uma parada. Havia muito trabalho e a Adriana a substituiu.

- Quando se conheceram e como tudo começou?

- Foi no encerramento de um curso de modelo e manequim de minha agência, há quatro anos atrás. Houve um baile após a entrega dos certificados e a Mileidy foi com sua irmã, uma das formandas. Dançamos e então pediram para mostrarmos uma lambada. Foi o maior sucesso. Questionei se ela tinha interesse em se aprofundar nos conhecimentos da dança e ela disse que sim. Mantivemos contato e começamos a ensaiar e montar shows e figurinos. Estudamos fitas de vídeo de profissionais, como Carlinhos de Jesus e Jaime Aroxa. Foi um período de mais ou menos 6 a 7 meses de trabalho, para depois começarmos a ministrar ritmos mais fáceis para nós, como forró, lambada e depois salsa e bolero. Foram seis meses de cursos lotados, tivemos o apoio dos maiores jornais da região. Em seguida, resolvemos ir para o sul, Rio e São Paulo.

- Os prêmios?

- Participei e ganhei dois concursos. O primeiro, aos 15 anos, numa boate em Recife, quando ainda não era profissional, com minha parceira na época, Lizete, 25, professora de aeróbica. O prêmio era uma viagem para o Rio de Janeiro, com tudo pago; O segundo, então profissional, já com Mileidy, me desaconselharam a participação, pois já tínhamos um nome e não havia necessidade. Mas nós não podíamos deixar de participar, pois o prêmio era uma viagem para Nova York, em 96.

- Nós conhecemos você e Mileidy através do forró. Vocês ensinam todos os ritmos?

- Sim. Acontece que o forró é um ritmo característico do norte, e existem vários estilos de forró na nossa região. Já aqui, no sul, tem muito pouco dessa variedade. Por isso, a procura é maior pelo forró, mas ensinamos todos os ritmos.

- Notei, no Rio, que os filhos ainda pequenos frequentam os bailes com seus pais e toda a família. No Recife também é assim?

- Nem tanto, mas também é, de outra forma, pois lá se explora muito a dança típica, que é o forró. No primário, começam com o ballet e na 3a. série já incluem os ritmos nordestinos.

- Como foi o contato no Rio e em São Paulo?

- No Rio, o nosso primeiro contato foi com Carlinhos de Jesus. Fizemos shows no Rio Centro e no Barra Shopping, demos vários cursos na academia dele, depois conhecemos o Jaime Aroxa. No começo mantivemos o trabalho com os dois. Depois, quando fomos para Santa Bárbara D'Oeste, em São Paulo, surgiram propostas para gravar no programa da Angélica, Programa Livre, Eliane, e outros programas infantis por causa do "Forró da Boneca", e acabamos ficando em São Paulo porque as coisas aconteceram aqui de uma maneira mais constante, estável e concreta. Com o Jaime, em São Paulo, os cursos estão cheios de alunos, temos os finais de semana programados com shows, ministramos o curso de forró e, ao mesmo tempo, reciclamos a nossa dança de salão.

- Os shows são só de forró?

- Em Ribeirão Preto e Campinas, foi forró; em São José, soltinho e bolero, depende do lugar, do que as pessoas querem.

- O que achou, a nível de trabalho, do público carioca e paulista? Como é na sua região?

- Eu adoro o Rio, é uma cidade muito parecida com minha terra e eu peretendia ter ficado lá, mas o mercado está muito parado. O carioca é muito bolero, swing, samba, este último, típico de lá é elitizado, atinge todas as classes sociais, coisa que não acontece com o forró, que para eles é brega, há uma barreira, acho que foi devido a invasão dos paraibanos que aconteceu na cidade. O mesmo acontece no norte onde o forró é muito forte, mais em Fortaleza mas também no Recife, o samba de gafieira é que tem essa fama de brega. Já o paulista é mais receptivo, talvez porque eles não tenham sua dança típica tão forte. Existe o pagode, mas é diferente, parece que o paulista quer aprender tudo de todos, é mais aberto em todas as classes sociais, embora seja bem mais formal na sua maneira de ser. Depois há também mais opção para shows e é um público mais sociável para o trabalho..

- Você pretende montar seu próprio espaço? Onde?

- Se tudo der certo, pretendo montar um negócio fora da dança e também um espaço de dança de alto nível, com muitas salas, provavelmente em Recife mesmo.

- Vocês vão participar do II Encontro Internacional de Dança no Rio?

- Sim. No Encontro anterior participamos de muitos cursos, como alunos, e nos destacamos bastante com o nosso estilo. Neste ano, vamos ministrar aulas de ritmos nordestinos.

- Quais são suas expectativas para 97 ?
-Recebi um convite de Adriana que estava retornando da Suécia, onde mora e tem uma academia de dança, para trabalhar lá em agosto próximo. Mileidy, por questões de idade (lá só é permitido trabalhar aos vinte e três anos), não poderá me acompanhar, mas já organizamos os trabalhos para ela aqui até a minha volta.

- Você ficará quanto tempo na Europa ?

-Em princípio serão 3 meses na Suécia, e 3 meses na Inglaterra, mas está surgindo um convite para a Espanha. Uma coisa puxa a outra e, financeiramente, a Europa é bem melhor que o Brasil, pois dá para fazer uma reserva para o futuro.

- Até quando estarão conosco em São Paulo?

-Neste primeiro semestre, estaremos na Academia Jaime Aroxa - SP e também em Santo André.

- Dicas da região...

v -Macéio: "Lampião", show e dança ( perto do Hotel Melliard );

-Recife: "Sea Paradise", um barco flutuante, "Forró Chic", no bairro do Prado e "Aspaz", um lugar onde ningúem aprende mas todos dançam;

- João Pessoa: Hotel Ouro Branco, na academia Palavollo, aos sábados.

- Sua mensagem...

- "Não deixem de dançar. A dança é uma coisa muito gostosa, é uma terapia, uma vivência a mais para todo mundo. Que as pessoas procurem as boas academias e dancem. Eu vivo dança, respiro dança. A dança é meu ganha-pão, é meu trabalho. Eu amo o que faço, e não danço só pelo dinheiro. Danço pelo prazer e pela simples vontade de dançar."


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