Jornal Dance
A alegria das noites tropicais de Fortaleza
As viagens têm nos ensinado o quanto os brasileiros amam dançar.
Pode variar a paisagem, pode mudar a cultura, pode ser diferente o estilo e
temperamento das pessoas, mas por todo este país a presença da
dança é demonstração de pura energia e de prazer pela
vida. É uma marca do jeito de ser brasileiro. Dance já fez reportagens
sobre a dança no Rio e Salvador, fora as pequenas matérias sobre os
mais variados lugares. Agora conta sobre Fortaleza, onde o forró predomina
soberano. Acompanhando o hábito e a agenda local, durante uma semana
Dance esteve cada noite num lugar diferente. Fica difícil dizer o mehor.
Em Fortaleza, onde é verão o ano inteiro, com noites
irresistíveis, ao sopro da sua famosa brisa, há uma
característica muito interessante: para cada noite existe uma casa
específica, para onde todo mundo vai -- locais e turistas. Nem adianta
inventar, tentando fazer seu próprio roteiro. Será pura perda de
tempo. Por exemplo, segunda-feira é a noite do Pirata, cujo nome oficial
é Pirata Bar, que fica lotado. Casa ao ar livre, estilo botecão, ali rola
forró do quente, e axé, para dançar e para curtir o show do
Grupo Asa Branca, com o famoso Azeitona, improvisador fantástico, mais o
Grupo Alta Tensão, que completou 11 anos na casa em novembro.
O Pirata, segundo seus donos, Júlio Trindade e o filho Rodolfo, comporta
até 3 mil pessoas, o que raramente acontece, felizmente, porque ficaria
insuportável. Ir ao Pirata é programa obrigatório para
qualquer visitante que esteja realmente em busca de diversão. Fica na rua dos
Tabajaras, 325 - Praia de Iracema, fone (085) 219-8030. Rola das 21h às 6h,
com entrada a R$10,00, para eles e elas.
Terça é dia de ir ao Mucuripe, na Av. Beira Mar, 4430 - fone/fax 263-
1006. Esta casa é o oposto da maioria, onde predomina a
descontração do estilo boteco. É mais formal e reúne
mais mauricinhos em ampla área a céu aberto, restaurante anexo de
boa qualidade e uma boate fechada, a Mustike, com potente som bate-estaca e jogos de
luzes, mas de bom tratamento acústico, que não interfere na
música do lado externo. Mas o gostoso mesmo é ali fora, com
música ao vivo, todos os ritmos, para dançar numa área
redonda improvisada como pista. A choperia, com shows, funciona de terça a
domingo. A boate Mustike abre de quinta a domingo.
O Mucuripe agora está fazendo um grande investimento, aproveitando amplo
espaço físico que dispõe ao lado. Será o Mucuripe Ilhas,
espécie de shopping dançante, de lazer e gastronomia, com capacidade
para 2.000 pessoas. Um dos alvos é o turista estrangeiro, cuja presença
tende a aumentar em Fortaleza. Uma das atrações será o palco,
no formato de uma nave espacial, com 3 metros de altura e camarim próprio.
Será visível de todo o complexo e permitirá shows de grande
porte, com nomes famosos.
Nas quartas o eixo do movimento se desloca para o Oásis, na Av. Santos
Dumont 6061, Papicu, fone 234-4970. Tem mesas ao ar livre e em área
coberta, onde fica a pista de dança, num piso rebaixado, que favorece a
paquera, intensa. A banda Os Brasas aumenta o calor da noite. Nas quintas promovem
a Quinta da Mulher, quando elas convidam eles para dançar, sendo proibida a
tábua, exceto se o dito-cujo estiver acompanhado, para não dar
confusão.
A casa costuma contratar professores de dança de salão, uns dez, que
fazem a animação vestidos a caráter. Nas sextas e
sábados abre para shows e desfiles gays, concursos de beleza e outras
brincadeiras. Ingressos a 10 e 15 reais.
De quinta a sábado as opções podem ser o Clube do Vaqueiro,
com show de forró, reggae e samba. Lugar amplo, junto ao Ane do Contorno
de Fortaleza, entre a BR-116 e a CE-004 - fone 276-2014. O problema é a
distância. Para quem for usar táxis recomenda-se checar antes os
preços de ida e volta e fazer a corrida com preço tratado.
Você poderá conhecer também o Parque do Vaqueiro, cujo
nome já diz tudo, na BR-020, Km 10, após o anel viário - fone
296-1159; o Cajueiro Drinks (com shows de forró), na BR-116, Km 20,
Euzébio - fone 275-1482; o Parque Valeu Boi, com bandas de forró, na
Terezópolis, s/nº, Cajueiro Torto - fone 229-1906 ou o Sítio Siqueira
Clube, também de forró, para variar, na Adalberto Malveria, 230 -
fone 294-1296. Consulte programação.
Nas sextas uma ótima pedida para os apreciadores da dança de
salão pode ser o Domínio Público, na rua Dragão do
Mar, 212 - Praia de Iracema, vizinho à Capitania dos Portos. No antigo
casarão mesclam-se visitantes com freqüentadores habituais da casa.
Música ao vivo, com direito a tudo, de carnaval ao Besame Mucho. Aos
sábados entra a faixa bem jovem, com música mecânica e
sacolejo solto. Ingressos a dez reais, com meia entrada para estudantes. E
atenção: quem chegar muito cedo não deve se assustar com a
casa ainda quase vazia. Convém esperar. O pessoal vai chegando aos poucos e
o movimento esquenta mesmo é por volta da 23:30 ou meia-noite. Fone 253-
3881.
Quem estiver em busca de bailes mais formais, de padrão clássico,
também não ficará na mão. O Náutico, clube
super conhecido, tinha abandonado e voltou a fazer grandes bailes, em seu
maravilhoso salão redondo, descoberto, com vista para o céu. A
Universidance, melhor academia de dança de salão de Fortaleza, dos
mestres Firmino e Newton (que se mudaram do Rio para instalar a escola), realizou o
baile de reinaguração. Como todos já estavam fartos de
forró, o tema foi "Mi Buenos Aires Querido", com aplaudido show de tango
dos professores e alunos da academia, além de lançamento da carreira
solo do cantor Paulo José Benevides. O Círculo Militar
também é conhecido como ponto de bons bailes de estilo
clássico.
Outras opções, lugares realmente divertidos e animados, com muito
forró, axé e quejandos, são o Itapariká e o Subindo ao
Céu, ambos com música ao vivo. São o que eles chamam de
barracões, de beira mar, na distante Praia do Futuro. Lugares totalmente
abertos, como o clima tropical permite e sugere. Do lado de fora, pegando carona no
som, sob luz de poste e da lua, ficam aqueles que não podem ou não
querem pagar, dançando na rua mesmo. São assistidos por um completo
comércio paralelo, de ambulantes, com todo tipo de comes e bebes. Lá,
portanto, nem falta de grana segura o forró.
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