TAPARAZZI


Sapateado, uma arte fácil?
“O sapateado leva uma vida para ser plenamente dominado.” Jimmy Slyde
Se for necessário criar um número para um show do tipo Broadway bem tradicional, onde fileiras de lindas mulheres (chorus girls) sapateiam simultaneamente em formações elaboradas (chorus lines), os passos necessários podem ser aprendidos em poucas semanas de aulas. Sem conotação negativa (pois já aplaudi de pé muitos shows desse tipo), nesse contexto os bailarinos não são “sapateadores” e sim “bailarinos que sapateiam” ou “cantores que sapateiam”.
Quando apareceram pela primeira vez, as chorus lines causaram furor. O impacto cênico produzido por vinte pessoas sapateando de forma precisa e sincronizada era ímpar e efeitos de grupos passaram então a ser cada vez mais refinados, culminando com as impressionantes coreografias de Busby Berkeley para musicais de Hollywood, que chegou a colocar 250 sapateadores numa única cena. Resta que, salvo exceções, o sapateado era tecnicamente pobre. Mas o grande sucesso alcançado por esses espetáculos, impulsionados pela poderosa máquina de divulgação da indústria do entretenimento norte-americana, “marcou” o sapateado ao olhos do público, que passou a identificá-lo com esse tipo de show.
 Talvez por isso, o sapateado nunca foi considerado uma forma de dança “séria” e leva o estigma de sempre ser ligado a momentos de puro entretenimento de shows “de fácil assimilação” e de pouco interesse artístico.
Ao mesmo tempo, pessoas como Fred Astaire ou Gene Kelly conseguiram o reconhecimento e a admiração de todos. Mais recentemente, em filmes como “The Cotton Club” e “Tap”, vemos cenas antológicas onde a “velha guarda” do sapateado, todos homens negros de mais de 60 anos oriundos do mundo do teatro de Vaudeville e da tradição do “Rhythm Tap” (estilo de sapateado baseado essencialmente nos ritmos criados com os pés, sem muita atenção dada a postura ou aos braços) dançam e desafiam-se numa jam session improvisada. Fica evidente nessas cenas, tal o grau impressionante de domínio corporal, rítmico e musical desses artistas, que o sapateado, para ser plenamente dominado, leva anos de dedicação, estudos diários e muito talento.
Steven Harper é
Professor e bailarino de sapateado
Página pessoal: http://stevenharper.stop.to/



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