MATÉRIAS



MIMULUS CIA DE DANÇA DE SALÃO - PARA O MUNDO


A Mimulus Cia de Dança foi convidada para apresentar o espetáculo "...E esse alguém sabe quem" na Bienal de Lyon. O evento acontece em setembro e pelo reconhecimento internacional e grande visibilidade, serve como vitrine da dança para o mundo. O convite traz ainda mais valorização e divulgação do talento dos artistas brasileiros e da dança de salão.

A companhia mineira, que vem se desenvolvendo desde 1992 alcançou grande sucesso neste relativamente curto espaço de tempo e acumula em seu currículo premiações relevantes como as obtidas na extinta Mostra de Novos Coreógrafos da Funarte e mais recentemente os prêmios Sesc/Sated de melhor bailarino, coreógrafo e espetáculo e ainda prêmio Bonsucesso/Amparc (Associação Mineira dos Produtores de Artes Cênicas) para Bailarina e Bailarino Revelação, conquistados com a peça "Bagagem" trabalho anterior do grupo.

Esta não será a primeira vez que a Mimulus Cia de Dança viaja para ministrar oficinas e se apresentar fora do país, as cidades de Paris, Londres, Madri e Rosário já estão em seu currículo, mas um evento como a Bienal representa mais um grande salto na carreira desta trupe, que tem tudo para conquistar destaque na cena da dança por sua arte inovadora e bem humorada.

A dança de salão é a espinha dorsal da Mimulus, mas seu coreógrafo, Jomar Mesquita investe na diversidade e acrescenta às suas criações elementos da técnica clássica e contemporânea, do circo e do teatro apresentando uma linguagem moderna e surpreendente em suas coreografias.

Jomar quer ver a dança de salão bem adaptada ao espaço cênico, entende que o estilo, embora tenha sido criado originalmente para a diversão dos pares que evoluem pelos salões em movimentos encadeados segundo a inspiração do momento, pode também render belas peças coreográficas, envolver e encantar platéias. Em seus trabalhos o coreógrafo foge dos estereótipos comumente ligados a esta dança: usa e abusa da criatividade com grande cuidado nos figurinos, cenários, roteiros... resultando em espetáculos de alta qualidade técnica e artística.



A companhia ministrará oficinas em praças públicas e shows em diversos teatros durante a Bienal de Lyon.

“...E esse alguém sabe quem”


“...E esse alguém sabe quem” fala de amor, paixão, encontro, desencontro, abraço – toca o espectador e mesmo em horas dramáticas, faz rir. Jomar explica: “As pessoas estão cansadas do estresse, da violência, elas não querem ir ao teatro e ver mais sofrimento. Espetáculos pesados, massacrantes não têm a ver comigo e eu vejo que as pessoas também se ressentem desse tipo de proposta. Claro que não vou banalizar, posso ser dramático sem ser pesado. Por outro lado não se trata de fazer uma peça que não acrescente nada, mesmo que ao final o público não saiba bem exprimir com palavras, mas que a emoção seja passada, tem que ter conteúdo”

A emoção não é barata, os vários momentos do amor, desde um singelo encontro a uma briga são explorados sem cair nas armadilhas dos clichês, do dejà vu, “E esse alguém” fala do tema mais comum, mas também mais tocante e o faz com o devido respeito, o faz com verdade.

Falando sobre coreografia, Jomar ensina: “três elementos são importantes para o criador, muitas vezes mais até que a técnica, são eles: bom gosto, bom senso, bom humor.” E humor é o que não falta nesse trabalho, mas também tem momentos fortes como o tango sobre uma mesa, que iluminada nos faz ver um casal dançar sobre um bloco de luz. Ou na lambada ao som de "A flor da pele", intensa e sensual. Tem a energia do rock e tem bolero, samba, valsa... todas as músicas da trilha são brasileiras – o que exigiu pesquisa, especialmente para os ritmos que não são nossos, como a salsa, por exemplo. Pesquisa e um pouco de sorte trouxeram também outros elementos da cena, como o poema de Zé da Luz declamado por Jomar (ver caixa de texto) ou um abraço em desenho animado que é projetado no tampo daquela mesma mesa onde já se fez tango e que serve em outro momento de anteparo para uma dança de sombras.

A incursão do vídeo e os jogos especiais de luz contam com a funcionalidade do cenário assinado por Ed Andrade. Muito bem projetado e inteligente ele se integra à proposta com perfeição, expandindo os recursos cênicos, como na cena de abertura, por exemplo, onde o bailarino, que dança com uma boneca chega a iludir o público, alguns acreditam ver duas pessoas onde só existe uma “eu pensei que fosse uma mulher de verdade, com as pernas escondidas sob a roupa dele” declarou um expectador ao fim da estréia acontecida em novembro de 2001, no Teatro Klauss Vianna, Belo Horizonte. O teatro é uma outra interseção da qual Jomar faz questão em seus espetáculos. Não que ele queira contar uma história linear, mas a seu ver a representação é fundamental. A produção que tem direção executiva de Baby Mesquita é cuidadosa, Baby também assina os belos e originais figurinos, com assistência de Heloísa Paixão. A luz criada por Alexandre Galvão e Vladimir Medeiros completa o espetáculo que conta ainda com a assessoria cênica de Marcelo Bones, além de Jacqueline de Castro como ensaiadora e a locução de Ângela Evans e João Batista Mesquita.

A companhia que é patrocinada através das leis municipal e estadual de incentivo à cultura pelas empresas Bergmann, MSA Infor e Deltatronic, está em negociações para agendar uma turnê pelo país, esperamos poder anunciar em breve temporadas para Rio, São Paulo e ainda várias outras cidades - o público nacional merece este mimo.


Ai se sêsse


Se um dia nós se gostasse

Se um dia nós se queresse

Se nós dois se empareasse

Se juntinho nós dois vivesse

Se juntinho nós dois morasse

Se juntinho nós dois drumisse

Se juntinho nós dois morresse

E se pro céu nós lá subisse

Mas porém se acontecesse

De São Pedro não abrisse a porta do céu

E fosse te dizer quarquer tolice

E se eu me arriminasse

E tu com eu insistisse

Pra que eu me arresolvesse

E a minha faca puxasse

E o bucho do céu furasse

Tarvez que nós dois ficasse

Tarvez que nós dois caísse

E o céu furado arriasse

E as virge tudo fugisse.


Zé da Luz


“Foi sorte encontrar aquele texto, que com sua inocência é exatamente como o trabalho que eu queria fazer, ao mesmo tempo forte e ao mesmo tempo leve.” Conta Jomar.




PROJETO APLAUSO PROMOVE MOSTRA

A I Mostra Coreográfica de Dança de Salão reuniu diversas escolas do estado do Rio de Janeiro sobre o palco do Teatro João Caetano em duas noites de apresentações. Os ingressos, vendidos a R$ 15,00 esgotaram antes mesmo da estréia, dia 17 e no dia 24 a casa esteve lotada novamente. Assim como nos festivais e mostras competitivas de dança o público vinha quase que exclusivamente das escolas, só que não se tratava apenas de pais que deixavam o espaço assim que seus rebentos terminavam de dançar, mas também de alunos e profissionais, atentos e felizes por poder ver seus professores e colegas mostrando uma outra faceta da dança a dois.

Carlinhos de Jesus, Jaime Arôxa, Leny Fiore e Maria Antonietta foram os homenageados da Mostra promovida pelo Projeto Aplauso com direção de Edézio Paz e Jorge Maquieira.

O evento expôs sobre o mesmo linóleo grupos formados por alunos, representantes da terceira idade e profissionais e se por um lado viu-se ainda muito amadorismo, por outro pôde-se perceber a riqueza de propostas e as soluções criativas que o estilo encontra ao conquistar o espaço cênico e deu prova do potencial deste mercado, afinal lotar o João Caetano no meio da semana não é tão fácil assim.


MODA DE DANÇA


Com as linhas completas das marcas Capezio - para bailarinos, Rutimy - esportiva, Carlinhos de Jesus - para a dança de salão, Steven Harper - para o sapateado e ainda alguns artigos Dodance, a Capezio do Brasil acaba de inaugurar mais uma loja no Rio de Janeiro. É a 25a da rede e fica na Rua Barata Ribeiro 370, loja 112. O espaço bem aproveitado, tem um visual bonito e apresenta uma variada e bem transada coleção de roupas e acessórios para várias modalidades de dança e esportes. A Capezio prepara ainda outra novidade: a linha Octavio Nassur para a dança de rua que deverá ser lançada em breve.