LINHA DIRETA


III BIENAL DE DANÇA DO CEARÁ

Na linha direta, Valéria Pinheiro uma cearense "arretada" fala do prazer proporcionado pela dança e dá testemunho de como a arte do corpo fala de amor, de paz e leva a pensar em tempos melhores. É possível perceber nas palavras dessa orgulhosa nordestina, a satisfação e o reconhecimento por iniciativas culturais que abrem espaço para o povo desfrutar da beleza da dança e do livre pensar, elevando o seu Ceará a vitrine da arte.

 

 

Olá amigos, fiquei tentada a escrever sobre a maravilhosa semana que nós cearenses vivemos e vivenciamos através da III Bienal de Dança do Ceará. Grupos de todo o Brasil e mais Companhias da Holanda, Bélgica, França, Costa Rica, Porto Rico, Suíça, Alemanha etc. encantaram nossa cidade com seus trabalhos magníficos.

O mais importante é que nós cearenses, tivemos a oportunidade de "pensar dança" muito mais profundamente durante esses quase dez dias, e essa troca é inenarrável. Fóruns, debates e workshop foram oferecidos nas mais variadas correntes da dança contemporânea. Vários curadores se reuniram em sala fechada para tentarem encurtar as distâncias geográficas que parecem, as vezes, muito maiores do que são. É essa construção de pensamento que nos levará, com certeza, à uma política cultural ainda mais abrangente na área de Dança. E tivemos total apoio da Secretaria de Cultura e dos Teatros José de Alencar, Centro Dragão do Mar e da Boca Rica.

Os cearenses, até aqueles que moram no sertão, pois o programa inseriu alguns municípios do sertão cearense, todos, sem exceção tiveram a chance de ver o que de melhor acontece na dança no Brasil e no mundo e o mais importante.... sem gastar quase nada, pois os ingressos, quando o evento não era em praça pública, foram trocados por doações, um livro infantil, um quilo de alimento não perecível, e assim por diante. Eu me sinto orgulhosa, e tento dividir com o Forum esse orgulho, de pertencer à um Estado, que mesmo diante de tantos acontecimentos ruins no mundo, proporciona ao seu povo Paz. Sim... porque assistir ao Balé da Cidade de São Paulo, a Companhia das Palavras de Cláudio Bernardo, ao Colégio de Dança do Ceará ou aos porto-riquenhos, é entrar em contato com a mais bela parte do ser humano, é pensar que a arte ainda pode reverter o quadro de horror que vimos nesses últimos meses. Acho que dançar é também reivindicar, é fazer acordar o corpo humano, um corpo pensante, responsável pela paz no mundo. Acho que o nosso corpo está cansado dessa guerra imposta, não estamos preparados para tanto movimento diante do horror! Vamos dançar, para espantar tantos males!

Viva o Ceará com o sucesso que foi a III Bienal de Dança! E olha que na semana anterior à Bienal, aconteceu o simpósio de filosofia com o tema: "QUE PODE O CORPO", quando filósofos do mundo inteiro, durante uma semana, falaram desse corpo, que dança, pensa, sofre, transforma, enfim... desse corpo Homem!

É o Ceará tentando diminuir distâncias, pelo menos nos nossos pensamentos.

Valéria Pinheiro

é bailarina e coreógrafa


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