CONSIDERANDO O SALÃO





PARA FALAR COM VOCÊ.


Eu preparei uma coluna interativa, para falar de organização, de credibilidade, de participação, mas principalmente de engajamento, de fazer e criar.

Os recentes e nefastos acontecimentos políticos, com seus desdobramentos sociais e financeiros se, por um lado, lançam uma carga muito grande de descrédito, de revolta e vergonha, por outro nos deixam ainda alguma esperança que poderemos sair desse mar de lama e corrupção.

Reforçam a minha crença que iniciativas solitárias podem se transformar em movimentos de grupo, tomar força e mudar destinos. Um jornalista empenhado, um procurador competente e pronto: abrem-se portas, arquivos e almas. É um desnudar de intenções, ações... É uma força imensa que derruba velhos barões e dinastias tradicionais. Se pode tanto em situações tão manipuladas, tão corrompidas, porque essa força não se multiplicaria para as boas propostas, para os movimentos produtivos?

Aí, você que leu até aqui deve estar se perguntando: Esse cara vai falar de candidatos? Será que virou cabo eleitoral?

É, caro leitor, acho que sim. Mas por favor, não pare de ler - meu candidato é a dança! Mas antes de me acusar de estar fazendo uma comparação ruim, pense comigo e veja se não é bem igual: Todo mundo acha que podia e devia ser melhor. Há pouco espaço, pouca verba. O tempo passa e só ouvimos desculpas ou reclamações. Explicação que é bom, nada. E não aparece ninguém que faça o primeiro movimento, aquele que vai dar uma guinada na história e acordar o povo.

Agora você, leitor, tem certeza que eu viajei demais. Não sabe do que eu estou falando? Estou falando de fazer alguma coisa pela nossa arte que, tal e qual o povo, vive em desigualdade, não recebe a atenção que devia, não tem o respeito que merece e nem tem partido que realmente represente seus interesses. Estou falando de um movimento de classe, da formação de um partido, de uma mobilização geral em favor da Dança.

É hora de arregaçar as mangas e trabalhar para a profissionalização da dança de salão, de buscar novos caminhos e repensar mercado, futuro e relacionamento intra e extra classe, com especial atenção para as ações junto ao poder público.

É preciso formar um grupo forte, coeso que tenha como propósito discutir, organizar o conhecimento e estruturar a dança de salão como atividade profissional reconhecida, regulamentada e principalmente fundamentada.

Quem somos, quantos somos e o que queremos? Qual nossa atuação? Como queremos nos agregar? Qual o acervo de nossa arte? Temos registros, estudos, avaliações?

Podemos lançar questões amplas ou mais diretas: Qual a diferença entre professor, dançarino e bailarino? Como captar e gerenciar recursos? É possível viver de dança? Vale a pena investir? E como fica o relacionamento entre academias, escolas, autônomos etc.?

Passamos à ética: temos um código de conduta em nossa publicidade, na administração dos negócios, na prestação de serviços?

Espera aí, você agora me olhou de cara feia: prestação de serviços? Como é isso? Dançar é arte. Você tem razão, porém não esqueça que ministrar aulas, fazer oficinas, shows, apresentações, etc. são também atividades comerciais. Alguém paga para aprender, se divertir, dançar e também temos que respeitar o código do consumidor.

Relações trabalhistas é outro ponto importante. Quem quer ganhar dinheiro tem que investir na profissão, mas quem investe também quer ganhar dinheiro e ter seus direitos respeitados.

A profissionalização passa pela educação e assim precisamos participar efetivamente da definição da base curricular dos cursos de profissionalização, formação e especialização. Temos que apresentar estudos, teses e pesquisas. Temos que divulgá-las para o setor e para o público em geral.

No âmbito jurídico a que leis estamos sujeitos? A legislação vigente nos atende ou precisamos que leis específicas sejam criadas? Devemos ter política de preços, evitando o aviltamento do mercado?

Falando em economia é melhor eu economizar e ficar por aqui. Caro leitor, a plataforma é essa e a adesão ao partido é gratuita. Diretórios locais e nacionais serão bem vindos. Donos de idéias, sugestões, críticas e projetos uni-vos e vamos trabalhar juntos.

Como primeiro passo de campanha está à disposição de todos o fórum de discussão: envie sua opinião para a redação do seu Jornal! (daa@dancecom.com.br)



“Quem somos, quantos somos e o que queremos?”



  

Luís Florião
é dançarino e professor de dança de salão