COLUNA DA CAMINADA |
VIVA A DANÇA, DANÇA-ARTE
1.
A grande vitória: Dia 25 de setembro, no Plenário da
Câmara dos Deputados, foi realizada Audiência Pública
para debater o Projeto de Lei No. 2939/2000, de autoria
do Deputado Pedro Pedrossian, que pretendia acrescentar ao art. 2 da
Lei 9696 de 1998, a inclusão da dança no âmbito
da Educação Física. Não deu em nada.
Sensatamente os deputados rejeitaram a proposta por unanimidade numa
seção emocionante. O Sindicato dos Profissionais da
Dança do Estado do Rio fez-se representar apresentando,
oficialmente, farta documentação. Os demais
profissionais que responderam pela dança - Maria Pia
Finochio, Rosane Gonçalves, Dulce Aquino e Marika Gidali
prestaram esclarecimentos aos parlamentares defendendo a posição
da categoria e a diferença fundamental que separa a dança
da mera atividade física. Outras questões pertinentes
foram abordadas: as atuações dos Conselhos Regionais
de Educação Física, notificando, autuando e
obrigando a filiação do profissional de dança,
a criação dos Conselhos de Dança, questões
que ficaram de ser analisadas pelos indignados parlamentares. O
projeto morreu. Não cabem recursos, emendas ou instrumentos
semelhantes.
Nesse
momento é necessário que se faça justiça
à atuação da bailarina Lourdes Braga Carijó,
Presidente do Sindicato dos Profissionais do Rio. Sua administração,
proba, íntegra e generosa o cargo de Presidente não
é remunerado e exige um trabalho praticamente de tempo
integral - merece nosso reconhecimento e, mais do que isso, nosso
apoio e confiança. Vamos prestigiar nosso sindicato. Na
pessoa de Lourdes ele desempenhou um papel preponderante nessa luta
que, de início, se afigurou difícil e árdua.
2. Mais uma vez fiquei encantada com o espetáculo do projeto Educando com Arte (do Theatro Municipal). O programa e a apresentação de Sonja Figueiredo e equipe superam qualquer expectativa. Por isso mesmo não se justifica que os nomes dos bailarinos que atuam nos papéis principais sejam excluídos da publicidade da temporada. Isso desvaloriza o projeto aos olhos de quem o construiu. É como se quem faz o institucional dissesse: os artistas que dançam para escola não têm o nível dos demais porque as crianças não sabem ou não precisam receber o melhor. Pois o Lago mereceu uma grande ovação das crianças. Norma Pinna como Odette/Odyle atuou com uma dignidade que mostra sua real capacidade. Precisa perder o medo e ousar mais. Em Odyle, passadas as dificuldades técnicas que ela superou sem grandes problemas, fez um final irretocável. Para que o medo, então? André Valadão muito bem no Sigfried, sabe usar o espaço cênico. Não é um danseur noble, mas é um bailarino seguro e tarimbado. Débora Ribeiro e Santiago Júnior saíram-se muito bem no pas-de-trois. Esta é uma forma de educar sem preconceitos, sem a idéia preestabelecida de que criança só gosta ou entende bobagens ou de ser tratada como débil mental.
3. Oportuno, comovente e surpreendente o depoimento de Nora Esteves para o Museu da Imagem e do Som. Oportuno porque, mais do que nunca, uma trajetória ética como a dela se impõe acima de tanta hipocrisia e falta de competência, porque Nora construiu uma bela carreira com absoluto respeito pela dança e sem desvios de correção; comovente e surpreendente porque sua exposição foi cristalina, sincera e reveladora de sua personalidade. Importantes detalhes da sua vida profissional que desconhecíamos foram revelados na íntegra e nos dignificam; mais do que supúnhamos. São significativos e marcantes para um artista de qualquer nacionalidade. Compuseram a comissão que participou da iniciativa Tatiana Leskova, Dalal Achcar, Dennis Gray, Fábio de Mello, Emílio Martins e esta bailarina. Como Nora, outros bailarinos precisam ser ouvidos, até para que a história seja preservada e para que, eventuais equívocos, bem recentes, possam ser reparados.
Eliana
Caminada é professora de História da Dança na
UniverCidade
e
Universidade Castelo Branco
e
foi primeira bailarina do Theatro Municipal RJ
Página
pessoal: http://www.geocities.com/caminadabr