Na edição passada foi lançada esta coluna - espaço para destacar talentos emergentes. A proposta é que alunos, bailarinos, coreógrafos ou grupos possam ter seu trabalho observado e aqueles que, sob o meu ponto de vista, se destacam de alguma forma, fazendo jus à evidência no métier, ganhem aqui o merecido reconhecimento e divulgação.

Já em minha primeira participação a receptividade pode ser atestada pelos contatos de vários leitores e pelas palavras carinhosas de amigos queridos, prontos a incentivar, o que deixou felizes todos do jornal, na medida que os leitores ratificam nossa iniciativa, e também preocupados em não desapontá-los, ciosos da responsabilidade que estamos assumindo.

O Jornal Dança, Arte & Ação é um canal livre, sem apoios ou patrocínios, que luta pela divulgação com qualidade da dança e de seus talentos. Nossa editoria está aberta a convites para conhecer os diversos eventos que vem sendo realizados em todo país, sendo que nossa política interna, sobretudo ética, não vincula caráter comercial a esse olhar. A intenção é que nossa presença em festivais e demais eventos seja vista como um forte incentivador, independente, isento, distante de quaisquer direcionamentos e por isso reservamo-nos o direito de decidir qual a relevância e interesse do apurado, assim como a própria veiculação e formato.

Dificuldade com a administração do tempo aflige a todos nós no mundo atual e talvez não possamos aceitar todos os convites, mas compareceremos ao máximo possível. Volto a afirmar o quanto considero imprescindível incentivar aqueles que estão começando na carreira que abracei, há anos, por amor e de cuja escolha nunca me arrependi.

Sonho, um dia, ver a dança no Brasil como no Primeiro Mundo: admirada, valorizada, difundida. Aliás, essa é a grande ilusão dos nossos governantes: pensar que podemos “adentrar” ao Primeiro Mundo sem valorizar a cultura, pela contramão da História, uma vez que não há registro de país que tenha alcançado pleno desenvolvimento desprezando seus bens culturais.

Considero importante a realização de festivais, mostras competitivas, eventos que possibilitem aos alunos saírem da sala de aula e experimentarem a magia do palco. Vivenciá-la é um grande aprendizado. No meu entender, a competição é saudável, sim, desde que seja franca, limpa, natural e possa ser encarada como um desafio, constituindo-se em força motriz do aprimoramento profissional e pessoal.

E nesse caminho, me vejo completa na minha missão de artista, como arauto de novas estrelas que vêm para perpetuar nossa arte, iluminando com dança o palco da humanidade.

 

                                                                                                                             Vera Aragão é

                bailarina aposentada do Theatro Municipal do RJ, formada pela escola Maria Olenewa, integrante do primeiro elenco da Companhia Brasileira de Ballet, pedagoga, mestranda da UNIRIO, professora de ballet e prática de ensino do curso de licenciatura em dança da UniverCidade, RJ.