Considerações

                Crise? Que crise? A própria palavra, crise, já não se adequa mais, por trazer em sua essência o sentido de transitório, momentâneo, passageiro. E nós estamos em crise desde sempre. Crise econômica, política, financeira, moral. O mundo se debate com as grandes questões de sempre: sobrevivência, paz e poder.

                Há de se considerar, com realismo, que em pouco ou nada mudaram os problemas humanos: da fogueira ao micro-ondas, do cavalo de Tróia aos mísseis, do sal ao petróleo. O ter em detrimento do ser, acima do ser.... humano.

                Há de se considerar, sem pessimismo, que ainda é longa a jornada do homem em busca de outros valores e da valorização do seu mais precioso bem: o ser .... humano.

                Há por fim de se considerar, com otimismo, que ao homem cabe a arte e nela ele se supera, recria e se faz ser... humano.  Não há de se falar em crise, quando podemos anunciar tantos festivais, concursos, eventos e mostras. Não há de se falar em crise quando podemos divulgar novos trabalhos e novos artistas; quando enfim abrem-se as portas do Centro Coreográfico do Rio de Janeiro; quando vemos empresas e governos patrocinando tantos eventos artísticos.

                Há sim de se considerar que dançamos para sobreviver, dançamos unindo os povos, em e pela paz, e dançamos pelo poder de cativar corpos, almas e mentes; dançamos para ser mais, dançamos para ser.... humanos.

 

Em tempo: Nesta edição não temos as colunas de Eliana Caminada (em viagem a Joinville) e de Luís Florião que, junto a sua parceira, Adriana D’Acri, está em turnê na Europa.