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Jornal DAA - Col. da Caminada - 57

COLUNA DA CAMINADA


Vera Lopes formou-se pela Escola de Danças Maria Olenewa, é graduada em Educação Física, estudou com Gerry Maretzky e dançou no Grupo Coringa de Graziela Figueroa e na Cia. Aérea de Dança. Mas, antes de tudo, Verinha é um ser humano fora de série, com seu sorriso franco, seu olhar direto e sem subterfúgios. Vera Lopes é o melhor da dança e do Brasil, uma profissional rara. A exposição de seu trabalho em Villeurbane ocupará dois números de minha coluna, pela importância da realização e da própria Vera. Passo, nas próximas linhas, a palavra à própria Vera, que nos conta como foi sua experiência coreografando um desfile de rua na França:

Parte II, o resultado:

A criação: a humanidade dos povos da América Latina, sua resistência e capacidade de renascer em meio à surpresas, sua atitude de alerta; a persistência da força coletiva e da solidariedade traduzida pelos que sempre resistiram a ditadores históricos; a força regeneradora da mulher, seu carinho e poder de recuperação, sua imensa capacidade de amar os diferentes - por um momento vencidos e atirados ao chão; a morte com sua dramaticidade e aspecto relacional dentro do cortejo representada por esqueletos portando cabeças de algozes, tal qual os bonecos do carnaval de Recife; revolucionários do nosso tempo amparados pela força de renovação da juventude sobrevivendo aos algozes. Eis a criação.

Parceiros e apoios: Escola Nacional de Musica de Villeurbane; Centro de Desenvolvimento para a inclusão; Casa do Cidadão; Associação França - América Latina; Serviço de Ajuda às Mulheres de Villeurbane; Missão local de Villeurbane; Geração de patinadores; Grupo de mulheres - Porque eu ?; Escola de Costura Liceu Magenta; Escola de Desenho Industrial INSA; Centro Social Croix Luizet; Cidade de Villeurbane, Delegação Regional aos Direitos das Mulheres; Delegação Regional da região de Rhône-Alpes; VIFF - SOS Mulheres.

A palavra oficial: Conselho de Cultura da região Rhône - Alpes: exposição dando conta da escolha do projeto representativo da Bienal, da aplicação do investimento feito para a realização do desfile dentro do evento e do uso de verbas para as políticas públicas relacionadas à cultura. Oficialmente, o prefeito da cidade de Villeurbane Jean-Paul Bret manifestou-se: "Gostaria, mais uma vez, de felicitar a coreógrafa Vera Lopes pela qualidade de sua criação para a Bienal de Dança 2002. Ao longo do desfile pude avaliar o grau de conhecimento que esta representação trará para nossa cidade; percebi que a coreografia de Villeurbane figurava entre as melhores quando pude confrontá-la com outras propostas artísticas. Amei o movimento do cortejo, as idas e vindas dos dançarinos, as sucessões de quadros que, graças ao movimento, nos permitia reconhecer o sentimento de unidade dentro da multiplicidade".

Epílogo: O projeto trouxe o sentido do grito dos índios dizimados das florestas devastadas, o grito de vida latino, solidário, caloroso. Dança, música, prazer do corpo ao coração, linguagem que possibilita a construção de um corpo fortificado pela luta política e, por isso mesmo, capaz de dialogar com o Velho Mundo a partir do diferencial que nós, latinos, temos de resistir sem perder a gentileza e a criatividade. Acima de tudo, a linguagem da dança permitiu verificar o quanto os participantes do desfile puderam vivenciar uma emoção verdadeira, como isso é transformador dentro do indivíduo e como repercute no universo de sua comunidade. Deixei Villeurbane sentindo ainda mais gratidão pela dança, pelo seu poder de provocar no indivíduo comum o êxtase, a força, o sentimento de solidariedade, de beleza e de vida! Independente de como ela, a vida, se apresente.

 

Vera, daqui também nos sentimos fortalecidos em nossa crença na capacidade transformadora da Dança, sobretudo quando ela se faz representar por seres generosos como você. Obrigada!


Vera Lopes (em primeiro plano, à esquerda) fez enorme sucesso em Lyon

(A primeira parte do texto de Vera Lopes se encontra na edição 56 - ver edições anteriores)

Ana sempre: Ela faz tudo certo, o público é cativo de sua arte. Ana Botafogo apresentou, no aconchegante Teatro Maison de France, mais um belo momento de sua carreira com o espetáculo 'Três momentos de amor'. Dançando cada vez melhor, impecável da cabeça aos pés, como sempre. Os figurinos de Ney Madeira ficaram perfeitos para a figura de Ana, nossa bailarina-símbolo derruba barreiras: o popular se torna clássico, o erudito se populariza. Corajosamente assume seu gosto pessoal e apresenta excelentes criações de Luís Arrieta, Renato Vieira e Heron Nobre - um nome que já faz parte da carreira de Ana (goste a inteligentzia ou não). A seleção musical é de extremo bom-gosto e extraordinariamente interpretada por Lílian Barreto e pelo conjunto formado por Ricardo Amado, Eduardo Pereira, Hugo Pilger, Paulo Sérgio Santos e André Bochecha, com arranjos lindíssimos de Wagner Tiso, Ronaldo Miranda, Alexandre e Marcelo Caldi e iluminação irrepreensível de Paulo César Medeiros.

Nesse espetáculo altamente profissional, os bailarinos Joseny Coutinho e Edyfranck Alves atuam como bons coadjuvantes. Ana talvez possa atentar por alguns segundos ao olhar enquanto dança, algo sutil e passageiro que um bom ensaiador observa sem maiores problemas. Destaque: o chorinho de Heron Nobre no Momento I. Ana Botafogo: não dá para não ver!


Eliana Caminada é professora de História da Dança na UniverCidade e Universidade Castelo Branco

e foi primeira bailarina do Theatro Municipal – RJ

Página pessoal: http://www.geocities.com/caminadabr


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