Jornal DAA
Jornal Dança, Arte & Ação
Principal
Edição Atual Edições Anteriores Participe Informativo Fale Conosco
     Rio de Janeiro -
Jornal DAA - Col. da Caminada - 55

COLUNA DA CAMINADA


Um Brasil traduzido pelo carioca - Anárquico, urbano, o espetáculo ‘Cores Brasileiras’ apresentado pelo grupo DC é um achado. Defendido com garra e talento por seus integrantes, o grupo proporciona uma hora de catarse, de ode ao Brasil traduzido pela irreverência característica do carioca. Mesmo no forró – um dos melhores momentos da performance – a brasilidade nunca aparece como algo exótico ou regional, mas como algo encenado e nacional; e muito bem realizado. A segura direção de João Wlamir revela-se na capacidade de renovação e entusiasmo que são visíveis no palco; Rodrigo Negri, mostrando que a dança é de bem com ele em vários sentidos, enriqueceu a parte coreográfica preenchendo o vazio que Rodrigo Moreira deixou com sua ausência. A atuação dos bailarinos é, como sempre foi, um dos grandes destaques do grupo. Rita Martins, ótima, Mônica Barbosa, Carolina Dworschak, excelentes bailarinas, Joseni Coutinho, companheiro de todas as temporadas, Mateus Dutra, Bruno Rocha e Edson Farias mais do que dançaram: atuaram com competência e brilho. Wellington Gomes e o próprio Negri, ótimos, dispensam comentários. Duas figuras dão o tom do espetáculo: Isa Kokai, um dos maiores talentos que o Brasil produziu, visivelmente apaixonada pela cena, absolutamente linda; e Roberto Lima, o senso de humor e de crítica num personagem que só pode ser executado por um artista talentoso e articulado como cidadão. Assistir ao DC é programa obrigatório para quem precisa rir para poder pensar num tempo em que não se consegue mais nem chorar.


***


A vitória da dedicação - Lourdes Braga, Presidente do Sindicato dos Profissionais da Dança, acabou de adquirir a ansiosamente esperada sede da Instituição. Um conjunto de salas na Avenida Presidente Vargas, 583/22º é, a partir de agora, a verdadeira ‘casa’ dos profissionais de todos os segmentos de dança: dos bailarinos do Theatro Municipal aos representantes da dança de salão. Sua fundadora, Helba Nogueira, muito batalhou por sua criação. Com seu falecimento, em 1998, sua suplente assumiu a Presidência providenciando o afastamento de funcionários corruptos e saneando as finanças abaladas por sucessivos rombos no caixa da entidade. Contando com a colaboração de Nino Giovanetti e Denise Acquarone e com a abnegada atuação de Edmundo Carijó, Diretor de Eventos e Obras Sociais, Lourdes levou adiante a obra que Helba iniciou, transformando o Sindicato dos Profissionais da Dança num sonho concretizado que vem desempenhando importante papel nas lutas da categoria. Parabéns à Dança, à Lourdes Braga e à diretoria da casa que nos representa.


***


Com açúcar, com afeto - 1. Porque a Rússia é, desde meados do século XIX, a Pátria do Ballet; 2. Porque seus artistas criaram a maior e mais universal escola de dança acadêmica do mundo: Vaganova; 3. Porque a filosofia de trabalho dos russos sempre considerou a popularização do ballet como principal foco a ser atingido por sua arte; 4. Porque o respeito à especificidade desses povos foi parte inerente do sucesso do método russo de ensino e da popularidade de sua dança; 5. Porque estabelecer uma parceria com o Brasil foi uma conquista de nossas nações; 6. Porque a beleza do projeto Escola do Bolshoi do Brasil se impõe como uma das maiores esperanças da dança brasileira; 7. Porque a parceria estabelecida entre professores brasileiros e russos significará um enriquecimento e uma lição para o mundo; 8. Porque a direção de Jô Braska revela-se firme e suas metas são claras; 9. Porque poderemos ter, em alguns anos, mais uma companhia de ballet clássico; 10. Porque a Escola do Bolshoi pode significar um futuro para inúmeros bailarinos/as de formação clássica excluídos do mercado de trabalho.

Por tudo isso, felizmente, queridos amigos do Bolshoi, a pesquisa sobre o número de meninos que aprende ballet clássico no Brasil precisa ser revista. Só no Rio de Janeiro, numa investigação superficial, são muito mais do que cinqüenta na faixa entre dez e quatorze anos. Sem falar na multidão que está aprendendo outras danças e, através delas, chegando ao ballet. Estamos convictos de que vocês saberão reparar esse engano e reconhecer que a semente deixada por Maria Olenewa neste país latino e patriarcal está vencendo preconceitos e criando, finalmente, uma nova mentalidade; estamos certos de que saberão admitir que os russos que os antecederam produziram bailarinos que o mundo reconhece pela excelência e que, por isso, lhes somos eternamente gratos. E, finalmente, porque a verdade da arte que vocês produzem dispensa outras valorizações que não ela mesma, sem falar na preocupação social embutida nesse extraordinário projeto artístico. Com carinho da madrinha Caminada.


***


Paulo Melgaço - Graças aos esforços de Paulo Melgaço a Escola Maria Olenewa agora virou livro. Com grande afluência de público foi lançado o livro ‘História que fez estórias’, uma publicação da Editora Imprinta. Parabéns Paulo, prossiga, o ballet no Brasil já tem uma tradição significativa que merece ser registrada e divulgada.


***


Encontro - Valeu! O Sindicato dos Profissionais da Dança convocou a categoria para um encontro com políticos de diversos partidos. Estiveram presentes Rosana Batista, Ciro do TMRJ, que disponibilizaram, de fato, seu dia. Mesmo sem o apoio maciço da turma de dança – tradicionalmente ausente de tudo - agradecemos aos candidatos que acreditaram que dançarinos não se furtam a exercer sua cidadania num momento de crucial importância para a vida do país.


***


Registros especiais - Muita coisa vem acontecendo, graças a Deus, no mundo da dança em nossa cidade. Torna-se impossível registrar em uma coluna o trabalho de todos os companheiros de luta e de amor pela dança. Parabéns a Ana Unger cuja companhia de dança no Cacilda Becker surpreendeu e merece bis; à UERJ pela sua XI Gala que, com muita justiça e emoção, homenageou Amélia Moreira, Myriam Guimarães, Tereza Bittencourt, Orlanda Saturnino e Vaslav Veltchek, fundadores do Conjunto Coreográfico Brasileiro, contando com as ótimas atuações: de Norma Pinna e René Salazar dirigidos por Eric Valdo, de Pedro Goucha, Nina Botkai e Luís Kerche dançando ‘A tarde de um fauno’ de Roberto Oliveira, da dança de rua de Bruno Beltrão, do Ballet Jovem, e dos projetos sociais dirigidos por Sylvio Dufrayer, Carmen Luz, Janne Ruth, Maria Lúcia Galvão e Luís Carlos Nogueira; a Dufrayer pela contagiante alegria e espontaneidade de sua gurizada. Que coisa linda e emocionante!; a Roberta Dutra do Grupo de Dança Calouste Gulbenkian interpretando a bela composição de Gonzaguinha ‘Amar, Viver, Valeu’ acompanhada e dirigida por Sarah Neri; ao trabalho de som caprichado e musical de César Lima para o pas-de-deux de ‘Raymonda’ na mesma gala.



Eliana Caminada é professora de História da Dança na UniverCidade e Universidade Castelo Branco

e foi primeira bailarina do Theatro Municipal – RJ

Página pessoal: http://www.geocities.com/caminadabr


Jornal Dança, Arte & Ação
Rua Carmela Dutra, nº 82 - Tijuca - Rio de Janeiro -  RJ - CEP.: 20520-080
TeleFax: 21 2568-7823 / 2565-7330

http://www.dancecom.com.br/daa    E-mail: daa@dancecom.com.br


Agenda da Danca de Salao Brasileira