As raízes das danças brasileiras - Ballroom Dancing Agenda by Marco Antonio Perna
As raízes das danças brasileiras |
Marco Antonio Perna
A estrela das danças brasileiras
é, sem nenhuma dúvida, o samba e as suas variantes.
Porém, no Brasil existiram muitos outros ritmos que foram
essenciais para as músicas de dança em todo o mundo,
como o maxixe ou a lambada.
No
descobrimento, em 1500, só existiam indígenas no
Brasil. Com o passar dos séculos foi colonizado pelos
portugueses que introduziram os escravos africanos. Dessa mistura de
culturas resultou toda a variedade de ritmos e danças
brasileiras. Outras culturas influenciaram em menor escala, como a
holandesa, francesa, italiana ou a alemã.
Foi da fusão dos ritmos
africanos com a música e dança européia que
surgiram os principais gêneros musicais e danças
brasileiras, como o Lundu, o Maxixe e o Samba de Gafieira.
Umbigada, o início
Dança originária de
Angola e do Congo, trazida pelo escravos, é uma das danças
mais antigas executada no Brasil. É realizada, ao ritmo do
Batuque africano, formando um círculo de participantes em
volta do dançarino(s) solista. O dançarino executa um
coreografia sensual e ao convidar o próximo dançarino
para entrar no círculo, o faz tocando seu umbigo no dele.
Lundu
Dança de origem Banto, também
da Angola e do Congo, descrita como licenciosa e indecente, surge
como canção solista brasileira no final do século
XVII, se tornando o primeiro grande fruto da fusão cultural
brasileira. Em 1792 são publicados os primeiros títulos.
No século XIX é tocada e dançada em salões
de diversos níveis sociais, se tornando um gênero
musical executado por brancos e negros, sem distinção
racial.
Maxixe
Primeira dança enlaçada a
surgir no Brasil. Surgiu primeiro como dança, no Rio de
Janeiro, dançada ao som de polca, mazurca e xótis, só
se tornando gênero musical posteriormente, sendo fruto da fusão
da polca (andamento) européia, introduzida em meados do século
XIX, com o lundu (síncopa) e o tango (rítmica). Foi
uma dança considerada imoral e para chegar aos teatros
brasileiros e europeus sofreu um processo de "refinamento".
Samba
Surgiu como gênero musical no
início do século XX, no Rio de Janeiro, tendo como
primeira gravação oficial o samba "Pelo Telefone"
de 1917. Foi fruto do maxixe, do lundu e do caldeirão cultural
brasileiro. Como dança enlaçada surgiu na década
de 1920, denominada samba de salão ou de gafieira. Coincidindo
com o declínio do maxixe, atingiu sua definição
na década de 1940.
O samba de gafieira difere do samba
internacional e do samba de carnaval. O internacional sofreu
influências do maxixe e da estilização do mesmo
por Fred Astaire no Filme Flying Down to Rio (1933), além
do samba caricatural de Carmem Miranda.
Restrito às gafieiras cariocas
no período da discoteca e da dance music, ressurgiu
para o público com a moda da lambada no final da década
de 1980.
Na década de 1990 o samba de
gafieira sofreu influência de passos do tango argentino.
As variantes do
samba
Samba-canção
Melódico, suave e muitas vezes
cantado, às vezes é dançado até como
bolero, se o andamento for bem lento, mesmo que o correto seja dançar
com passos de samba de gafieira.
Pagode paulista ou sambalanço
Embora não seja uma versão
de samba das mais elaboradas, é fácil de dançar
devido ao seu andamento lento.
Samba de breque
Caracteriza-se por paradas súbitas
(breques) na música, onde são intercaladas frases
faladas. Nasceu na década de 1930, no Rio de Janeiro, e é
dançado com samba de gafieira, parando-se em cada breque.
Samba-enredo
É o samba feito para os
tradicionais desfiles das escolas de samba no carnaval. Não é
uma dança enlaçada, nem uma dança de salão.
Utiliza-se o samba-no-pé ou miudinho, e possui coreografias
elaboradas, como as executadas pelos mestres-salas e porta-bandeiras
nos desfiles.
Lambada
Fenômeno comercial de 1989,
apesar de já existir anteriormente. Surgiu da fusão de
ritmos caribenhos, como o merengue, com o forró e o carimbó
brasileiros. Trouxe novo fôlego para a dança de salão
brasileira ao chamar a atenção dos jovens pelo seu
caráter sensual. Saindo de moda rapidamente, a dança
lambada sobrevive atualmente sendo dançada ao som de zouk,
música árabe e música cigana, além do
próprio gênero musical lambada.
Forró
Termo genérico para diversos
ritmos do nordeste brasileiro, como o baião, o xote e o
xaxado. Apesar de ser tocado e dançado por migrantes
nordestinos há muitas décadas, surge como moda no
sudeste brasileiro em 1997, fundindo todas as danças e ritmos
nordestinos que o compõe. Incorpora então passos de
outras danças de salão do Rio de Janeiro.
Nesse período foi o principal
responsável para a atração de jovens para a
dança de salão.
O Choro
Surgiu em 1870, no Rio de Janeiro.
Inicialmente não se caracteriza como gênero musical, mas
pela forma abrasileirada com que os músicos tocavam ritmos
estrangeiros, como a polca, o tango e a valsa. Tem como
característica principal a improvisação
instrumental.
A partir de 1880 o choro populariza-se
nos salões e festas dos subúrbios cariocas.
Seus instrumentos originais são
o violão, a flauta, o cavaquinho e a clarineta, com o
acréscimo do pandeiro na década de 1930, com o
surgimento dos conjuntos "regionais".
Extremamente melódico e não
possuindo o ritmo bem marcado como no samba, é mais difícil
de se dançar. Apesar de já ter sido dançado com
uma dança específica para o gênero, atualmente se
utiliza samba de gafieira.
Marco Antonio Perna
Publicado em "As melhores Dicas da Dança de Salão", editora Del Prado.
Agenda da Dança de Salão Brasileira - dancadesalao.com.br
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