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Cordel

A mulher que dançava até com o doido batendo na lata

Walter Medeiros.

Cordel sobre dança do site
www.planeta.terra.com.br/arte/cordel



Neste mundo de meu Deus
Já vi acontecer tudo
Não ouvi fala de mudo,
Mas vi reza de ateus
E vi dança de entrudo
Mais um caso cabeludo
Bem longe dos Pirineus.

É uma mulher fogosa
Dessas que gostam de festa
Samba, forró e seresta,
Não se faz nem de dengosa
Com um fogo da mulesta
Ela dança que nem presta
E diz que é carinhosa.

Agora seu novo assunto
Toda hora que se vê
Ela só vive a dizer
Que está beijando muito.
Não sei se vai se perder
Pra não se arrepender
Ela sonda o intuito.

No momento o seu esporte
Ninguém vai adivinhar
Sua vida é só dançar,
Basta alguém dizer o mote
Quando menos esperar
Vê logo ela se esbaldar
Dançando o forró no pote.

Não pode ser diferente
A origem da danada
Que até de madrugada
Acha dançar excelente
Prá ir na sua passada
Precisa ser da pesada
Senão não tem quem aguente

Ela veio lá da serra
Viveu na roça plantando
Sua vida era cantando
Até que mudou de terra
Tá na capital morando
E sempre aproveitando
Toda festa ela encerra.

Dura feito antiga rocha
Ele é forte prá chuchu,
Brinca até de papangu
E no São João tira tocha
Dança, pula, come angu,
Sobe em pé de mulungu,
Nem aí ela afrocha.

Ela é muito viajada
Conhece o Brasil inteiro
Tira férias em janeiro
E sai toda preparada
No clube ou no terreiro
Sambista ou forrozeiro
É uma mistura danada.

Até em Caruaru,
Ela já dançou na feira
Foi em cima duma esteira
Dançou chupando caju
Depois dessa brincadeira
Comprou uma frigideira
Prá fritar ovo em Patu.

Dizem que é sensacional
Ver a dança da figura
Pois aquela criatura
Já teve até no jornal
Num dia de festa pura
Dançou como uma loucura
Nosso Hino Nacional.

Dança também ligeirinho
Tico tico no fubá
Carinhoso, Carcará,
Se solta em Brasileirinho,
É coisa de admirar
Quanto esteve no Pará
Fez um carimbó todinho.

Acharam até que era trote
Outro dia que alguém viu
Numa noite ela sumiu
Vestida até o cangote
De repente ela surgiu
Sem artifício ou ardil
Dançando com Pavarotti

Nossa amiga tem um pé
Que um dia dança valsa
Mas prefere mesmo a salsa
Você sabe como é
Mas se tirar sua alça
Der um colant e uma calça
Ela dança até ballet

Até na festa do boi
Onde tem gado nelore
Antes que alguém deplore
Ela diz logo a que foi
Dança no som do folclore
Veste um boi e se bole
Quando se vê já se foi.

Mas bom mesmo foi no dia
Que ela foi prá Salvador
Foi tanto que ela dançou
Pelas ruas da Bahia
O povo tanto gostou
Que a meninada gritou
De novo, vai, minha tia!

Lá no Rio de Janeiro
Ela também já dançou
Numa escola desfilou
Pelo sambódromo inteiro
Quando o samba terminou
Sambando continuou
Pelas ruas do Salgueiro.

Outra ocasião das boas
Que ela gosta de contar
Foi na noite sem luar
Tocada pelas garoas
Foi samba de arrepiar
Subiu na mesa de um bar
São Paulo viu, não é loa.

Com a amiga Libânia
Ela passou em Goiás,
De Chalana, pelo cáis,
Dançou uma linda guarânia,
Dizem que não dançou mais
Porque viu um capataz
Com um gesto de cizânia

Com todo aquele arrebite
Foi parar em BH
Queria também dançar
E dançou tango no Elite,
Depois, lá no Paraná,
Chegou procurando o mar,
E foi dançar, acredite.

Todo dia se constata
Nova dança da folgada
Que não tem medo de nada
De rato nem de barata
Sua última parada
É dançar bem animada
Com um doido batendo a lata.

Mas tenho que terminar,
Com essa história da dança,
Pois prá contar também cansa
Deixa ela descansar
Quem sabe outra festança
Lá na Ponte da Aliança
Ela não vai comandar...

 



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